Esse esquecimento talvez proposital tem sua razão: o veterano AP-2000, quando instalado em um carro de projeto mais antigo como a linha Gol (sem os aprimoramentos em absorção de vibrações presentes no Golf e no Polo, por exemplo), não consegue esconder sua má relação r/l: vibra o tempo todo, da marcha-lenta ao limite de rotações, chamando a atenção de quem já se habituou a carros (e motores) mais modernos.

E como anda a Crossover com ele? Bem, mas sem surpreender nos números. A simulação do BCWS indicou velocidade máxima de 192 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos, próximas às informadas do fabricante, enquanto o consumo simulado foi de 8,3 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada (utilizando método menos brando que a norma ABNT das fábricas).

A suspensão mais alta deixou-a ainda mais apta às lombadas e valetas de nossas ruas, mas trouxe alguma perda em estabilidade nas curvas. Preferiríamos, porém, pneus de medida mais moderada, como 185/65-14, que permitiriam arriscar um fora-de-estrada leve sem receio de danificá-los ou as rodas no primeiro impacto. Como está, a Crossover chega a ser mais delicada -- ao menos aparentemente -- que a maioria das Paratis comuns, já que poucas delas saem com rodas de 15 pol.

No restante, é a perua que todos conhecemos bem: rodar um pouco duro, mas ainda confortável; câmbio de engates nem sempre precisos (a primeira às vezes relutava em entrar); porta-malas de bom tamanho, 437 litros; ótimos faróis de duplo refletor, que se somam aos de neblina e à luz traseira de mesmo fim; espaço adequado a quatro adultos e uma criança, que melhoraria se o banco traseiro não fosse tão alto.

De fora-de-estrada a Crossover não tem mesmo nada. Mas é uma perua rápida, de decoração atraente e que não requer atenção especial para transpor lombadas. De certo modo, uma adaptação do conceito de versão esportiva às condições de rodagem de nossas ruas e estradas, o que pode acabar resultando em êxito, apesar da crise de identidade.