Desempenho e meio ambiente

Híbridos ou elétricos, os carros esporte mostram no Salão de
Frankfurt que têm futuro garantido em meio aos limites de CO2

por Fabrício Samahá

A 63ª edição do IAA ou Salão de Frankfurt, que termina neste domingo (27), mostrou mais uma vez que o entusiasmo pelo automóvel e a preservação ambiental podem caminhar juntos. O carro já foi eleito inimigo número 1 dos ecologistas, muito empenhados em combater as emissões de gás carbônico (CO2) veiculares e nem tanto as de outras fontes, embora a participação dos automóveis nessa emissão seja estimada em apenas 20% — o restante se divide entre geração de energia, indústrias e residências.

Como se sabe, o CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, que vem provocando o aquecimento do clima do planeta. Na Europa, fixou-se um limite de 130 gramas de CO2 por quilômetro rodado para a frota de carros novos licenciada em 2012 — o fabricante que não atender ao limite recebe multa. Isso explica o interesse da indústria em, por um lado, buscar alternativas aos tradicionais motores a combustão que possam reduzir a emissão do gás, e por outro, continuar a oferecer aos europeus automóveis com desempenho e prazer de dirigir.

Dois fabricantes alemães de prestígio mostraram em Frankfurt suas propostas para carros esporte. O Audi E-Tron é uma versão  conceitual do R8 em que o motor central-traseiro a gasolina dá lugar a quatro motores elétricos, um para cada roda. Se a potência de 313 cv impressiona, o que dizer do torque? São 458,9 m.kgf, mais que o dobro do produzido por um caminhão Volvo a diesel com motor de 11 litros e 390 cv! Os 4,8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h dão uma ideia do desempenho desse R8 ambientalmente correto.

No caso da BMW, um conceito inédito e não derivado de modelo em produção — o Vision Efficient Dynamics — reúne um compacto motor a diesel e dois elétricos que somam 356 cv e 81,6 m.kgf, permitem acelerar no mesmo tempo do Audi e emitem apenas 99 g/km de CO2. Mesmo que carros de produção com tais tecnologias venham a custar muito caro e não consigam alto volume de vendas nos primeiros anos, cada unidade vendida permitirá à empresa colocar nas ruas alguns modelos com emissão mais alta sem exceder sua cota carbônica.

Fabrício Samahá, editor

Propostas acessíveis
Outras fábricas levaram ao IAA modelos favoráveis ao ambiente que, sem chegar ao patamar de desempenho do E-Tron e do Vision, mostram um futuro interessante para os aficionados. A Peugeot expôs uma versão híbrida com motores a diesel e elétrico do novo cupê esporte RCZ; a Lexus, um conceito que antecipa seu primeiro hatch médio e combina motor a gasolina com elétrico; a Mercedes-Benz, um Classe S híbrido que pode ser recarregado em fonte externa e obtém emissão de 74 g/km; e a Renault, o sedã médio Fluence em versão movida a eletricidade.

É claro que nem sempre se precisa de desempenho elevado, como ao enfrentar quilômetros de trânsito congestionado. Nessas horas, praticidade, economia e pequenas dimensões são de que o motorista necessita. Para esses fins, a Volkswagen apresentou o E-Up, um compacto elétrico que roda 100 km ao custo atual de dois euros se as baterias forem recarregadas à noite, quando a tarifa de energia é mais baixa em alguns países. A Peugeot definiu para daqui a um ano o início de vendas do elétrico Ion, sua versão para o Mitsubishi I-Miev.

Maior que eles, o Mercedes-Benz BlueZero E-Cell Plus usa um motor turbo a gasolina para recarregar as baterias, a exemplo do Chevrolet Volt. Com isso, pode rodar até 600 km sem recarga ou reabastecimento e seu ótimo torque, 32,6 m.kgf, sugere um carro médio com grande agilidade. O mesmo princípio de recarga das baterias a bordo foi usado no Revolte, conceito da Citroën inspirado no clássico 2CV. E da Renault havia mais três propostas elétricas: o furgão Kangoo, o hatch Zoe e o minúsculo Twizy, de apenas 2,30 metros.

Depois que a propulsão híbrida se tornou uma realidade — a Toyota sozinha já vendeu mundo afora mais de dois milhões de carros com essa tecnologia —, a indústria prepara novos passos para conter as emissões de gás carbônico. Para nós, aqui embaixo do Equador, fica a expectativa de quando essas técnicas estarão a nosso alcance.

Mesmo que carros de produção com tais tecnologias não consigam alto volume de vendas nos primeiros anos, permitirão à empresa colocar nas ruas alguns modelos com emissão mais alta sem exceder sua cota.

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Data de publicação: 26/9/09

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