O aristocrata dos automóveis

A Grande Depressão dos anos 30 levou embora o
Isotta Fraschini Tipo 8, ápice do luxo italiano

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

No que tange a automóveis, os italianos são reconhecidos mundialmente por superesportivos como Ferrari, Lamborghini e Maserati e automóveis pequenos e carismáticos, como em especial os da Fiat. Sedãs ultraluxuosos desapareceram dos catálogos da indústria local há muito tempo, o que não quer dizer que um dia não tenham sido comuns. Até os Fiats já foram grandes e sofisticados no início do século passado. No entanto, nesse aspecto nada alcançou a estirpe da Isotta Fraschini, que sempre terá no Tipo 8 sua melhor representação.

Foi na virada do século 20, mais precisamente em 1900, que Cesare Isotta e Vincenzo Fraschini criaram sua marca de automóveis. Três anos depois os carros da Fabbrica Automobili Isotta Fraschini, em Milão, já rivalizavam com modelos da Mercedes, entre outros. Do início até a Primeira Guerra Mundial, a variedade era a nota mais alta nos carros da dupla italiana. Havia motores de 1,3 a 17 litros de cilindrada. Um destes até ficou famoso por ter causado uma fratura de tíbia num acidente envolvendo o compositor Giacomo Puccini, que atrasou a criação de Madama Butterfly.

Acima e ao lado, um Tipo 8A de 1929 com carroceria Castagna Transformable, com uma seção central fechada, a parte traseira rebatível e a dianteira aberta

Com o fim da guerra, a Isotta Fraschini seria reconhecida e aclamada em âmbito internacional. Surgia o luxuoso Tipo 8, com motor de funcionamento suave e silencioso, pronto para se vestir com algumas das mais belas criações dos encarroçadores da época. Lançado em 1919, ele entraria para a história como o primeiro automóvel de série a adotar um motor com oito cilindros em linha, configuração que logo ganharia popularidade ao ser empregada também por outros fabricantes. A apresentação do oito-em-linha já havia ocorrido em 1912, mas a guerra tratou de adiar sua produção em série — que, para sorte e a boa reputação da Isotta Fraschini, continuou sendo uma primazia da marca.

A característica mais notável do propulsor talvez fosse mesmo a suavidade com que funcionava em rotações mais altas. A potência não era sua característica mais notável: com 5.902 cm³, inicialmente gerava discretos 80 cv a 2.200 rpm, valor logo incrementado para 90 cv. A velocidade do Tipo 8 chegava à faixa de 135 a 145 km/h, variação que dependia da carroceria que fosse adotada. O câmbio manual tinha três marchas e acionava as rodas de trás. Os freios atuavam nas quatro rodas, outra novidade introduzida pela marca italiana em 1911. A suspensão era por eixo rígido e feixe de molas, tanto à frente quanto atrás.

Além do interior luxuoso, o mesmo 8A oferecia um notável motor de oito cilindros em linha e 7,4 litros, evolução sobre o 5,9 do primeiro Tipo 8

No aspecto de marketing da época, o que valia eram as hipérboles. Se o Rolls-Royce era anunciado como "o melhor carro do mundo", o Isotta Fraschini era "o aristocrata dos automóveis", uma obra-prima em escala mundial. Se hoje facilita entender a importância desse fabricante italiano por meio de comparações à lendária marca britânica, o alvo mais exato da fábrica milanesa era a espanhola Hispano-Suiza, que se celebrizou no início do século 20 com o modelo H6 e era colocada em nível de igualdade com a Rolls-Royce. Essa primeira leva do Tipo 8 teve 1.380 exemplares produzidos. Continua

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Data de publicação: 24/4/07

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