O J2X (em vermelho) tinha o motor mais avançado para ganhar espaço e até 320 cv; embaixo a versão Le Mans, com carroceria aerodinâmica

No K1, uma enorme grade sobre a carroceria de alumínio; a frente do K2 (embaixo) adotava o novo aspecto da marca e havia suspensão De Dion

De cima para baixo, o carro esporte K3, mais largo e muito pesado; o desarmônico sedã P1 e a perua P2 Safari, com madeira na carroceria

Em 1951, Sydney Allard concluía sua evolução: o J2X, praticamente igual na aparência, mas com aprimoramentos técnicos. O motor foi movido 19 centímetros para frente a fim de ampliar o espaço interno e isso o deixou mais longo (razão da letra "X" para extended, estendido), sem que o entre-eixos aumentasse. A suspensão dianteira era revista, para melhor comportamento dinâmico, e pela primeira vez havia escolha entre volante à esquerda e à direita.

Os motores Chrysler e Cadillac continuavam os mais frequentes sob seu capô, com amplas possibilidades de preparação para chegar a 250 ou mesmo 320 cv. Com toda essa potência em um Chrysler V8, acelerar de 0 a 96 km/h exigia apenas 5,9 segundos, tempo bem menor que o de um Jaguar XK 120. Um total de 83 veículos foi fabricado, até 1954, e vários deles brilharam nas pistas. Uma versão Le Mans foi oferecida com carroceria mais ampla e aerodinâmica.

Além desses modelos, que eram voltados a competições embora pudessem ser usados em vias públicas, a Allard ofereceu automóveis esportivos de rua. No K1, lançado em 1946, a carroceria de alumínio seguia linhas mais próximas dos carros de seu tempo, com os para-lamas dianteiros integrados ao conjunto e faróis montados neles. A grade, enorme, tinha forma de cruz e seguia sobre parte do capô. Um pouco maior que os carros "J" de corrida, ele media 4,26 m de comprimento e 2,69 m entre eixos e pesava 1.090 kg. Podia ser equipado com o motor Ford inglês de 3,6 litros ou com um Mercury norte-americano de 3,9 litros e 100 cv.

A revista britânica The Motor aprovou o modelo — "Impressiona pela forma em que a aparência foi combinada às exigências do motorista veloz", descreveu —, acrescentando sobre o comportamento dinâmico que "o que parece velocidade impossível pode ser mantido com segurança sem o menor sinal de derrapagem". Em 1950 o modelo evoluía para o K2, em que uma grade em forma de pentágono substituía a exagerada do anterior. Nas laterais do capô vinham três furos ovalados que lembravam os dos Buicks da época. A suspensão dianteira mantinha o eixo dividido, mas com molas helicoidais em vez de semielíticas, enquanto na traseira o comprador podia escolher entre o eixo rígido e o De Dion. Outra opção era de rodas raiadas.

Depois de 119 unidades vendidas, o K2 dava lugar em 1952 ao K3, redesenhado por inteiro. As laterais da carroceria — ainda feita de alumínio — agora eram planas pelo uso de para-lamas integrados ao estilo, não mais salientes, e a grade dianteira passava a uma forma ovalada com frisos horizontais. O chassi também novo, composto de tubos de cromo-molibdênio reforçados por chapas de aço, estava mais resistente e leve que o do modelo anterior, mas as suspensões seguiam os esquemas já tradicionais, com De Dion de série na traseira. No banco inteiriço revestido em couro, até três pessoas podiam se sentar lado a lado; o painel concentrava os instrumentos na parte central.

Os quatro motores usados até então pela Allard — o Ford inglês e os norte-americanos Mercury, Chrysler e Cadillac — podiam equipar o K3, que se estendia por 4,49 m de para-choque a para-choque e pesava expressivos 1.430 kg. Apesar das evoluções, o modelo não teve êxito. Havia falhas de projeto que afetavam o conforto, como direção com pouco ângulo de esterço, portas que se abriam pouco e ausência de aquecimento ou desembaçador, e o desempenho estava longe do que os carros de corrida da marca ofereciam. Além disso, o preço alto colocava-o diante de concorrentes renomados ou com linhas bem mais atraentes, como o XK 120 da Jaguar, o que limitou as vendas a 62 unidades.

Sydney Allard também construiu modelos mais familiares — e, como de hábito, com pouca preocupação com o estilo. O sedã de quatro lugares P1, de 1949, era um tanto desengonçado com as laterais volumosas, os vidros pequenos e a desproporção entre capô e cabine. Grande, com 4,80 m de comprimento e 2,84 m entre eixos, usava motores Ford de 3,0 e 3,6 litros e pesava 1.180 kg. Um deles deu à Inglaterra, em 1952, sua primeira vitória no Rali de Monte Carlo em 21 anos. Além de seus 559 exemplares, a série incluiu 10 peruas de duas portas P2 Safari, com a parte traseira da cabine em madeira e o motor 3,6.

O último lançamento da Allard foi o GT Coupe, com apenas duas unidades feitas em 1958. O interessante cupê de capô longo e cabine recuada, que lembra vários esportivos ingleses dos anos 50, usava suspensão dianteira com barras de torção e traseira De Dion e motor Chrysler Hemi V8 ou Jaguar de seis cilindros em linha e 3,4 litros — de certa forma irônico, pois foi essa marca inglesa uma das concorrentes que levaram ao declínio da Allard.

No ano seguinte a empresa de Sydney deixava o mercado de carros esporte, passando a se dedicar a outras atividades no setor — conversões para ambulância, instalação de eixos De Dion em chassis BMC e Bedford, preparação de motores de Ford Anglia e a fabricação de compressores Shorrock. O fundador morria de câncer em 1966, mas a firma continuava pelas mãos de seu filho Alan e de Reg Canham até 1976. Já nos anos 80, uma réplica do J2 foi feita em Ontário, Canadá, com motores V8 da Chrysler.

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