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por Bob Sharp 

Um mito: mistura pobre
não leva o motor à quebra


Ótimo site. Conteúdo variado, explicativo, e que, como diz o ditado: "Agrada a gregos e troianos". Já ouvi muito comentarem que uma mistura pobre pode ocasionar a quebra do motor. Até mesmo adiantar um pouco o avanço da ignição necessitaria de um aumento proporcional na injeção de combustível, para que não ocorra superaquecimento, furo nos pistões, etc. Gostaria de saber se é verdade, e se for, a explicação para acontecer a quebra, já que uma mistura pobre, a meu ver, se assemelha a uma situação de cut-off.

Ricardo Sehaber
Porto Alegre, RS
cole_tricle@zipmail.com.br

Você está certo, Ricardo: mistura pobre não quebra motor. O máximo que provoca é funcionamento irregular. O porquê do mito está nos motores da era do carburador sempre ter sido calibrados ricos, de maneira de baixar a temperatura da câmara de combustão e, em alguns casos de má distribuição de mistura, obter maior potência.

Em particular, motores de seis cilindros em linha, como o do Opala, eram críticos em distribuição de mistura para os cilindros. Assim, quando a mistura era empobrecida (por meio de giclê menor), o que ocorria na maior parte das vezes era a mistura chegar à relação ar-combustível ideal (relação estequiométrica), daí advindo temperaturas de combustão mais elevadas e até detonação. Foi assim que se criou o conceito de que motor com mistura pobre quebra.

Ajudou também na formação do mito os motores dois-tempos com adição de óleo na gasolina, notadamente nos karts, em que mistura mais pobre levava à diminuição da névoa de óleo lubrificante no interior do motor. Ainda, os motores mais antigos, calibrados para funcionar com gasolina sem álcool algum, praticamente não sentem a gasolina atual com mais da quarta parte em álcool, exatamente por sua calibração rica original. Se a mistura desses motores estivesse correta, certamente teria de ser enriquecida.

Saiba que houve tempo em que os motores VW arrefecidos a ar de dois carburadores traziam mistura mais rica no lado esquerdo. Era a maneira de compensar temperaturas diferentes de funcionamento, pois o fluxo de ar soprado pela turbina de arrefecimento era aquecido pelo radiador de óleo e chegava mais quente aos cilindros e cabeçote daquele lado.

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Data de publicação deste artigo: 29/6/02

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