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Produzido de 1906 a 1925, o Silver Ghost iniciou a reputação da
Rolls-Royce como fabricante de automóveis luxuosos e de qualidade

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A associação entre Charles Stewart Rolls e Frederick Henry Royce começou em dezembro de 1904. Um acordo entre o piloto Rolls, o engenheiro Royce (dono de uma fábrica de motores elétricos e geradores) e Charles Johnson, parceiro de Rolls, definiu a produção de automóveis com motores de dois, três e quatro cilindros, construídos artesanalmente conforme o projeto de Royce. No segundo trimestre do ano seguinte os carros já estavam disponíveis no mercado inglês.

Em meados daquele ano os sócios passavam a trabalhar em um modelo para disputar a prova inaugural Touring Trophy, na Ilha de Man. Um dos carros foi o segundo colocado, o outro teve problemas no câmbio. Johnson, porém, insistia na construção de um motor de seis cilindros em linha, levando Royce a juntar dois de seus três-cilindros com um só virabrequim. A solução inovadora, que resultou em um funcionamento suave, é hoje comum nos motores dessa configuração.

Um selo mostra o primeiro Silver Ghost, modelo 1907, e os fundadores da marca: o piloto Charles Rolls e o engenheiro Henry Royce

Com potência máxima de 48 cv a 1.250 rpm, o motor de Royce destacava-se pelo esmero no projeto e na fabricação. Enquanto a maioria dos construtores embutia o acionamento das válvulas para reduzir o nível de ruído, o inglês optou por um sistema tão perfeito que quase não fazia barulho. O uso de sete mancais de apoio no virabrequim era outra providência essencial na busca pelo silêncio. Também era destaque o carburador, tão bem desenvolvido que o carro podia acelerar de 5 a 100 km/h, na última marcha, sem falhas — algo impossível em qualquer carro da época. O mesmo capricho era percebido em toda a mecânica. Não podia ser diferente: com Rolls ao volante, o modelo denominado 40/50 hp venceu a Touring Trophy, com uma velocidade média de 63 km/h.

No ano seguinte Johnson começava a divulgação promocional do automóvel. Em um tempo de carros repletos de detalhes reluzentes, optou por aplicar uma carroceria prateada ao chassi do 40/50 hp, ornada com faróis e outros acessórios também em prata. O inexpressivo nome enfim dava lugar a algo mais elegante: Silver Ghost, fantasma de prata. A palavra Silver se tornaria quase obrigatória nos modelos que a marca lançaria mais tarde, por todo o século passado. Já o "fantasma" era uma alusão a seu silêncio de funcionamento, um carro que chegava quase sem ser notado.

Um nome justificado: Silver, pela carroceria toda prateada do primeiro modelo exposto; e Ghost, por seu funcionamento silencioso, como um fantasma sobre rodas

O seis-cilindros, refrigerado a água e com válvulas laterais, era generoso nas dimensões — diâmetro e curso de 114,3 mm, cilindrada de 7.036 cm³ —, mas desenvolvia apenas 48 cv. O carro tinha câmbio de quatro marchas, suspensão dianteira com molas semi-elíticas e traseira do tipo plataforma; os freios atuavam apenas na transmissão. Havia duas opções de distância entre eixos, ambas enormes — 3,44 e 3,64 metros —, e o peso total ficava na faixa de 1.700 kg. Como a maior parte dos fabricantes de carros de luxo da época, a RR fornecia apenas o chassi e a mecânica, que custavam cerca de 10 vezes o preço de um Ford Modelo T completo. A carroceria ficava a cargo de empresas especializadas, as encarroçadoras. Continua

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Data de publicação: 10/5/05

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