Não só a potência de 407 cv impressiona, como o torque de 61,2 m.kgf constante desde rotações bem baixa, que "empurra" bem seus 1.830 kg

Conforto, desempenho e segurança em altas doses em um carro feito, desde o primeiro esboço, para viagens em estradas de alta velocidade

A atuação da caixa de oito marchas é irrepreensível; embaixo do amplo porta-malas (520 litros), apenas a bateria, pois o carro não tem estepe

No banco traseiro do 550i, dois adultos de grande estatura encontram ótima acomodação e dispõem de monitores de vídeo de 9,2 pol (para DVD ou TV) individuais nos encostos de cabeça dianteiros, dotados de controle remoto, entrada própria CD ou DVD e conexões diversas (para videogame, por exemplo). Pela tela eles podem acompanhar a navegação e até sugerir ao motorista um novo endereço. Com fones de ouvido, usam áudio e vídeo de maneira independente do passageiro ao lado ou de quem viaja à frente.

Contudo, um terceiro ocupante tem de conviver com assento e encosto desconfortáveis e o volumoso túnel central de transmissão (inerente à tração traseira), além de deslocar seus colegas para uma posição incômoda, pois o encosto é bastante curvo nas extremidades. Além disso, o acesso a esse banco é algo prejudicado pela queda do teto inspirada em cupês — a forma em prejuízo da função, como acontece em número cada vez maior de sedãs.

Não foram esquecidas conveniências como volante que sobe para facilitar entrada e saída do motorista, faróis e limpador de para-brisa automáticos, porta-luvas refrigerado, cortinas contra sol no vidro traseiro (elétrica) e nos das portas de trás (manuais), controle elétrico dos vidros com função um-toque para todos e temporizador, controle a distância para abrir e fechar vidros e teto solar (este por último, medida inteligente, pois se pode querer mantê-lo fechado ao abrir o carro exposto ao sol intenso), iluminação do assoalho externo ao abrir as portas, retrovisores com recolhimento elétrico, temporizador de faróis, alerta individual para portas mal fechadas, banco traseiro rebatível e bipartido em 60:40 e um foco de luz suave sobre o console central.

Como nada é perfeito, o para-brisa traz uma faixa degradê muito clara, inadequada a nosso clima; o espaço para pequenos objetos é bem modesto; uma operação simples como passar à próxima faixa de áudio não tem comando no volante; e a pintura do cofre do motor e do interior de capô e tampa do porta-malas é em fundo sem verniz, economia que ofende em um carro desse preço. Também esperávamos encontrar, como na geração passada, o sistema pantográfico que fazia o braço direito do limpador de para-brisa varrer uma área maior no canto superior do vidro, embora o esquema atual não incomode.

Com a mesma capacidade do anterior (520 litros), o porta-malas é mais que suficiente para a bagagem familiar. Aberta a tampa, encontra-se logo o estojo com triângulo de segurança e (poucas) ferramentas. Como antes, suas dobradiças são "pescoços de ganso", que consomem espaço, mas sem risco de amassar a bagagem por haver local previsto e revestido para seu deslocamento. Abaixo do assoalho, nada de estepe: os pneus podem rodar furados por até 50 a 150 quilômetros, conforme a carga transportada. Naquele espaço fica a bateria, medida comum na marca para ajudar na distribuição de peso.

Todo esse fantástico aparato vem embalado por uma carroceria atraente, em que as linhas elaboradas pelo atual chefe de estilo da marca, o holandês Adrian van Hooydonk, de certo modo evoluem aquelas apresentadas em 2003 pelo norte-americano Chris Bangle. Na nova geração o Série 5 ganhou vincos, para um aspecto mais esportivo, mas conserva os elementos-chave da marca como a grade dupla e a "Hofmeister kink", a borda na parte final dos vidros laterais que acompanha seus sedãs e cupê há décadas. Uma pena que coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,30 não seja expressivo — no anterior era 0,29, hoje vigente em versões inferiores com pneus mais estreitos.

Tanto conforto, desempenho e segurança valem R$ 397 mil? Talvez não quando se monta um carro idêntico nos Estados Unidos e se chega ao preço público de US$ 72.775 ou R$ 120 mil pela cotação de R$ 1,65. Mas aqui na impostolândia — e onde as margens de lucro são, sem dúvida, mais gordas — o conjunto oferecido pela BMW é amplamente competitivo em sua categoria, que inclui concorrentes de peso como Mercedes-Benz E 500 Executive (R$ 378 mil), Audi S6 Quattro (R$ 399 mil) e Jaguar XF-R Supercharged (R$ 415 mil).

A bela Munique, capital do estado da Baviera, no sul da Alemanha, parece uma fonte mágica quando o assunto é projetar automóveis que cativem os sentidos e despertem entusiasmo em quem os dirige, sobretudo quando deixam cair a máscara de sedãs comportados. Tarefas que o novo 550i, com sua adorável dupla identidade, realiza com perfeição. Continua

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