


O pioneiro Vincenzo Lancia; na
segunda foto, ao volante
de um Fiat de 50 cv na prova Targa Florio de 1908; e o primeiro logotipo
da empresa |
Em 1999, com o fim do Século XX se aproximando, um comitê resolveu
eleger o Carro do Século. O vencedor, com justiça, foi o
Ford Modelo T. Um fato
que chamou a atenção foi que uma marca italiana, que já havia tempo não
era independente, teve seis carros entre os 100 finalistas eleitos — de
fato, a Lancia foi a marca com maior representação na listagem. E boa
parte desse reconhecimento se devia ao gênio criativo do proprietário e
fundador da empresa, Vincenzo, e de seu filho Gianni.
Vincenzo Lancia nasceu em 24 de agosto de 1881 na pequena aldeia de
Fobello, perto de Turim, Itália. Era o caçula de quatro filhos. Seu pai,
um fabricante de conservas de sopa, fez dinheiro na Argentina antes de
retornar a Turim para iniciar o próprio negócio. Desde cedo o garoto
mostrava um dom para números, o que o levou a cursar contabilidade. No
entanto, o verdadeiro interesse que desenvolvia era por máquinas e
engenharia, tendo ficado fascinado com a então novidade que os
automóveis representavam.
Assim ele se tornou, em 1898, um aprendiz de Giovanni Battista Ceirano,
comerciante de bicicletas de Turim, cuidando do acervo de catálogos
técnicos da empresa. A família Ceirano logo se envolveu na produção de
automóveis, criando diversas marcas no decorrer de algumas décadas. As
mais conhecidas foram Itala, Ceirano, Scat, Star, Junior e Rapid. Mas o
primeiro carro dos Ceiranos foi o Welleyes, surgido em 1898. Projetado
por Faccioli, acabaria servindo como base para a construção do primeiro
Fiat, quando Giovanni Agnelli e os condes Di Bricherasio e Carlo
Biscaretti Ruffia adquiriram a companhia de Ceirano para formar a
própria empresa, em 1899.
Fazendo parte dos funcionários que foram transferidos para a nova
empreitada, Vincenzo, com apenas 19 anos, tornou-se inspetor-chefe da
Fiat, assim como piloto de testes. Em certo ocasião ele foi enviado para
ajudar o conde Ruffia, dono de um carro Benz. O interesse em comum fez
com que logo se tornassem amigos. O conde tornou-se uma importante
influência na carreira de Vincenzo, tendo inclusive criado o logotipo da
Lancia.
A habilidade de Vincenzo na condução de carros impressionava seus
patrões, pelo que ele foi convidado a dirigir os carros de corridas da
Fiat, junto com o então célebre Felice Nazzaro. Obtendo numerosas
vitórias, foi considerado um dos melhores pilotos europeus da época.
Alcançara seu primeiro sucesso em 1º de julho de 1900, na segunda
corrida da Fiat, com uma vitória na corrida Pádua-Vicenza-Treviso-Pádua.
O carro era um Fiat com motor de 6 cv. Logo após, venceu a
Turim-Chieri-Turim.
Dois anos depois, obteve o primeiro posto nas
corridas Sassi-Superga e Susa-Moncenisio.
Em 1904, outra vitória no Susa-Moncenisio, assim como na Copa Florio, em
Brescia, com a velocidade média de 115,87 km/h. No ano seguinte,
correndo nos Estados Unidos, obteve o 4º lugar na Copa Vanderbilt e o
recorde de velocidade para cinco milhas, obtido no circuito de Ormond
Beach. Também participou da Copa Gordon Bennett.
Continua
|