O
primeiro automóvel do mundo mais parecia uma charrete amparada por uma
roda de bicicleta menor, na frente, e por duas rodas equivalentes de
aro bem maior, atrás. Como não havia sofisticação alguma no que diz
respeito ao conforto e desenho do veículo, o destaque ficava mesmo com
sua mecânica. O propulsor de 954 cm³ tinha 116 mm de diâmetro por 160
mm de curso. A potência era praticamente simbólica: 0,9 cv a 400 rpm.
Só dava certo porque se tratava de um veículo experimental, no
contexto de uma época muito diferente e porque ele pesava meros 265
kg. Com isso o Patent-Motorwagen atingia 16 km/h.
Já em 1887 Benz concluiu uma versão com várias modificações, antes de
apresentar uma terceira unidade retrabalhada com motor de 1,6 litro,
potência de 3 cv e rodas de madeira. Este seria o primeiro automóvel
efetivamente comercializado no mundo, o que se deu no terceiro
trimestre de 1888. O segundo proprietário seria o parisiense Emile
Roger, que já produzia motores Benz sob licença na França havia alguns
anos. Ele passou a fabricar também os triciclos motorizados do alemão.
Após uma apresentação grandiosa na Feira Mundial de Paris em 1889, ele
faria boa parte das 25 unidades do modelo fabricadas até 1893.
Os primeiros anos do automóvel não pareciam mesmo muito promissores.
Para começar, a gasolina era vendida apenas em farmácias, como produto
de limpeza e em quantidades limitadas. Com a baixa potência, em
subidas era preciso empurrar o Benz. Para ajudar a desmistificar a
dificuldade de conduzir o carro, Bertha Benz, esposa e grande
incentivadora de Karl, levou os filhos Eugen e Richard para visitar a
avó na manhã de 5 de agosto de 1888 — a bordo do automóvel criado pelo
marido, claro, e sem que ele soubesse. Foi certamente a primeira
mulher ao volante de um carro.
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