Uma das melhores obras de Figoni, o 135 Competition Court trazia teto solar, faróis ocultos atrás de grades, rodas encobertas e muitos frisos

Outro conversível assinado por Figoni, desta vez um 135 MS 1948, e a Break de Chasse (perua de caça) de 1946 pelo encarroçador Guillore

As linhas mais conservadoras do 135 M 1948 do holandês Pennock e a suavidade do 135 MS realizado por Saoutchick um ano antes (branco)

Interpretações bem diversas sobre o chassi 135 M: em cima o roadster de Crailville de 1949; embaixo o conversível de Chapron feito em 1951

As rodas quase sempre eram raiadas do tipo Rudge-Whitworth, calçando pneus 5,50-17. Os freios a tambor ainda eram acionados por cabo. Jornalistas especializados elogiavam as qualidades de comportamento na estrada dos carros, que tinham suspensão dianteira independente com molas transversais semielíticas e amortecedores de fricção. A suspensão traseira com eixo rígido era condizente com os carros de seu padrão para a época, assim como a direção do tipo rosca sem fim. O volante de todo Delahaye ficava do lado direito, o oposto do esperado para um carro francês — na época ainda não havia um padrão claro a esse respeito na maioria dos países.

As principais medidas do chassi 135 eram distância entre eixos de 2,946 metros, bitola dianteira de 1,38 m e traseira de 1,485 m. Também existiu uma versão de chassi longo, batizada de 148. Comprimento, largura e altura variavam conforme a carroceria. A caixa de câmbio era manual de quatro marchas em todos os 135, mas como opção existia a caixa pré-seletiva Cotal, que usava uma pequena alavanca para efetuar mudanças eletromagnéticas, por meio de solenoides. A minúscula alavanca era manejada através das fendas em forma de "H" em uma pequena caixa, montada ao lado esquerdo do volante, e a embreagem só era usada para sair e para parar o carro. Complicada e difícil de manter, a caixa permitia quatro marchas para frente e quatro para a ré. Esse tipo de transmissão também é conhecido pelo nome de seu criador, o major inglês W. G. Wilson.

As carrocerias extravagantes foram, por vezes, construídas para concursos de elegância. A maioria foi executada pelo encarroçador francês Figoni et Falaschi, que criava com um grande senso de estilo somado a sutis decorações cromadas. Boa parte de suas carrocerias era de roadsters, sobretudo no estilo batizado de Narval, no qual as quatro rodas são cobertas por saias laterais. Um modelo extraordinário desse encarroçador foi o 135 Competition Court (curto), um cupê cujo teto podia ser aberto como um teto solar e cujos faróis ficavam escondidos atrás de grades verticais. Grandes frisos metálicos ornamentavam as laterais e as saias das rodas. As maçanetas das portas eram embutidas, solução também adotada em outro modelo de destaque do encarroçador — um cupê com formato inspirado na gota de água, exibido no estande da Figoni et Falaschi no Salão de Paris de 1938, ao lado de um Delayahe com motor V12. O cupê foi arrematado, em 2006, na famosa casa de leilões Bonhams por US$ 1,55 milhão.

Outro encarroçador francês produziu em 1946 uma carroceria diferente de qualquer outra sobre o chassi 135. Era uma perua no estilo conhecido como woodie, em que a parte da carroceria posterior ao para-brisa era realizada em madeira ou apenas revestida com madeira sobre a chapa metálica. À época foi chamada de Break de Chasse (perua de caça, equivalente ao inglês shooting brake), nome que se dava às peruas de luxo usadas pelos nobres como carro de apoio para suas caçadas. Foi construída para Marcel Mongin depois que ele se aposentou como piloto de corridas da equipe Delahaye. O carro foi convertido a partir de um modelo de competição 135 MS pela Guilloré Carrossiers, o que é inusitado para um carro, de certa maneira, utilitário. A perua sofreu um leve restauro em 1991, quando a madeira foi parcialmente trocada, mas quase todas as partes do carro ainda são originais hoje.

Diversos outros encarroçadores franceses também construíram sobre o chassi do 135. Saoutchick costumeiramente seguia o padrão de rodas cobertas por saias. Henri Chapron fez um roadster do qual um dos aspectos mais interessantes foi o volante feito de material transparente, permitindo assim melhor visualização do painel. Também dignos de nota foram os carros realizados por Letourneur et Marchand, Franay, Dubos e Portout. Até mesmo uma carroceria para fins publicitários foi feita, para a fábrica de pneus Kleber-Colombes, construída pelo encarroçador Beaublat seguindo projeto de Geo Ham. Mas não apenas os franceses executaram carrocerias sobre esse chassi Delahaye. Estilistas de outros países também aproveitavam o enorme potencial da mecânica para projetar carros de acordo com o sonho de sua clientela. O alemão Hebmüller construiu na década de 1950, sobre o chassi de um carro que correu em Le Mans em 1939, um cupê com referências aos carros alemães contemporâneos a ele. Houve ainda o italiano Viotti, o holandês Pennock, o belga Vanden Plas e os suíços Worblaufen e Ghia-Aigle, esse último também fazendo um carro com todas as rodas cobertas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Delahaye passou a fazer parte do Groupe Française Automobile (GFA), dirigido por Baron Petiett. Por esse motivo, as iniciais GFA passaram a fazer parte do símbolo da marca fixado à grade dianteira. Após a guerra o 135 continuou a ser produzido com o mesmo chassi, renovado com uma grade de radiador mais estreita, desenhada pelo projetista francês Philippe Charbonneaux. Mas o carro já estava mostrando sua idade. Em 1951 o 135 foi substituído pelo 235, com motor de 152 cv, mas que no geral não era muito diferente. A produção total do 135 foi de aproximadamente 2.000 unidades. Em 1954 a Hotchkiss comprou a Delahaye e a marca passou a ser usada apenas em caminhões até 1956, quando foi encerrada.

Recentemente a marca Delahaye ressurgiu no mercado de carros exclusivos, mas com produção nos Estados Unidos, tendo como projetista o famoso Chip Foose, apresentador do programa de televisão Overhaulin. Os desenhos dos carros oferecidos atualmente são atualizações das carrocerias do período francês de carros aerodinâmicos.

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