Freios a disco com área integral de atrito, transmissão baseada em conversor de torque, injeção de combustível: inovações que tiveram de ser abandonadas
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American Auto Factory (Automotive History and Personalities) - por Barney Olsen e Joseph Cabadas, editora Motorbooks. Nesta obra de 192 páginas, os autores fazem um apanhado sobre as principais fábricas de automóveis dos Estados Unidos, desde o início até as modernas instalações de hoje. Concentrando a história em um período muito importante, os anos entre 1920 e 1950, os autores não deixam de fora as questões relativas ao modelo idealizado por Tucker.
 

Painel acolchoado e para-brisa que se soltava em um impacto traziam segurança aos ocupantes; os instrumentos ficavam atrás do volante

Um motor de helicóptero substituiu o inicial com mais potência, 166 cv

A suspensão independente nas quatro rodas com braços de alumínio era outro atributo avançado, a um tempo de eixos rígidos até na frente de alguns modelos, e um arranjo da dianteira evitava desvios de direção em caso de estouro de um pneu. Os freios a disco tinham área de atrito por toda sua superfície e permitiam, segundo a empresa, frear em dois terços do espaço de um carro similar com tambores. Em caso de desgaste estava prevista a substituição de todo o conjunto e não apenas das pastilhas, como se faz nos discos de hoje.

Se era revolucionário por um lado, por outro o Tucker adotava soluções estranhas. A primeira caixa de câmbio cogitada mostrou-se incompatível, pois havia sido projetada para motor e tração dianteiros. O projetista da famosa caixa automática Dynaflow da Buick então desenhou a transmissão Tuckermatic, baseada em conversores de torque e que se caracterizava por possuir apenas 27 peças, contra em média 90 das concorrentes. Embora criativa, a solução foi fonte de problemas — o maior deles, o de não ter marcha à ré. Além disso, os discos de freio exigiam pressão elevada no pedal e a injeção de combustível foi abandonada pela escassa assistência técnica especializada. Por pouco o velocímetro não foi montado sobre o capô, excentricidade preterida em favor do modelo tradicional.

Declínio   A recepção ao "sonho americano" não poderia ter sido melhor: cerca de 300 mil pessoas fizeram suas encomendas e Preston levantou US$ 28 milhões para impulsionar o projeto. Pretendia terminar 1948 com a produção diária de mil unidades. Mas nem tudo ia bem. O motor tinha problemas com o acionamento de válvulas, que não se abriam devidamente até a pressão do óleo aumentar, o que dificultava a partida. Depois de longa insistência, Tucker aceitou trocá-lo. Tentou um Lycoming aeronáutico, mas não havia espaço. Optou então por um Franklin de helicóptero Bell, com 5,8 litros e também seis cilindros opostos.

Com 166 cv e 51,4 m.kgf, levava o carro a 190 km/h, mas foi necessário converter o arrefecimento de ar para água, sendo então desenvolvido o primeiro sistema selado para esse fim. Preston comprou a Franklin para assegurar o fornecimento de propulsores. Em setembro de 1948 era feito um programa de testes no circuito de Indianápolis. Um dos carros capotou e o motorista saiu praticamente ileso, comprovando sua segurança. A transmissão com conversores de torque foi abandonada em favor de uma caixa manual de quatro marchas — a do Cord 812, recondicionada — e os discos de freio deram lugar a tambores. Com essas mudanças, o tempo de desenvolvimento e os custos aumentaram e o dinheiro sumia ainda mais rápido. Continua

Nas telas
É possível contar nos dedos os filmes em que algum carro é o personagem principal. Podemos elencar a série Se Meu Fusca Falasse, com o Volkswagen Sedã; Christine - O Carro Assassino, com o Plymouth Fury; e Tucker: Um Homem e seu Sonho (Tucker - The Man and his Dream, 1988), que conta toda a trajetória de Preston Tucker e seu Torpedo.

O filme é dirigido por Francis Ford Copolla (famoso pela série O Poderoso Chefão e por filmes como Apocalipse Now), que tinha essa ideia em mente já em 1975. O personagem principal é vivido por Jeff Bridges. Para recriar a atmosfera da época, a produção do filme reuniu 22 dos 46 Tuckers que ainda existem nos EUA. Uma antiga fábrica da Ford foi o cenário da Tucker Corporation. Conta-se que em uma das cenas um Studebaker 1951 recebeu pesada maquiagem para se parecer com um autêntico Torpedo.

Assistindo à trama, pode-se imaginar a frustração de Preston ao perceber que algumas de suas ideias não eram viáveis, enquanto outras não encontravam apoio nos investidores de que ele precisava.

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