Você está certo,
Ricardo: mistura pobre não quebra motor. O máximo que provoca é funcionamento irregular. O porquê do mito está nos motores da era do carburador sempre
ter sido calibrados ricos, de maneira de baixar a temperatura da câmara de combustão e, em alguns casos de má distribuição de mistura, obter maior potência.
Em particular, motores de seis cilindros em linha, como o do Opala, eram críticos em distribuição de mistura para os cilindros. Assim, quando a mistura era empobrecida (por meio de giclê menor), o que ocorria na maior parte das vezes era a mistura chegar à relação ar-combustível ideal (relação estequiométrica), daí advindo temperaturas de combustão mais elevadas e até
detonação. Foi assim que se criou o conceito de que motor
com mistura pobre quebra.
Ajudou também na formação do mito os motores dois-tempos com
adição de óleo na gasolina, notadamente nos karts, em que mistura mais pobre levava à diminuição da névoa de óleo lubrificante no interior do motor. Ainda, os motores mais antigos, calibrados para funcionar com gasolina sem álcool algum, praticamente não sentem a gasolina atual com mais da quarta parte em álcool, exatamente por sua calibração rica original. Se a mistura desses motores estivesse correta, certamente teria de ser enriquecida.
Saiba que houve tempo em que os motores VW arrefecidos a ar de dois carburadores traziam mistura mais rica no lado esquerdo. Era a maneira de compensar temperaturas diferentes de funcionamento,
pois o fluxo de ar soprado pela turbina de arrefecimento era aquecido pelo radiador de óleo e
chegava mais quente aos cilindros e cabeçote daquele lado.
|