Os carros grandes estão mesmo
em extinção no Brasil. Primeiro, os americanos naturalizados brasileiros Ford Galaxie e Dodge Dart, acompanhados pelo ítalo-brasileiro Alfa Romeo 2300. Todos na década de 80.
Depois foi o Opala, em 1992, seguido após seis anos por seu sucessor Omega, deixando uma lacuna no mercado que talvez jamais venha a ser preenchida
(leia sua história contada de maneira singular nesta edição). E já se fala no desaparecimento de alguns médio-grandes.
Hoje são mais de 1,1 milhão de carros de motor 1,0-litro produzidos por ano, cerca de 70% do total. Todos pequenos.
Racionalmente falando, não houve motivo para que isso acontecesse, seja mercadológico, seja econômico. Brasileiro sempre gostou de carro grande, haja vista a maciça presença de Chevrolets e Fords nas ruas até que surgisse o Volkswagen, que pode ser considerado um marco divisor da preferência do consumidor por carros grandes e pequenos.
O Brasil nunca esteve sozinho nos altos e baixos da economia mundial e tem crescido razoavelmente nos últimos 20 anos. A população economicamente ativa beira os 70 milhões, superior à de muitos países europeus, e tende a crescer. Tivemos uma inflação devastadora entre 1970 e junho de 1994, mas
ainda assim o país não parou. Hoje, a economia encontra-se estabilizada.
O que teria havido, então, para a fuga do carro grande? Um misto de desinteresse da indústria automobilística local e temor, entre os donos de carros, de gastar demais com gasolina -- certamente produto de políticas do uso de combustíveis de assustar qualquer um. Postos que fechavam nos fins de semana, preços que subiam (ou ainda sobem) sem parar.
O desinteresse da indústria resulta, em geral, de análises de mercado que indicam não haver
demanda para a produção local de carro grande (ou mesmo de médio: a
GM declara não haver intenção de fabricar aqui o novo
Vectra europeu). Não era o que pensava Soichiro Honda, um dos maiores símbolos da recuperação do Japão após a Segunda Guerra Mundial: "Quem faz o mercado é o industrial. Faça-se um bom produto que ele será logo aceito".
O quadro hoje é de desespero para quem precisa de carro grande. Taxistas atrás de Omegas usados, polícias usando utilitários-esporte, frotas de empresas se virando como podem com carros médios. Isso tem de ser revertido logo. O Brasil merece.
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