

Confortável para o motorista,
o A1 mantém elementos comuns da Audi, como os instrumentos, mas os
materiais de acabamento decepcionam



O banco traseiro tem dois
lugares e só atende bem a crianças; o áudio Bose é opcional; na tela
retrátil, configurações de diversos parâmetros |
O A1 é um típico 2+2, ou seja, para dois adultos e duas crianças — ou
adultos em pequenos trajetos. Se na frente a acomodação é boa, no banco
traseiro uma pessoa de 1,75 metro fica com a cabeça junto ao teto e
apoiada em seu revestimento na parte de trás, sem usar o encosto de
cabeça; o espaço para pernas é também modesto. Como são apenas dois
cintos, não há como levar um passageiro no centro mesmo na versão sem
porta-copos. O acesso é regular, facilitado pelo deslocamento dos
assentos dianteiros (não só dos encostos), e as mesmas alças que liberam
esses bancos retêm os cintos em posição mais à mão de quem viaja na
frente.
O porta-malas leva aceitáveis 270 litros. No carro avaliado, sem estepe,
vinham sob o carpete a bateria e um compressor para encher pneus furados
após aplicar um selante, mas a marca diz que o pacote Brasil inclui o
pneu de reserva.
Dos cinco motores (dois são a diesel) oferecidos na Europa, o A1 vem ao
Brasil apenas com o de 1,4 litro e 16 válvulas com turbo,
resfriador de ar e
injeção direta de gasolina. Potência e
torque são menores do que se poderia esperar: 122 cv e 20,4 m.kgf, ante
152 cv e 21,1 m.kgf do Fiat Punto T-Jet, que tem configuração semelhante
e não usa injeção direta. Nota-se que a Audi buscou um motor "manso",
com ênfase na redução de consumo e de emissões e no torque em baixa
rotação — e, de fato, conseguiu manter o valor máximo de 1.500 a 4.000
rpm. Lá fora existe o 1,4 com turbo e
compressor somados, para 185 cv, que seria uma boa pedida para o
Brasil.
A caixa S-Tronic não difere em atuação das vistas em outros Audis. A
alavanca tem a posição D para trocas automáticas e a S para um modo
esportivo, que mantém o motor em rotações mais altas e tira de ação a
sétima marcha. Em qualquer das posições é possível comandar trocas
manuais no volante, mas em D a operação volta a automática após alguns
segundos, e em S, não. Há ainda o canal à direita para mudanças manuais,
com reduções para trás. No volante, o comando direito sobe marchas e o
esquerdo reduz. No limite de giros as trocas para cima são sempre
automáticas.
O restante da mecânica nada tem de sofisticado. As suspensões são
simples, com eixo de torção na traseira, e a direção usa assistência
eletroidráulica. Aqui a Audi oferece
como opcional o sistema de parada e partida
automáticas do motor, assim como regeneração de energia das
frenagens, que armazena essa energia como eletricidade na bateria para
que seja usada mais tarde.
Diversão ao volante
"Cinco voltas": foi o que ouvimos ao nos sentarmos no A1. Apertado o
botão Start — nada de virar chave —, mal se ouve o motor, mas um toque
no acelerador faz a agulha do conta-giros subir. O câmbio automatizado
relega o pé esquerdo a uma posição de apoio, e parece que será mesmo
preciso, pois o cenário à frente é a estreita e tortuosa pista do
kartódromo da Aldeia da Serra, local escolhido para o primeiro embate
entre a novidade e a imprensa especializada.
Num kartódromo? Sim. O A1 é pequeno, mas nem tanto, e daí haver depois
da sessão na pequena pista uma avaliação nos moldes tradicionais em
estradas do entorno. Mas será nessas cinco voltas que o Audizinho nos
conquistará de vez, completando o encantamento iniciado bem antes por
fotos e informações que indicaram que, sim, gostaríamos muito dele. Os
122 cv, se não são um exagero, parecem na medida certa para o kartódromo.
A "vítima" tinha rodas de 17 pol e pneus 215/40. Primeira volta
comportada, para conhecer suas reações na pista. Na primeira freada
forte o sistema antitravamento (ABS) age, seguido pelo controle de
estabilidade: o carro meio torto, mergulhando rumo à zebra interna, não
perde a compostura. Pelo contrário, parece dizer "vai, eu posso bem mais
do que isso". Não precisava nem pedir...
Quatro voltas em progressão, abusando cada vez mais, e cada vez mais
descobrindo que esse A1 é mesmo um carro feito para divertir, ao menos
sendo levado insanamente dentro de um kartódromo. Exagerando ao máximo
ao retardar a freada no fim da pequena reta consegue-se, finalmente,
fazê-lo deixar a até então renitente neutralidade para sentir o previsto
subesterço, com a frente escapando
controlada.
Continua |