Praticidade e economia eram pontos altos: com 2,85 metros, cabia em qualquer lugar -- e fazia 20 km/l

O painel quase não justificava o nome: apenas um velocímetro em forma de meia-luz e a luz indicadora de nível de combustível (sem mostrador) eram montados na chapa atrás do volante, com seus dois raios finos. Um jipe seria mais luxuoso. Mas o Vespinha tinha bons recursos para aproveitamento do espaço. O banco do passageiro basculava todo à frente (com o encosto dobrado junto ao assento) para dar acesso ao estepe, o que também permitia transportar cargas maiores. A bateria ficava numa "gaveta" no lugar da grade dianteira (note no desenho acima), uma das mais práticas posições já vistas em termos de manutenção.

Projetado pelo mesmo autor da Vespa, Corradino D’Ascanio, o 400 tinha uma mecânica mais para moto que para carro: um motor de dois cilindros em linha a dois tempos, arrefecido a ar, com 392 cm³ (63 x 63 mm) e câmbio manual de três marchas, das quais a primeira não era sincronizada. Com potência de 14 cv a 4.350 rpm e torque máximo de 2,6 m.kgf a 2.100 rpm, levava-o a 90 km/h, suficiente para os deslocamentos urbanos naquele tempo em que a Europa ainda se recuperava da guerra.

Duas versões de acabamento e um painel simplório, apenas com velocímetro e luzes de alerta

Por outro lado, era muito econômico: fazia cerca de 20 km/l de gasolina, com o que o pequeno tanque de 23 litros rendia em torno de 450 quilômetros de autonomia. Tinha suspensão independente nas quatro rodas, estrutura monobloco, partida elétrica e pneus 4,40-10. O peso ficava em 360 kg, menos da metade de um carro pequeno atual.

Apesar de toda sua inadequação ao gosto americano, o Vespa 400 chegou a ser vendido nos Estados Unidos, com cerca de 1.700 unidades exportadas em 1959 e 1960. O manual do proprietário local convidava o comprador a conhecer melhor seu carro "pequeno mas de primeira classe, que foi desenhado para oferecer um desempenho longo e consistente". E concluía que "seu sonho agora é realidade", um tanto presunçoso em se tratando do país dos Lincolns e Cadillacs...

Pequeno, mas valente: teve 1.700 unidades exportadas para os Estados Unidos e correu o Rali de Monte Carlo de 1959 -- as três unidades completaram a prova

Surpresa ainda maior foi o 400 competir em um rali, o de Monte Carlo, em 1959. Três unidades disputaram e concluíram a tradicional prova, embora sem grande desempenho — devagar e sempre, como seria de esperar. Não foi a única forma de associação à esportividade usada em sua promoção: os pilotos Juan Manuel Fangio e Jean Behra apareciam nas fotos publicitárias, ao volante ou junto do Vespinha. Em 1961, depois de cerca de 28 mil unidades produzidas, a Piaggio encerrava sua fabricação.

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