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Trabant, o símbolo de um
mundo que acabou

O carrinho de plástico produzido por décadas
na Alemanha Oriental terminou junto do socialismo

Texto: Rodrigo Fonseca - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Quando os ventos da mudança sopraram naquele 9 de novembro de 1989, não apenas Berlim seria diferente, mas todo o mundo. Naquele dia milhares de berlinenses uniram-se no muro onde ainda vigorava a ordem de atirar para matar em quem se aproximasse, e juntos derrubaram aquele que, chamado muro da vergonha, fora o símbolo da guerra fria. A crise da DDR (Deutsche Demokratische Republik ou República Democrática Alemã) chegava a seu ápice. Manifestações gigantes em Leipzig e Berlim reclamavam transformações no regime e um novo código de viagem.

P50: o primeiro Trabant, produzido de 1957 a 1962 com um modesto motor de 500 cm3. Mas o estilo mudou pouco até os últimos dias do P601, na foto do alto

Naquele 9 de novembro o Politburo anunciou finalmente o novo código que permitia que os cidadãos viajassem livremente. A ordem só valeria para o dia seguinte, mas os berlinenses não agüentaram esperar. Naquele dia, caía o muro que durante 28 anos separara não só uma cidade, mas famílias e amigos, que finalmente podiam se reencontrar. Era o começo do fim da DDR, que havia comemorado seu quadragésimo aniversário.

Quando, naquele momento de alegria, os milhares de berlinenses antes separados começaram a se juntar, começaram também a ficar expostas as diferenças entre os dois regimes. Uma das coisas que mais chamaram atenção dos alemães ocidentais foi o estranho e fumacento carrinho com que seus irmãos do leste vinham conferir as maravilhas do oeste. Era o Trabant, produzido na DDR desde 1957 pela Sachsering.

Carroceria de plástico, dois cilindros, dois tempos, refrigeração a ar: mesmo com os "avanços" do modelo P601, o Trabi -- como ficou conhecido -- era um carro popular de extrema simplicidade

O regime socialista considerava o automóvel mero meio de transporte, e o carro particular, coisa do sistema capitalista. Os mesmos argumentos foram usados para frear o desenvolvimento de novos produtos -- como uma versão a diesel e um hatchback com motor a quatro tempos, projetado em cooperação com a Skoda, que nunca vingaram.

O Trabant deveria ser o carro do povo da DDR, o automóvel dos trabalhadores. A fábrica ficava na cidade de Zwickau, que antes da Segunda Guerra Mundial havia sediado a produção da Horsch e da Audi, ambas do grupo Auto Union. O primeiro Trabant era um compacto com carroceria de material plástico em configurações três-volumes e perua (Universal), ambas de duas portas apenas, e com desenho simples e condizente com a época. Foi batizado de P50 -- sigla para plástico e para o motor de cerca de 500 cm3.

Além do pequeno sedã era oferecida uma perua de três portas apenas, a Universal, com a mesma mecânica

O plástico, similar à fibra-de-vidro mas de fabricação mais barata e viável para larga escala, não era reciclável, o que criaria um problema nos anos 90: como eliminar as velhas carrocerias abandonadas. A solução foi um fungo capaz de consumir o material. Em 1962 vinha a primeira evolução, o P60, com motor ampliado para 594 cm3. Dois anos depois chegava o P601, com alterações apenas estéticas na dianteira e na traseira, que o tornavam mais retilíneo. Continua

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