Carga expressa

Para transportar seus carros de competição nos anos 50, a
Mercedes criou um veloz caminhãozinho com o motor do 300 SL

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Os carros de competição da Mercedes-Benz no início da década de 1950 foram tão marcantes que seria um desperdício conduzi-los, da fábrica aos circuitos e vice-versa, em caminhões comuns. Pensando nisso, em 1952, quando decidiu que retornaria dali a dois anos às corridas de Grande Prêmio, a marca da estrela começou a idealizar um veículo de transporte muito especial.

O utilitário deveria atender a alguns requisitos: ser muito veloz, estável e ter potentes freios. Logo se percebeu que os caminhões da época não estavam aptos à tarefa. A sugestão, assim, foi de uma combinação inusitada que se mostraria ideal: o chassi tubular em forma de "X" do sedã 300 "Adenauer", o motor do cupê 300 SL "Gull Wing" e elementos internos do modelo 180 para a cabine. O veículo não teve nome, mas ficou conhecido como Racing Car Transporter (transportador de carro de corrida).

Muito diferente de qualquer outro utilitário, o Racing Car Transporter usava elementos da cabine do automóvel 180 e componentes mecânicos do sedã "Adenauer" e do cupê 300 SL

O chassi do automóvel foi bastante alongado na frente e na traseira, para dar espaço suficiente a um carro como o W196 de Fórmula 1. A distância entre eixos era de 3,05 metros. Uma cabine de desenho curioso, com um diminuto capô, foi instalada toda à frente do eixo dianteiro, tendo por baixo o motor — na mesma posição que no 300 SL, aliás —, a transmissão e o tanque de combustível, com capacidade de 150 litros.

As linhas arredondadas da cabine, que era a do 180 com largura bem maior, tinham continuidade nas laterais e terminavam numa traseira que fazia lembrar o carro esporte com "asas de gaivota", apesar de bem larga. A região dos dois vidros posteriores era alongada, o que favorecia a aerodinâmica do veículo tanto descarregado quanto em transporte, pois suavizava o fluxo de ar sobre o automóvel que levava. Na seção entre eixos ficava um estepe de cada lado. O caminhãozinho media 6,75 metros de comprimento, 2 m de largura e apenas 1,75 m de altura.

A foto de uma miniatura mostra detalhes curiosos, como a forma da cabine, os estepes nas laterais e a traseira que lembra a do "Gull Wing"

O seis-cilindros em linha de 3,0 litros, dotado de injeção mecânica direta de combustível, desenvolvia potência de 192 cv a 5.500 rpm, bem menos que os 215 cv que alcançava no esportivo original, graças à recalibração com vistas ao desempenho em baixas rotações. O torque máximo de 25,8 m.kgf, porém, ainda surgia em alto regime, 4.700 rpm. A velocidade final ficava em torno de 160-170 km/h, mais que expressiva para um utilitário. Continua

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Data de publicação: 16/11/04

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