O leão de gravata

O Peugeot 604 preencheu uma lacuna na indústria
francesa ao combinar requinte, conforto e desempenho

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

No princípio da década de 1970, na França, não havia sedãs de prestígio modernos em produção em série. O topo de linha da Renault, no segmento, era o médio R16. Na Citroën o DS, lançado em 1955, já demonstrava sinais de idade apesar de tantas inovações. A Simca tampouco oferecia uma alternativa. Na Peugeot, o 504 vendia muito bem, mas não atendia aqueles que queriam um automóvel  moderno e de alto luxo, que pudesse concorrer com Mercedes-Benz, BMW e sedãs ingleses.

Na fábrica do leão, em Sochaux,  já estava em estudo um sedã de grande porte para fazer frente a estrangeiros. A união desta, mais a concorrente Renault e a Volvo sueca, levou ao desenvolvimento de um projeto de um motor moderno, grande e eficaz. A intenção era um V8, mas a opção final — talvez em virtude da crise do petróleo — recaiu em um V6.

O primeiro Peugeot de seis cilindros desde a Segunda Guerra, o 604 estreava em 1975 com linhas tradicionais, muito espaço e farto equipamento de série

No Salão de Genebra, na Suíça, em março de 1975, era apresentado ao público o sedã 604. Tratava-se de um três-volumes de linhas muito retas e clássicas, com 4,72 metros de comprimento e peso de 1.390 kg. Na frente tinha quatro faróis, sendo os das extremidades retangulares e maiores. Ao centro uma grade preta com o símbolo do leão dourado da empresa.

Seria o primeiro seis-cilindros da fábrica depois da Segunda Guerra Mundial. Era o V6 PRV (Peugeot, Renault, Volvo), de 2,7 litros, que desenvolvia 136 cv a 5.750 rpm e torque máximo de 21,1 m.kgf a 3.500 rpm. A alimentação, com uma configuração inédita, era composta de um carburador de corpo simples e outro de corpo duplo. A velocidade final era de 182 km/h. O mesmo motor equipou o 504 cupê, que venceu vários ralis africanos.

Suspensão independente e freios a disco também atrás, câmbio manual
ou automático e o motor PRV de 136 cv: técnica bem desenvolvida

Sua tração era traseira e dispunha de caixa de marchas manual de quatro marchas ou automática de três, esta produzida pela General Motors na Alsácia, quase fronteira com a Alemanha. A suspensão, independente nas quatro rodas com molas helicoidais, trazia conforto e boa estabilidade, de que os franceses nunca abriram mão. Longe de ser um esportivo, enfrentava bem as estradas sinuosas, mas era mesmo apreciado nas auto-estradas de ótima qualidade da Europa. Estava equipado com pneus 175 HR 14 e freios a disco nas quatro rodas.

Por dentro o 604 era bem confortável para cinco passageiros e as portas se abriam num ângulo de 70º. Os bancos dianteiros, separados, tinham apoios de cabeça e os de trás, para três, eram aconchegantes. Em tecido de qualidade e muito anatômicos, tinham belo desenho. O painel abrigava três grandes mostradores, à direita dos quais ficavam dois instrumentos menores. Continua

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Data de publicação: 18/5/04

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