Ferrari para principiantes

Com câmbio automatizado Selespeed, belo motor e um
ótimo conjunto, o Alfa 147 é um aperitivo para supercarros

Depois de sonoras "esticadas" até 7.000 rpm, dois toques rápidos na "borboleta" esquerda do volante e o câmbio reduz duas marchas. A rotação do motor sobe sozinha, em um perfeito punta-tacco -- só que eletrônico --, enquanto os freios contêm a velocidade. À saída, tudo recomeça...

Poderia ser um Ferrari ou Maserati, mas era o Alfa Romeo 147, lançado no Brasil em julho último. A estrela desse médio-pequeno da casa de Milão é o câmbio manual automatizado Selespeed, basicamente o mesmo aplicado por essas marcas de prestígio do mesmo grupo Fiat.

O Selespeeed: no console, a alavanca de aparência normal e poucas operações...

Automatizado, não automático. Uma caixa automática convencional, com conversor de torque, implica perdas de energia com reflexo no desempenho. Já o Selespeed é uma caixa manual, em que um sistema hidráulico troca as marchas e opera a embreagem (saiba como funciona). Não há o pedal da esquerda e duas "borboletas" (pequenas alavancas) ficam atrás do volante, uma de cada lado. A da direita sobe marchas, a da esquerda reduz. Se preferir, no console há a alavanca que se move à frente para trocas ascendentes e para trás para reduções; à direita ficam o ponto-morto e a ré.

No início o motorista pode se sentir confuso ao trocar marchas sem tirar o pé do acelerador, como o sistema prevê. Mas a adaptação é rápida e logo se aprecia a novidade. As trocas pelas "borboletas" permitem manter as mãos no volante, mais seguro ao dirigir rápido, e o Selespeed traz uma série de salvaguardas para evitar erros do usuário, como sair na marcha incorreta, reduzir em excesso ou passar ao ponto-morto em alta velocidade.

... e atrás dos raios do volante, as borboletas para trocas ascendentes e reduções

No uso normal as mudanças são mais lentas do que o ideal. Em baixas rotações e cargas (acelerador pouco aberto), tudo bem, mas acelerando a fundo ou usando rotações médias nota-se incômoda alteração do movimento do veículo, causada pela interrupção momentânea da aceleração. Não foi à toa que a VW desenvolveu um câmbio pré-seletivo que elimina esse efeito (saiba mais).

Em alta rotação e com mais de 60% do acelerador entra o modo esportivo -- que deveria poder ser selecionado manualmente -- e as trocas ficam bem rápidas. Já no limite de giros, o câmbio passa à marcha superior e a movimentação volta a ser notada. Há ainda um modo automático, o City (cidade), que não se adapta ao modo de dirigir e por isso serve mais para o tráfego urbano lento -- em outras condições a retenção de marchas é excessiva. Continua