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Tecnicamente, o Suzulight era um típico exemplo da miniaturização desse segmento japonês. Seu motor a dois tempos de motocicleta deslocava 359 cm³ e era refrigerado a ar. A potência de 15 cv a 4.000 rpm e o torque de 3,48 m.kgf a 2.700 rpm eram tão diminutos quanto o próprio propulsor. O carro media dois metros entre os dois eixos, 2,99 m no comprimento, 1,29 m de largura e 1,40 m de altura. Pesava meros 540 kg.

A tração era dianteira, o que fazia do pequeno Suzuki um dos primeiros automóveis japoneses nessa configuração. E as novidades mecânicas do carrinho não paravam por aí. A suspensão era independente nas quatro rodas e utilizava molas helicoidais, características avançadas na época, assim como a direção por pinhão e cremalheira. A simplicidade no estilo escondia a ousadia da proposta do Suzulight, que merece mérito ainda maior por ele ser o primeiro automóvel de seu fabricante.

Em junho de 1956 a Suzuki alterava o tipo de suspensão, passando a usar um feixe de molas transversal. De todas as versões que compunham a linha, a empresa decidiu se concentrar na produção exclusiva do SL. Ele seria rebatizado Suzulight SF em 1958, ano em que surgia o hoje conhecido logotipo da marca, com dois losangos sobrepostos, formando um “S”. O Suzulight Van, também conhecido como TL, chegava em outubro de 1959 com entreeixos 5 cm maior.

O motor, posicionado transversalmente, já era capaz de produzir 6 cv a mais. Mas a maior novidade desse novo projeto estava, de fato, no estilo. Observando-se o capô, pode-se dizer que o Suzulight TL era até bem semelhante ao modelo que substituía. Atrás, seguia a mesma concepção hatchback. Por outro lado, o teto retilíneo era o que mais destoava do primeiro Suzulight. Era um aspecto que modernizava a aparência do carro e o deixava um tanto parecido com o Mini inglês. O Suzulight Carry, um minipicape de desenho igualmente moderno, se somava à linha em 1961. Junto do TL, ele seria o primeiro modelo da marca vendido fora do Japão.

A última atualização relevante veio em 1962, quando foi apresentado o Suzulight Fronte 360. O propulsor era mantido, com seus 21 cv a 5.500 rpm e 3,2 m.kgf a 3.700 rpm. Como diferenças, podia-se notar que a grade estava mais ampla. Os tradicionais retrovisores próximos à dianteira nos dois lados do capô davam um toque todo nipônico ao carrinho. As janelas laterais contavam com quebra-ventos nas portas e uma imitação desse recurso nos vidros após a coluna central. Como sedã de duas portas, seu porta-malas tinha abertura só na metade inferior da traseira.

O novo carro media o mesmo que o antigo, tanto no comprimento quanto na largura, mas estava mais baixo, com 1,38 m, e ainda mais leve, pesando meia tonelada. Isso o ajudava a alcançar até 85 km/h, marca razoável para um carro urbano da época. O nome Suzulight desapareceu com a chegada do seu substituto Fronte em 1967, um carro de concepção similar, mas com linhas mais fluidas. Originado com o Suzulight de 1962, o nome Fronte se tornou um dos mais fortes entre os modelos da Suzuki. A denominação Carry também teria longa vida.

A particularidade desse fabricante japonês é que, diferente da maior parte das outras marcas do país — exceto a Daihatsu —, ele continua a aprimorar os mesmos tipos de produtos com que chegou ao mercado automotivo cinco décadas atrás. Ainda produz motos, mas também carros e utilitários pequenos, que atendem aos benefícios que o governo japonês concede aos compradores de modelos de até 660 cm³. O carro-conceito Suzuki LC, apresentado no Salão de Tóquio em 2005, prestava homenagem a esses pequenos pioneiros, lembrando que em 1955 o kei jidosha Suzulight já trazia uma fórmula de sucesso para muitas décadas.