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De volta para o álcool

Um simples remapeamento e seu carro troca de
combustível, sem problemas aparentes. Vale a pena?

Texto: Bob Sharp e Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Perguntas sobre conversão de gasolina para álcool têm sido das mais freqüentes em nosso Consultório Técnico, geradas pelo preço atraente do combustível vegetal hoje em comparação ao derivado do petróleo. No começo dos anos 90 teria sido o oposto, se o BCWS já existisse (surgiu em outubro de 1997), pois o álcool começou a encarecer em relação à gasolina.

Esse fato evidencia como a questão de combustível é sensível, onde o que mais vale parece ser o bolso -- só que poucas vezes usando-se a racionalidade, em favor da emoção.

Um rápido cálculo indica que um carro que rode 16.000 km por ano (média nacional) gastará nesse período R$ 2.667 de gasolina, considerando-se média de 12 km/l e preço de R$ 2,00 o litro. Se fosse a álcool, seriam R$ 1.778 (9 km/l, R$ 1,00/litro). Portanto, R$ 889 por ano a menos com o carro a álcool, ou R$ 74/mês. Uma diferença que pode ter significado diferente para várias pessoas em função de seu poder aquisitivo, mas que no caso de quem possui carros mais novos é desprezível.

Quem passar para o álcool logo sentirá que as visitas ao posto de abastecimento passarão a ser mais freqüentes, visto que a autonomia cai, no exemplo acima, 25%. Se o carro tiver um tanque de 50 litros, antes podia rodar 600 quilômetros; agora, 450, na melhor hipótese. Significa, por exemplo, ir de São Paulo ao Rio de Janeiro e precisar colocar um pouco de álcool no caminho.

Ninguém em sã consciência vai até à última gota e arrisca-se a parar por falta de combustível.

No inverno, a partida a frio fica bem mais difícil. Mesmo nos meses quentes, uma viagem até a montanha reproduz a condição de tempo frio das regiões mais baixas. Não menos importante, o velho problema do frentista do posto não entender a ordem de reabastecimento e colocar o combustível errado. Não é difícil acontecer, sobretudo se não for colocado adesivo a respeito do novo combustível próximo ao bocal. E não há nada mais inconveniente. Muitas vezes abastece-se para sair em viagem, carro e porta-malas cheios.

Sem esquecer que, em matéria de combustível, nada é para sempre. Hoje o preço do álcool é atraente; amanhã pode não ser mais. Tudo depende -- estamos cansados de ver -- da cotação do açúcar no mercado mundial. Se sobe, a indústria sucroalcoleira deixa de produzir álcool em favor do açúcar, e o álcool fica mais caro -- já chegou a sumir por causa disso, em 1989. Finalmente, se o leitor resolver dar um pulo ao Uruguai ou à Argentina, vai precisar mandar reconverter o motor, pois nesses países não existe álcool combustível.

Então, a pergunta: será que vale a pena mandar converter para álcool, para isso gastando em torno de R$ 400 (sem incluir a bomba elétrica de combustível, que tem sua vida útil drasticamente abreviada e pode exigir onerosa substituição)? Continua

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