Outra curiosidade era que, mesmo sem qualquer participação direta no desenvolvimento do modelo japonês, a Fiat parecia servir mais uma vez de referência para a equipe da Mitsubishi. Além da mesma denominação do popular – e quase microscópico – Fiat 500 lançado em 1957, o desenho do lançamento oriental parecia uma versão três-volumes do modelo italiano. Até a porta em estilo suicida, com abertura inversa à hoje usual, era como a do pequeno Fiat.

Apesar da semelhança, a empresa conseguiu aplicar criatividade. Havia uma falsa grade dianteira que o distinguia, assim como o recorte do capô. O formato das chapas laterais era mais simples que no míni de Turim e, felizmente, o desenho da traseira casava muito bem com a dianteira. Para identificar o Mitsubishi 500 mais facilmente como um automóvel japonês, bastava notar os habituais retrovisores duplos bem à frente no capô, então obrigatórios por lá. Era um carrinho tão carismático quanto os similares europeus.

Embora fosse o primeiro carro projetado pela própria Mitsubishi, o 500 parecia muito o modelo homônimo da Fiat lançado em 1957, só que com um terceiro volume

Custando apenas 390 mil ienes, valor baixo para a época, ele conseguiu atender as metas de custo da Mitsubishi por meio de um projeto racional e eficiente, acessível mas confiável. Seu minúsculo motor de 493 cm³ e a tração eram traseiros, com câmbio manual de três marchas. O 500 era equipado com um dois-cilindros a quatro tempos com refrigeração forçada a ar, comando de válvulas no bloco e 7,1:1 de taxa de compressão. Chegava à nada estimulante marca de 21 cv de potência a 5.000 rpm, mas tampouco era propósito do 500 ter algum desempenho esportivo. Não a princípio.

Sua suspensão era independente nas quatro rodas, configuração bem-vinda para que o carrinho superasse as difíceis condições do asfalto japonês na época com alguma suavidade e controle para o motorista. Freava por tambores. O chassi tinha uma sólida construção monobloco para comportar os quatro ocupantes previstos no projeto. Comprovando que desde cedo os japoneses eram rápidos em aprimorar seus produtos, em 1961 a Mitsubishi já apresentava um motor mais potente.

Uma versão com 100 cm3 e 4 cv a mais era lançada em 1961: foi o bastante para o 500 ir às corridas e vencer o GP de Macau em sua classe

O 500 Super Deluxe era equipado com um motor de 596 cm³ que rendia 25 cv. Foi um impulso modesto em relação ao desempenho do carro, mas o suficiente para que ele partisse para as corridas. Em 1962 o pequeno Mitsubishi ganharia as três primeiras posições na Classe A, de carros movidos por propulsores menores que 750 cm³, no Grande Prêmio de Macau, que marcou a estréia da empresa nas pistas. Foi a maior conquista do carrinho fora do mercado japonês.

Naquele mesmo ano a Mitsubishi lançava o Colt, um nome que dura até hoje na linha desse fabricante nipônico. O 500 não iria tão longe, sendo vendido até 1963. A família de carros de passeio da marca crescia gradualmente e seu simplório pioneiro já havia cumprido seu objetivo com mérito. O Japão estava cada vez mais motorizado e a marca dos três diamantes logo começaria a mirar em novos mercados. O governo local já não precisava mais interferir: dali para frente, o êxito mundial é que ditaria os rumos dos automóveis Mitsubishi.

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