Por dentro via-se o volante de três raios e um painel extremamente simples — só um mostrador que indicava a carga das baterias. O único limpador de pára-brisa era acionado manualmente, por uma pequena manivela, e havia ainda uma espécie de escova para limpar o vidro do gelo acumulado. Era simples dirigi-lo, pois só tinha dois pedais. Ao pressionar o acelerador, o motorista acionava o motor através de duas resistências elétricas. Se pisasse leve, apenas uma delas entrava em ação; se acelerasse fundo, as duas respondiam e o pequeno motor elétrico se mostrava mais rigoroso. Para diminuir a velocidade ou para parar suavemente era só levantar o pé.

O interior do VLV não poderia ser mais simples: um só instrumento no painel, limpador de pára-brisa, dois lugares que forçavam a intimidade dos ocupantes

O motor da marca Safi desenvolvia potência equivalente a 3,5 cv a 2.250 rpm. Sua velocidade final era de 30 km/h, obtida com quatro baterias de 12 volts montadas em série, que ficavam na parte da frente e somavam um peso de 160 kg. Abastecidas com água destilada nos eletrólitos, forneciam 82 ampères por hora. Os freios eram acionados por cabo e atuavam nas quatro rodas; os pneus semelhantes aos de motonetas usavam a medida 270 x 90.

Interessante era que atrás a bitola era muito inferior à da frente. Mas como a velocidade era muito baixa e o carro não tinha maiores ambições esportivas, a estabilidade — se não se fizessem trapalhadas — era adequada. A autonomia atingia 80 quilômetros ou cinco horas; deveria ser recarregado quando o carro não ultrapassasse mais os 24 km/h. Podia ser abastecido em casa, a partir de um carregador da marca LMT ou Alsthom, em até 12 horas. Bom para quem não precisava sair muito cedo de manhã...

As quatro baterias de 12 volts geravam potência de 3,5 cv, suficiente para levar o pequeno Peugeot à máxima de 30 km/h: bom para transporte urbano -- e com pouco peso

A transmissão era do tipo rosca sem-fim ligada a uma engrenagem helicoidal e esta, por sua vez, transmitida às rodas por uma junta elástica. Para dar marcha à ré acionava-se um botão no painel, que comandava um inversor. Mas nem precisava: podia-se estacionar o carrinho no braço, já que era tão leve. A suspensão dianteira tinha feixes de molas e rodas independentes. Atrás, havia apenas uma mola no centro do eixo, acoplada ao pequeno motor elétrico e à transmissão.

Foram construídos 377 exemplares do VLV entre 1941 e 1942. Foi proibido pelas forças de ocupação de ser produzido, pois estava sendo muito útil, inclusive à resistência. Mas serviu bastante à população da França ocupada. Os poucos existentes hoje estão em museus. Na década de 1990 foram produzidos alguns exemplares do Peugeot 106 movidos a eletricidade e, mais recentemente, também do 206. O pequeno VLV teve seguidores.

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