Três volumes, dois lugares e
muitos componentes em comum com o Escort: o EXP oferecia economia, mas
era modesto em desempenho
O LN7, sua variação para a
Mercury, ganhava esportividade com um amplo vidro traseiro e usava 10
vãos de entrada de ar em vez de dois |
No
início dos anos 60, Lee Iacocca decidiu
desenvolver um carro de apelo esportivo com base na plataforma de um
pacato sedã compacto. Do Ford Falcon
originou-se em 1964 o Mustang,
cujo êxito dispensa apresentação. Duas décadas mais tarde, em meio às
duas crises do petróleo — de 1973 e 1979 —, a Ford dos Estados Unidos se via diante de uma
situação complexa: o público desejava carros com estilo jovem, informal,
mas não estava mais disposto a sustentar o alto consumo de combustível
dos grandes motores. Isso levou a uma retomada do princípio
que levou ao Mustang original: aplicar uma carroceria diferenciada e
mais esportiva à plataforma de um despretensioso modelo de grande
produção — desta vez o Escort,
lançado nos EUA em 1981.
Se a arquitetura identificada como CE14, a suspensão (independente nas
quatro rodas pelo conceito McPherson), o motor em posição transversal, a transmissão com tração
dianteira e mesmo a distância entre eixos do Escort (de 2,39 metros)
foram mantidos no novo projeto, a carroceria foi redesenhada por inteiro
para que eles não pudessem ser confundidos de qualquer ângulo.
Denominado EXP — aparentemente uma forma abreviada para "experimental",
embora a Ford insistisse que o nome nada significava — e fabricado na
unidade de St. Thomas, na província canadense de Ontário, o cupê de dois
lugares apresentado no Salão de Chicago em abril de 1981 mostrava alguma
criatividade no estilo.
As linhas retas e simples da carroceria combinavam-se a faróis
retangulares em destaque, alojados em para-lamas mais altos que a seção
central do capô, e não havia a tradicional grade dianteira — apenas duas
fendas e uma ampla tomada de ar inferior no para-choque, onde também
estavam as luzes de direção. Nas laterais notavam-se os arcos de
para-lamas destacados e a pequena janela atrás das portas, que não
evitava largas colunas traseiras. O porta-malas formava um terceiro
volume, mas sua tampa levava junto o vidro traseiro, e as lanternas eram
também grandes. O Cx 0,36 estava adequado
à época. Por dentro, ar-condicionado e revestimento em couro
opcionais davam algum requinte ao ambiente de formas simples, com muitos
componentes cedidos pelo Escort. Volante de quatro raios e painel com
instrumentos adicionais, caso do conta-giros, respondiam pelo ar
esportivo.
Outras opções eram direção assistida, teto solar, sistema de áudio de
boa qualidade, rodas de alumínio e um chassi para melhor comportamento,
composto por uma suspensão recalibrada para maior firmeza e pneus Michelin TRX,
em medida 165/70 R 365 (aro em milímetros) em vez de 165/70 R 13. Como
acontecia em outros segmentos, uma versão foi elaborada para a marca
Mercury. Lançado em simultâneo, o LN7 tinha frente semelhante à do EXP,
mas com 10 vãos de entrada de ar em vez de dois, e ganhava traseira bem
diferente: um enorme vidro formava o perfil habitual nos hatchbacks,
afastando-o do padrão de três volumes da versão Ford. Contudo, a
opção Mercury teria pouca aceitação e só duraria dois anos-modelo.
Continua
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