Um lutador de Louis Renault

Apesar da mecânica ultrapassada, o Celtaquatre foi o
primeiro passo da marca em estilo aerodinâmico

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

O fim da década de 1920 e o princípio da de 1930 foram marcantes para a indústria automobilística. Os carros começaram a ter formas mais arredondadas e novas tecnologias foram tomando conta da paisagem das ruas. Nessa época, o grande fabricante de automóveis francês Louis Renault tinha uma ampla gama de automóveis em suas linhas de montagem.

Partia dos modelos com quatro cilindros como o Monaquatre, o Primaquatre e o Vivaquatre. Os de seis cilindros eram o Monastella, o Primastella e o Vivastella. Os mais caros eram o Nervasport, o Nervastella e o Reinastella, todos com oito cilindros. Mas Renault precisava renovar seus produtos e sabia que os concorrentes locais estavam preparando novos automóveis. Tanto a Peugeot quanto a Citroën se preparavam para lançar modelos que seriam pouco ortodoxos. Louis Renault e André Citroën se rivalizavam, quase de forma bélica, mas também se admiravam mutuamente.

O primeiro sedã da linha Celtaquatre, em 1934: portas dianteiras "suicidas", ampla grade inclinada, estribos

Depois de apresentá-lo no Salão de Paris em outubro de 1933, em maio do ano seguinte o construtor de Billancourt colocava no mercado seu novo produto: o Renault Celtaquatre. A moda aerodinâmica estava na ordem do dia, pois um de seus concorrentes — o Citroën 7 e 11 Traction —, lançado quase ao mesmo tempo, tinha linhas bem estudadas e modernas. Mas o novo Renault era um carro bem mais acessível que o rival do Cais de Javel.

Louis não quis ousar em demasia, mas inovou nas linhas arredondadas, rompendo com o passado. Tanto que o carro logo ganhou o apelido de Celta Bola, sobretudo por causa das formas da traseira. Tinha quatro portas, sendo que as da frente usavam abertura "suicida", para trás. Para os lados e para frente oferecia muito boa visibilidade, mas para trás nem tanto, por causa das grossas colunas e do vidro traseiro com dimensões reduzidas. A carroceria em chapa de aço estampado, mas com estrutura interna em madeira, vinha apoiada num chassi com longarinas. Media 3,86 metros de comprimento, 1,51 m de largura, 1,59 m de altura e tinha entreeixos de 2,45 m. Era um automóvel compacto, cujo peso era de 1.020 kg. A plataforma era a mesma do Primaquatre.

Herdado do Monaquatre, o motor de 1,5 litro e 34 cv não oferecia muito em desempenho, mas era econômico e atendia à proposta deste Renault, mostrado aqui na série ADC1 de 1936

A frente tinha faróis circulares inseridos em cones cromados e apoiados nos pára-lamas; grade inclinada e cromada, com frisos verticais; e laterais do capô com discretas entradas de ar verticais. O pára-brisa era montado em uma só peça e os limpadores vinham fixados na parte superior, como na maioria dos carros da época. Existiam as versões Luxo, Gran Luxo e Comercial, esta mais rústica e voltada ao uso utilitário.

Por dentro era muito simples. Sobravam partes metálicas em seu painel, onde o mostrador da marca Jaeger, de forma octogonal, reunia velocímetro, amperímetro, nível do tanque e temperatura da água. O volante em baquelita tinha três raios e no porta-luvas sobrava espaço. O acabamento cuidadoso não decepcionava. Para quatro passageiros oferecia um bom conforto, pois os bancos eram espaçosos tanto à frente quanto atrás. Continua

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Data de publicação: 15/1/08

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