Horizontes mundiais

Vendido sob diferentes marcas e denominações, o Omni/Horizon
da Chrysler reproduziu a fórmula do Golf com relativo sucesso

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A subsidiária européia da Chrysler surgiu em 1964, com a compra do grupo inglês Rootes – composto pelas marcas Hillman, Humber, Sunbeam e Singer — e da Simca francesa. Três anos depois era lançado um carro médio-pequeno inovador, o Simca 1100, um hatchback com tração dianteira e suspensão independente nas quatro rodas, conceitos que logo se tornariam comuns no segmento. Passada uma década, porém, o envelhecimento do modelo francês evidenciava-se diante da chegada de opções modernas como o Volkswagen Golf, de 1974.

Enquanto isso, na metade dos anos 70 a Chrysler passava por dificuldades na América. Pagava o preço de ter demorado a reagir à crise do petróleo, oferecendo carros grandes e pesados demais para os novos tempos de gasolina cara, além de enfrentar a crescente concorrência européia (como o próprio Golf, lá vendido como Rabbit) e japonesa — Honda Civic e Toyota Corolla ganhavam espaço naquele mercado com sua eficiência e economia. Diante da situação econômica, um esforço conjunto entre EUA e Europa foi considerado a melhor opção. Nascia ali o projeto C2 para um carro compacto.

A versão americana, vendida pelas marcas Dodge (no alto) e Plymouth (ao lado), tinha faróis recuados e pára-choques maiores que os da européia

Em dezembro de 1977 chegava ao mercado europeu o sucessor do 1100. Fabricado na França, foi chamado de Chrysler Horizon, enquanto no mercado americano estreava no ano seguinte com os nomes Dodge Omni e Plymouth Horizon, vendido sob essas duas divisões da corporação. Foi um dos primeiros "carros mundiais", conceito pelo qual o mesmo modelo era vendido em diferentes países e continentes, com as adaptações necessárias para atender às preferências e legislações de cada mercado. No caso deste Chrysler, a versão para os Estados Unidos exibia faróis recuados, lanternas diferentes, pára-choques mais robustos e novo painel, além de adotar motores diferentes da especificação européia.

O Horizon seguia o estilo retilíneo que estava em voga no final da década de 1970, em um abandono das curvas que marcavam o antigo 1100. Era um hatch de cinco portas e formas agradáveis, com os arcos dos pára-lamas e um vinco nas laterais bem delineados, grandes faróis retangulares e um mínimo de curvas. Visto de traseira, as lanternas retangulares e as largas colunas não negavam sua inspiração no Golf. O interior, contudo, oferecia mais espaço que o do carro da VW, pois o Chrysler era um pouco maior — media 3,98 metros de comprimento e 2,51 m entre eixos. A concorrência no Velho Mundo incluía também o francês Renault 14, os alemães Opel Kadett e Ford Escort e os ingleses Vauxhall Viva e Austin Allegro, embora os três últimos só fossem fabricados como sedãs três-volumes.

Feito na França, o Horizon da Chrysler -- depois Talbot Simca e apenas Talbot -- inspirava-se no Golf, como se nota pelo formato da traseira e as colunas posteriores largas

Três motores eram usados no Horizon europeu. O menor, de 1.118 cm³ e 50 cv, fora herdado do Simca 1100. Os demais, de 1.294 cm³/59 cv e de 1.442 cm³/82 cv (mais tarde haveria o de 1.580 cm³), vinham do Alpine lançado em 1975. O de 1,45 litro permitia alcançar bons 167 km/h e todos usavam câmbio manual de quatro marchas, tração dianteira, freios a disco na frente e pneus 145/80-13. No entanto, adequar esses motores à legislação americana de emissões poluentes seria custoso e penalizaria seu desempenho, já modesto para o padrão dos consumidores nos EUA. Assim, a empresa preferiu recorrer a um fornecedor externo. Continua

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Data de publicação: 12/4/05

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