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Aerodinâmica, o poder do vento

Conheça essa força que afeta o desempenho e
estabilidade do carro e como ela pode ser melhorada

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Você pode não perceber, mas ela atua todo o tempo sobre seu automóvel, afetando seu desempenho, consumo e estabilidade. Os fabricantes investem milhões para torná-la mais eficiente e, no entanto, uma simples janela aberta pode jogar por terra boa parte desse trabalho. É a aerodinâmica.

Todo objeto possui uma maior ou menor eficiência ao atravessar o ar. Uma placa circular plana tem um coeficiente de resistência aerodinâmica -- o conhecido Cx, que alguns chamam de coeficiente de arrasto, ou Cd em inglês -- igual a 1, mas a turbulência que se forma em torno dela aumenta esse valor para 1,2. O objeto de mais perfeita aerodinâmica que se conhece é a gota d'água, com Cx de 0,05.

O coeficiente aerodinâmico, Cx, é obtido em túneis de vento: câmaras com potentíssimos ventiladores que mostram como o ar se desloca pela carroceria -- neste caso, do Bugatti EB 110

Nos automóveis modernos o coeficiente fica, em geral, em torno de 0,30. Esse fator não considera a área frontal (A) do objeto, mas apenas sua forma e com quanta suavidade o ar pode se deslocar por ele. Assim, a eficiência aerodinâmica do carro depende na prática da área frontal corrigida (Cx x A): a multiplicação de sua área frontal pelo Cx. Assim, no exemplo de 0,30, com área frontal de 2 m2 o Cx x A seria de 0,60. Uma minivan e um esportivo podem ter o mesmo Cx, mas eficiências muito diversas em função da área frontal.

E em que isso influi? Quanto menor a área frontal corrigida, menor o esforço (potência) necessário para o deslocamento do carro contra a massa de ar à sua frente. Essa importância aumenta quando se considera que a resistência aerodinâmica cresce ao quadrado da velocidade: por exemplo, multiplica-se por quatro enquanto dobra a velocidade do veículo. Assim, se num carro urbano o Cx pouco representa, em um superesportivo a 300 km/h ele é determinante.

Nos carros de Fórmula 1 a aerodinâmica é calculada para gerar sustentação negativa, que mantém o carro preso ao solo em velocidade. Qualquer F1 poderia rodar de cabeça para baixo no teto de um túnel

Aerodinâmica bem estudada também influi no comportamento dinâmico. Todo veículo está sujeito a sustentação (lift) quando em movimento, devido ao ar que passa por baixo da carroceria. É o mesmo efeito que, acentuado, permite aos aviões vencer seu peso e levantar vôo, mantendo-se no ar enquanto houver velocidade para tanto. No automóvel a sustentação deve ser compensada ou mesmo revertida, para evitar instabilidade -- mas esse processo tende a piorar o coeficiente aerodinâmico.

O compromisso entre Cx e sustentação, portanto, depende da finalidade e perfil do veículo. Um carro de Fórmula 1 precisa de muita sustentação negativa -- ou seja, ser empurrado para baixo pelo ar -- para contornar curvas velozmente: seu Cx chega a espantosos 1,8 mas, em contrapartida, ele poderia rodar de cabeça para baixo, no teto de um túnel, enquanto se mantivesse em alta velocidade. 

Em busca da sustentação negativa, perde-se velocidade. Por isso a Lamborghini ofereceria o aerofólio traseiro como opcional no Countach, para que o cliente fizesse sua escolha

O Cx elevado dos Fórmula-1 atuais não apenas limita sua velocidade máxima em cerca de 330 km/h, relativamente pouco para os quase 800 cv produzidos pelos motores de 3,5 litros, como produz efeito freante acentuado ao levantar o pé do acelerador. A desaceleração nesse momento fica muito próxima a 1 g -- a mesma de um carro de rua numa freada máxima, em emergência!

Já num carro de rua, mesmo esportivo, a sustentação não deve prejudicar a eficiência aerodinâmica, para que se obtenham maior desempenho e menor consumo. Como exemplo, o aerofólio do Lamborghini Countach era opcional para que o proprietário pudesse escolher entre mais velocidade ou melhor estabilidade.
Continua

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