Com apresentação no Olympia Motor de Londres em novembro de 1906, as primeiras unidades do Silver Ghost foram entregues em abril seguinte. Colocado para disputar uma prova de longa duração (3.200 quilômetros), sob a inspeção do Royal Auto Club, o carro brilhou, estabelecendo uma reputação de qualidade e robustez que acompanharia os produtos da marca dali por diante. Outra prova bem maior, de 24.100 km, seria cumprida sem problemas mais tarde.

A Rolls-Royce fornecia apenas o chassi e a mecânica: empresas especializadas montavam as carrocerias, algumas com estilo bem menos elegante que o do original

Essas virtudes fizeram do fantasma britânico o carro preferido dos nobres e dos ricos. O comunista Lênin teve um, enquanto o imperador do Japão adquiriu dois em 1922. Contribuía para essa predileção o primoroso sistema de atendimento pós-venda, em que técnicos visitavam os clientes regularmente, ou a seu pedido, e realizavam a manutenção a domicílio. Sua resistência e confiabilidade sobressaíam de tal modo que, na Primeira Guerra Mundial, alguns chassis foram convertidos em veículos blindados.

Em 1909 a empresa abandonava a produção dos outros modelos para se dedicar exclusivamente a ele. No ano seguinte, tendo percebido que muitos clientes não sabiam operar corretamente um automóvel, inaugurava um curso de direção. Foi também nesse carro que a RR usou pela primeira vez a estatueta da flying lady, a dama alada, no topo do radiador. A idéia partiu de Lord Montagu, um aficionado por automóveis, que usou sua amante Eleanor Thornton como modelo. Em 1911, modificada pelo escultor Charles Sykes, a peça recebeu o nome de Spirit of Ecstasy (espírito do êxtase) e tornou-se equipamento de série.

O desenho original marca este modelo Bues Labourdette Skiff, de 1914, que já trazia o motor de 7,45 litros

Com o tempo, algumas melhorias foram introduzidas, sem alterações drásticas de estilo, um padrão que também seria comum na marca. Já em 1908 a suspensão traseira adotava molas semi-elíticas; dois anos depois o motor ganhava maior curso dos pistões, 120,7 mm, para uma cilindrada de 7.428 cm³. A velocidade máxima podia chegar a 135 km/h, conforme a carroceria. Em 1913 o modelo de entreeixos curto era descontinuado e o freio acionado pelo pé passava a atuar nas rodas traseiras.

Em 1920 a Rolls-Royce anunciava que o Silver Ghost seria fabricado também nos Estados Unidos, em uma unidade de Springfield, no estado de Massachusetts. Lançado em abril do ano seguinte, o modelo americano era de início idêntico ao inglês, mas algumas alterações foram aplicadas mais tarde, como o volante posicionado à esquerda e um câmbio de três velocidades, mais adequado à preferência local por poucas mudanças de marcha.

Além da operação suave, o Silver Ghost cativou pela robustez e a confiabilidade, aliadas a um programa de assistência a domicílio -- coisas de Rolls-Royce

Junto da produção nos EUA surgia a opção de entreeixos ainda maior, 3,82 metros, que só dois anos depois seria oferecida na versão inglesa. Em 1924 os freios evoluíam para comandar as quatro rodas, com um sistema de assistência mecânica baseado na transmissão. Os pneus 33 x 5,00 em rodas de 23 pol deram lugar aos 33 x 6,75 em aros de 21 pol e, mais tarde, aos 33 x 7,00 em rodas de 20 pol.

Em 1925, depois de 6.173 unidades fabricadas, o Silver Ghost deixava de ser construído na Inglaterra. A produção americana durou um ano a mais e completou 1.703 exemplares, para um total de 7.876 automóveis. Uma curiosidade é que todos saíram com letras vermelhas no logotipo RR à frente do motor. Embora o próprio Royce tenha se decidido em 1933 pela grafia em preto, mais elegante, o fato de o engenheiro ter morrido nesse ano gerou a lenda de que a nova cor seria por luto.

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