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Técnica

Para quem gosta de reduzir marchas para ajudar os freios ou por mera questão de estilo de dirigir, os câmbios muito curtos podem levar a rotação excessiva ao engatar a marcha inferior (o que pode centrifugar o disco de embreagem, danificando-o de modo irremediável) ou ao acoplar-se novamente a embreagem. Neste caso pode haver atropelamento de válvulas pelos pistões, sobretudo quando a câmara de combustão é pequena, caso de elevadas taxas de compressão dos motores 1,0-litro atuais.

A tendência é de reversão dos excessos, como no Gol 1,0 16V, que fora encurtado em 2002 (ao lado) e ganhou uma quinta mais longa para 2003. Mas ainda há muito o que mudar

Difícil solução   Se o leitor não se informou antes (o BCWS sempre traz essa informação em suas avaliações) e comprou um carro com câmbio curto demais, o que pode ser feito?

O ideal é fazer um estudo das relações ideais, que podem levar à substituição de engrenagens da caixa de câmbio, do par final (diferencial) ou de ambos os itens. Nem sempre se consegue chegar ao melhor resultado trabalhando apenas em um deles: o carro pode ficar longo demais em primeira marcha, por exemplo, com prejuízo à capacidade de saída em rampa e às arrancadas mais vigorosas. Prejudica-se a "sensação de lançamento", launch feel em inglês, aquele empurrão inicial nas costas obtido sem muito esforço. Consultar um especialista é recomendável.

Por se tratar de substituições onerosas, e por afetar a garantia do veículo caso sejam detectadas pelo fabricante, poucos se encorajam a fazê-las. Alguns trocam os pneus por outros de maior diâmetro. Por exemplo, os de Golf (195/65-15) no Polo 1,6 (que vem com 185/60-14), supondo espaço suficiente nas caixas de roda, resultariam em relações 10% mais longas ao final, o que parece interessante. Mas, como ensina o Consultório Técnico do BCWS, isso afeta a geometria de direção, a leitura do velocímetro e do hodômetro, além de deixar o carro mais alto em relação ao solo, afetando a estabilidade.

Nem a tradição germânica do Mercedes Classe A foi respeitada: um ano após o lançamento, o agradável câmbio 4+E dava lugar a um de cinco marchas reais

Portanto, para a maioria dos motoristas, o câmbio curto em excesso será daqueles males que acompanharão o carro até o final de sua utilização. Um fim antecipado, quem sabe, pela impaciência do proprietário com aquele carro ruidoso e gastador na estrada, que embora não exija reduções nas subidas e ultrapassagens, mas passa todo o tempo restante "pedindo" uma marcha mais longa.

Um recado aos fabricantes
O cálculo das transmissões deveria sempre objetivar que a velocidade máxima seja atingida na rotação de potência máxima, seja na última ou na penúltima marcha. Só com essa medida, grande parte dos problemas de "pedir marcha" desapareciam como por encanto.

Outro parâmetro é que a rotação em velocidade de viagem (como 120 km/h reais, a mais alta em vigor nas estradas brasileiras hoje) seja no máximo 65% da rotação de potência máxima; se puder estar entre 50% e 60%, melhor. Não se deve hesitar em adotar o conceito 4+E para alcançar esse objetivo.
Por último, a melhor solução, já adotada pela Volkswagen na década de 80 para Voyage, Parati e Passat: oferecer opção de dois tipos de caixa de câmbio. Na época havia o de quatro marchas reais e o 3+E (três marchas reais e uma de economia, bem longa), com maior intervalo numérico, que supria de certo modo a ausência de um cinco-marchas. Hoje, naturalmente, a oferta seria entre o de cinco efetivas e o 4+E.

O consumidor, como temos visto no Teste do Leitor, agradeceria. Afinal, a isca deve ser saborosa para o peixe ou para o pescador?

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