Perfil baixo, portas que avançavam no teto e o estranho farol central, que iluminava as curvas, davam ao Tucker um aspecto à frente de seu tempo

Um desenho mais ousado que o definitivo aparecia neste anúncio de abril de 1947, com para-brisa bem inclinado e uma frente bem resolvida

Corrigida a suspensão, Preston apresentava com orgulho sua criação, apregoada como "o primeiro carro completamente novo em 50 anos"

O chassi perimetral do Tucker e o motor de seis cilindros opostos entre as rodas traseiras, que mantinha 80 km/h com baixíssimo giro, 500 rpm

Os aplausos foram gerais. Sua filha quebrou uma garrafa de champanhe — costume no setor naval — na dianteira do carro, molhando o pai. Era um grande momento para ele.

Revolução   O carro era realmente revolucionário. Possuía carroceria fastback para melhor aerodinâmica (Cx estimado de 0,30, excelente para a época), e bastante ampla. À frente havia três faróis circulares, sendo que o do meio — chamado pela própria empresa de "olho de ciclope" — era direcional para melhor iluminação nas curvas. A intenção original era que os para-lamas acompanhassem as rodas, mas os custos impediram esta e outras ideias. A lateral era musculosa, por conta dos prolongamentos dos para-lamas dianteiros e traseiros, e estes traziam entradas de ar para refrigerar o motor que vinha colocado na traseira, entre as rodas. Com isso o porta-malas vinha na dianteira. A parte posterior do carro exibia lanternas diminutas e uma diferente grade logo acima do para-choque cromado. As portas traseiras eram do tipo suicida, abertas da frente para trás, e as quatro avançavam um pouco sobre o teto para facilitar o acesso.

O Torpedo era grande, medindo 5,56 metros de comprimento, 2,01 m de largura, 1,52 m de altura e com o entre-eixos generoso de 3,25 m. O peso era de 1.905 kg. Por dentro a preocupação com a segurança dos ocupantes foi o ponto alto do projeto. Todo o interior — composto por dois espaçosos bancos inteiriços — era acolchoado, as maçanetas recuadas. O espelho retrovisor maleável se desacoplava com facilidade, evitando ferimentos mais sérios. Não havia nada à vista que pudesse ferir os passageiros. O para-brisa era apenas encaixado: uma pressão interna maior que 6,8 bars aplicada sobre ele o faria ser projetado para fora. E todos os vidros partiam-se em partes não agressivas em caso de quebra.

Havia muitas outras ideias interessantes. Os limpadores de para-brisa e os vidros seriam acionados por um motor hidráulico. Os faróis teriam uma cobertura acionada por células fotoelétricas — fechada de dia, aberta à noite. O carro também possuía uma estrutura de deformação programável, impensável naquela época, e o chassi era do tipo perimetral para proteger a cabine. A caixa de direção vinha atrás do eixo dianteiro, mais protegida em caso de impacto frontal para não ferir o motorista. Motor e transmissão eram montados em uma espécie de subchassi que podia ser baixado em poucos minutos, com a retirada de apenas seis parafusos, para fácil manutenção. Trocar um motor inteiro levava apenas uma hora. As conexões de linhas de óleo, gasolina e elétricas eram do tipo aeronáutico, destravadas com um só movimento.

No projeto inicial o motor seria um seis-cilindros opostos de exagerados 9,6 litros de cilindrada — mais de 1,5 litro por cilindro! — com bloco e cabeçotes de alumínio, câmaras de combustão hemisféricas, ignição eletrônica, escapamento individual (seis tubos do motor até as saídas sob o para-choque traseiro, o que permitia análise dos gases queimados em cada cilindro) e um mecanismo hidráulico para o acionamento das válvulas, sem árvore de comando. Com potência de 150 cv e o vigoroso torque de 62,2 m.kgf (valores brutos), o propulsor foi projetado por Harry Miller, parceiro de Preston desde os tempos da construção de carros de corrida vencedores em Indianápolis. Com ele o sedã era rápido: acelerava de 0 a 100 km/h em 10 segundos, ótima marca para a época, e deveria manter 160 km/h por longo período e ter longa vida útil, o que era possível imaginar com a rotação de apenas 500 rpm a 80 km/h. Nas retas da pista oval de Indianápolis o Torpedo fez jus ao nome, cravando 190 km/h. Continua

Em escala
Embora com uma história curta, o Tucker pode ser encontrado facilmente em miniaturas. A Yat Ming, por exemplo, produz o modelo em escala 1:18 com detalhamento muito bom.
Pode vir em vermelho e azul e com abertura de todas as portas, além de detalhes do motor e interior. A mesma marca oferece o carro em escala 1:43.
Os mais exigentes em qualidade e precisão podem optar pela da Franklin Mint, na escala 1:24. O sedã em azul claro, vermelho ou verde-musgo é rico em detalhes externos, internos e da mecânica.
A Johnny Lightning oferece um pequeno Torpedo em cores fortes, como um verdadeiro carro customizado, na série Holiday Classic. Vem em escala 1:64.

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