Uma andorinha que fez verão

O sedã médio Aronde teve importante participação no
crescimento da francesa Simca na década de 1950

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Um objetivo comum a diversos fabricantes é ter uma gama completa para oferecer aos clientes e para enfrentar a concorrência. No início da década de 1950, a francesa Simca contava com produtos desenvolvidos logo após a Segunda Guerra Mundial, como a maioria das empresas européias. Estava com automóveis antiquados e precisava mostrar novos modelos para se reerguer. Foi assim que, em outubro de 1951, no Salão de Paris, apresentou o Aronde.

Buscava agradar a famílias que desejavam um carro de médio porte sem grandes pretensões. Com ele, o dirigente da empresa Théodore Pigozzi rompia seus laços com a Fiat, pois o carro não tinha nada de seus antecessores, como o Simca 8 derivado do Fiat 1100. O novo modelo, cujo nome era dado às andorinhas em francês antigo, teria grande aceitação. Era o primeiro carro francês a ser submetido a uma pesquisa de público e o primeiro Simca com estrutura monobloco. Media 4,06 metros de comprimento, com largura de 1,52 m, altura de 1,54 m e distância entre eixos de 2,43 m.

O primeiro Aronde ou Simca 9 (ao lado e acima) seguia o padrão de linhas arredondadas, comum à época, e usava um motor de 1,2 litro e 45 cv

O automóvel tinha linhas bem arredondadas, seguindo uma tendência mundial da época. Era um sedã de quatro portas e três volumes com dois faróis circulares e grade com cromados, de desenho bem peculiar — parecia um bigode de bandoleiro. Seguia a linha ponton, adotada por alemães e americanos e que rendeu esse apelido à linha 180/190 da Mercedes-Benz. De lado tinha vincos definidos, sem frisos, e atrás lanternas e protetor de placa bem salientes. Suas linhas eram adequadas e pouco ousadas. Théodore Pigozzi era um entusiasta da indústria automobilística e amava sua linha de montagem, mas era um homem prudente e clássico.

Por dentro o Aronde era inovador no painel de plástico. O volante de dois raios tinha próxima a alavanca de câmbio. Um grande mostrador integrava velocímetro e nível de gasolina. Ainda contava com dois bons porta-luvas, cinzeiro e um sistema de aquecimento eficaz. O banco do motorista tinha regulagem do encosto. Eram itens convenientes e pouco oferecidos a automóveis de sua categoria. Em sua faixa de preço concorria com o alemão Ford Taunus, o inglês Morris Oxford e, na França, o Peugeot 203 e o Panhard Dyna Z.

  As mudanças de estilo em 1954 eram discretas, como os "bigodes" da frente em forma de arco e os novos pára-choques

O motor de quatro cilindros, refrigerado a água, tinha comando de válvulas no bloco, cilindrada de 1.221 cm³ e alimentação por um carburador de corpo simples, para desenvolver a potência de 45 cv a 4.500 rpm e o torque máximo de 8,5 m.kgf a 2.600 rpm. Para ir de 0 a 100 km/h o carro levava 28 segundos e a velocidade final era de 120 km/h, um desempenho razoável para sua categoria e época, considerando o peso de 980 kg. Sua tração era traseira e câmbio tinha quatro marchas. A suspensão dianteira independente usava molas helicoidais; a traseira tinha eixo rígido e feixes de molas semi-elíticas. Com estabilidade coerente com a proposta, os quatro freios eram a tambor e os pneus tinham a medida 5,50-15. Continua

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Data de publicação: 7/11/06

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