
Depois de perder pela segunda
vez a presidência da GM, Durant abriu em 1921 a Durant Motor Cars, com
modelos de quatro e seis cilindros


Das novas marcas que ele criou,
a Star fazia os carros mais acessíveis para concorrer com o Modelo T,
como o Runabout (acima) e essa perua

A linha Flint oferecia três
carrocerias e três distâncias entre eixos; o motor de seis cilindros do
B-40 era fornecido pela empresa Continental

O Eagle também previa o uso de
motor de seis cilindros, mas essa divisão não vingou: seu único modelo,
acima, saiu pela Flint como H-40

O roadster esporte era uma das
seis versões do catálogo da marca Princeton, voltada ao segmento de
luxo, que usava os motores Ansted

Divisão mais sofisticada criada
por Durant, a Locomobile começou pelo modelo 48; já o ilustrado acima é
um 66 de 1925 na versão Brougham |
Em 1910, no entanto, a General Motors estava perdendo dinheiro e a Ford
vendia mais carros, o que levou um grupo de acionistas de Boston a
expulsar Durant da liderança da empresa. O empresário foi audacioso,
entretanto. Além de ainda manter para si a United Motors, partiu para a
Little Car Company, sediada em Flint — marca cujo nome não se referia a
pequeno, mas ao sobrenome do fundador William H. Little. O carro
fabricado pela Little, que usava esse mesmo nome, era um dois-lugares
com motor de quatro cilindros e potência de 20 cv. Durant não ficou
muito nessa empresa, pois em 1911 criou a Chevrolet, juntamente com o
amigo Louis Chevrolet, um piloto de carros suíço que também era um
projetista de motores de primeira linha. Foi Louis quem escolheu o
emblema da "gravata-borboleta" para a marca — que alguns consideram uma
estilização da cruz da bandeira suíça, mas outros dizem ter sido vista
por ele no papel de parede de um hotel francês onde se hospedou.
Os produtos da Chevrolet rapidamente conquistaram uma grande fatia do
mercado. Tinham motores de seis cilindros em linha com até 4,9 litros de
cilindrada ou de quatro cilindros com válvulas no cabeçote, sofisticação
à época para os mercados que os carros disputavam. O primeiro automóvel
da marca, o Série C Classic Six, era um grande modelo de turismo de
quatro portas e 3,05 metros de distância entre eixos, com o motor de 4,9
litros e 40 cv para levar seu peso de 1.700 kg à velocidade máxima de
100 km/h. A construção desse seis-cilindros usava válvulas de admissão
de um lado do bloco e de escapamento no lado oposto, o chamado cabeçote
em "T". Um desentendimento entre os dois resultou em Durant comprar a
parte de seu parceiro em 1914. Ele ainda adquiriu outras empresas para
aumentar a produção dos Chevrolets. Seus carros tiveram tanto sucesso
que Durant foi capaz de comprar ações suficientes da General Motors para
recuperar seu controle, tornando-se novamente seu presidente em 1916.
Durante a segunda presidência, Durant adquiriu a encarroçadora Fisher
Body e a fabricante de geladeiras Frigidaire, para adicionar à empresa,
e transformou a General Motors Company em General Motors Corporation. Em
1918 a United Motors foi vendida para a GM, mesmo ano em que a
McLaughlin do Canadá, que já produzia carros sob licença desde 1908, foi
adquirida. Durant tratou de contratar para a empresa profissionais
talentosos, como Charles Kettering, que foi o inventor do motor de
partida, e Alfred P. Sloan, administrador brilhante. Em 1920 ele perdia
outra vez o controle da General Motors para os financistas da DuPont e
com isso era demitido da presidência, que acabou ficando para Sloan.
No ano seguinte estabelecia uma nova empresa, a Durant Motors.
Inicialmente tinha apenas modelos com seu próprio nome, como o A-22,
dotado de motor de quatro cilindros e 35 cv, e o B-22, de seis cilindros
e 70 cv. Em um espaço de dois anos a empresa já abrangia uma variedade
de marcas: Durant, Star, Flint, Princeton, Locomobile e Eagle
rivalizavam com as oferecidas pela GM, destinadas a mercados diferentes.
Além de unidades em cinco estados norte-americanos, parte do novo
império incluía uma fábrica no Canadá, que produzia carros com a marca
Frontenac. O mais barato era o Star, concebido para competir com o
Modelo T da Ford. O modelo inicial de quatro cilindros era oferecido
como cupê, sedã, turismo, Runabout e uma perua — a primeira de produção
em série do mundo, feita pelo próprio fabricante do automóvel e não por
empresas de transformação. Em 1924 foi acrescentado um utilitário e,
dois anos depois, um caminhão com capacidade de uma tonelada.
A linha Flint, criada depois que Durant adquiriu uma fábrica da
Willys-Overland em Elizabeth, Nova Jérsei, incluía três opções de
distância entre eixos e versões sedã, cupê e roadster com motor
Continental de seis cilindros e 50 cv. O Eagle viria com propulsor
seis-cilindros da mesma procedência, só que nunca chegou à produção —
deu lugar ao modelo H-40 da Flint. O Princeton, concebido para competir
com Packard e Cadillac no segmento de alto luxo, também tinha motor de
seis cilindros, mas da marca Ansted. Havia seis versões: cupê de cinco
lugares, sedã de sete, sedã-limusine de mesma capacidade, turismo também
para sete pessoas, turismo esporte de quatro lugares e roadster esporte
para três ocupantes. Todos os modelos de cabine fechada contavam com
aquecimento interno. Os mais sofisticados seriam os da Locomobile, marca
que existia desde 1899 e foi adquirida pela Durant Motors em 1922. O
modelo 48, lançado naquele mesmo ano, foi seguido em 1925 pelo modelo
66, disponível com carrocerias sedã, sedã Brougham, turismo e roadster.
Nesse período, seu filho Cliff tornou-se um piloto razoavelmente bem
sucedido, terminando em sétimo lugar a 500 Milhas de Indianápolis de
1923, após liderar por quatro voltas. A Durant chegou a vender 55 mil
unidades em 1922 e a Star foi a sétima marca mais vendida nos Estados
Unidos no ano seguinte, tendo ainda carros exportados para a Inglaterra
com o nome de Rugby. No entanto, Durant não foi capaz de manter o
sucesso. As dificuldades financeiras do colapso econômico de 1929 e a
consequente Grande Depressão provaram-se fatais, com a empresa falindo
em 1933. Durant, que havia se tornado um grande investidor na Wall
Street — contrariando os conselhos de amigos, mas a fim de demonstrar
publicamente sua confiança no mercado de ações —, além de ter a empresa
falida, perdeu praticamente tudo no mercado acionário.
Em 1936, aos 75 anos de idade, estava pobre. Ele e sua segunda esposa
passaram a viver em uma pensão providenciada por Sloan em nome da
General Motors — sua enorme mansão em forma de castelo havia sido
completamente destruída pouco antes da inauguração, por um incêndio
atribuído a um sindicalista desgostoso com Durant. Ele sofreu um derrame
em 1942, que o deixou semi-inválido, e passou a gerenciar uma pista de
boliche em Flint até sua morte aos 85 anos em 18 de março de 1947.
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