"Novo, rápido" e "totalmente automático": o Daffodil, evolução do 750

Maior e mais agradável com o desenho de MIchelotti, o DAF 44 chegava em 1966 com motor de 850 cm3 e, como os outros, a opção pela perua

Avanço em mecânica: o 55 trouxe motor Renault de 1,1 litro e 50 cv, que chegaria a 63 cv no pacote esportivo Marathon do cupê (embaixo)

Também com escolha entre sedã (em cima) e cupê, o 66 atualizava o estilo frontal e chegou a ser vendido como Volvo após a venda da DAF

Como cada roda recebia torque por um conjunto correia-polias individual, o efeito era similar ao de um diferencial autobloqueante: em caso de perda de aderência em uma das rodas, a outra podia receber todo o torque do motor e manter o carro com tração. Contudo, por ser baseada no atrito entre a correia e as polias, a transmissão sofria desgaste bem mais acelerado que uma de engrenagens, além de limitar o torque que poderia ser transmitido, A embreagem centrífuga era automática e dispensava o pedal da esquerda. Com estrutura monobloco, o 600 usava suspensão independente à frente e atrás, freios a tambor e pneus 5,20-12. Ao lado do sedã foram oferecidas versões perua, furgão e picape.

Um aumento de cilindrada vinha em setembro de 1961 com o DAF 750. Agora com 746 cm³, o motor boxer fornecia 30 cv e 5,8 m.kgf e impulsionava o carro até 105 km/h. Com as mesmas opções de carroceria do 600, a versão conviveu com ela até 1963. Ainda em 1961 aparecia o DAF 30 ou Daffodil, nome de uma flor amarela típica do País de Gales (há quem diga, porém, que o nome foi inspirado em krokodil ou crocodilo, em alusão aos faróis que lembravam os olhos do réptil). Embora igual ao 750 na mecânica e nas dimensões, ele tinha estilo mais atual com inspiração em modelos norte-americanos, grade e lanternas traseiras maiores e painel com velocímetro quadrado em vez de circular. Os modelos 600 e 750 davam lugar em 1963 ao DAF 31, em que o desenhista italiano Michelotti contribuía com desenho mais agradável para o teto e a grade — no restante, porém, era praticamente o mesmo estilo.

Disponível nos acabamentos Standaard, Luxe e Luxe Extra, o 31 tinha painel mais moderno, bancos mais confortáveis e pneus radiais 145-13. O motor de 746 cm³ e 30 cv não recebera alterações. Para o Daffodil, a sucessão vinha em 1965 com o modelo 32, desta vez com grande participação de Michelotti. Frente e traseira estavam mais elegantes e, embora os faróis continuassem mais acima da linha do capô, abandonava-se o "estilo crocodilo". Se o motor 750 não mudava, nem as rodas de 12 pol, o DAF 32 vinha com melhorias na direção e os mesmos três acabamentos do 31. Uma versão de apelo esportivo, a 32 S, era lançada em 1966 com motor ampliado para 763 cm³, mudanças no carburador e na taxa de compressão e potência de 36 cv. Disponível só na cor branca, era destinado a homologar o carro para o Grupo 1 de rali.

Um DAF pouco maior, o 44, estreava em setembro de 1966. A chamada carroceria B — os modelos feitos até então usavam a A — media 3,85 m de comprimento, 1,54 m de largura, 1,38 m de altura e 2,25 m entre eixos. Toda desenhada por Michelotti, mostrava linhas suaves e harmoniosas, com o capô mais alto, nenhuma grade dianteira (apenas estrias para tomada de ar sob o para-choque) e amplos vidros. Com maior cilindrada — 844 cm³ —, o boxer de dois cilindros desenvolvia 34 cv e 7,2 m.kgf, o que permitia chegar a 115 km/h. Pneus 135-14 e, de 1972 em diante, sistema elétrico de 12 volts em vez de seis eram inéditos na marca. Também havia versões perua e furgão.

Mas ainda não era o carro refinado com que Hub van Doorne sempre sonhara. Tal avanço vinha no ano seguinte com o DAF 55, com motor refrigerado a água de quatro cilindros em linha e 1.108 cm³, fornecido pela Renault, com 50 cv e torque bem mais alto, 8,6 m.kgf. Embora com estilo e medidas similares aos do 44, o 55 tinha melhor acabamento, freios dianteiros a disco e desempenho superior, como a máxima de 135 km/h. Além do sedã e da perua, estava disponível um cupê com vidro traseiro mais inclinado e leve esportividade.

Depois de concluir com duas unidades a Maratona Londres-Sydney, a DAF usou a prova como argumento para lançar em 1969 o pacote Marathon, composto de alterações no motor para passar a 63 cv e 8,7 m.kgf (a máxima subia para 145 km/h), molas mais firmes, escapamento mais livre com saída central, conta-giros, rodas de alumínio com pneus 155-13 e faixas laterais. Dois anos mais tarde o pacote tornava-se versão de linha, com algumas diferenças e opção entre sedã e cupê. Ocorria também em 1967 a renovação da linha menor, que perdia o nome Daffodil e se tornava apenas DAF 33. Havia poucas novidades estéticas e o motor 750 estava 2 cv mais potente, com 32; o sistema de 12 volts chegaria a ele em 1973.

O ponto mais alto da linha DAF era atingido em 1972 com o modelo 66, uma atualização do 55 que mostrava frente mais moderna com capô plano e grade maior, eixo traseiro De Dion com diferencial, freios com servo, 53 cv e 7,6 m.kgf no motor Renault. Oferecido como sedã, cupê, perua e furgão, logo ganhava o pacote Marathon com pneus 155-13, mais 2 cv e adereços esportivos. Em 1973 chegava a unidade Renault de 1.289 cm³, 57 cv e 10,1 m.kgf, suficiente para chegar a 145 km/h e identificada pelos quatro faróis. O 44, por sua vez, era substituído em 1974 pelo 46, com os mesmos 40 cv. Se a suspensão De Dion representava evolução, o Variomatic passava a usar uma só correia, o que trazia menor confiabilidade — o carro não poderia andar se ela rompesse, ao contrário do antigo sistema de duas correias.

Com a compra da empresa pela Volvo em 1975, o 66 assumiu o nome da nova proprietária, mas não o 46, que continuou a ser vendido como DAF nas concessionárias da marca sueca. Os dois deixaram o mercado em 1976. E o que aconteceu com o Variomatic? As patentes ficaram com a Van Doorne Transmissie, fundada em 1972 e mais tarde absorvida pela Bosch. Foi esta empresa que recolocou o CVT em desenvolvimento e o relançou em 1985 para o Ford Fiesta e o Fiat Uno. Meio século depois que os irmãos Van Doorne tiveram sua boa ideia, a Bosch já produziu mais de 10 milhões de CVTs na própria Holanda.

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