
Antes que a produção pudesse
crescer, Shelby repintava o exemplar único do Cobra após cada teste para
que a imprensa não percebesse |
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Em meio a tantos fabricantes de réplicas de Cobra, alguns
construtores extrapolaram com competência. Foi o caso da empresa
alemã Weineck Engineering, situada em Bad Gandersheim, cidade ao
sul de Hanover, com o Weineck Cobra 780 lançado em 2006.
O aspecto muito ameaçador, com uma enorme tomada de ar sobre o
capô, dá apenas uma noção do que há ali por baixo: um motor V8
em alumínio com 12.782 cm³ (não há erro de digitação: são 12,8
litros ou 780 pol³), potência de 1.100 cv a 7.000 rpm e torque
de 179 m.kgf a 5.600 rpm. O tempo de 0 a 100 km/h? Pouco
importa: de 0 a 300 km/h bastam 10 segundos! O bruto utiliza
carroceria de fibra de carbono com linhas quase idênticas às do
roadster de Carroll, mas com para-lamas bem alargados para
caberem os pneus dianteiros 255/40 R 18 e traseiros 315/35 R 18;
os freios são da marca Brembo. Apenas 15 unidades foram
produzidas. |
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O
primeiro protótipo contou com a ajuda de um amigo de Carroll, Dean Moon,
que tinha uma oficina muito bem-equipada em Santa Fe Springs, não muito
longe de Los Angeles. Denominado CSX (Carroll Shelby Experimental, esta
última palavra sempre indicada por "X" no inglês), o carro começou a
rodar em fevereiro de 1962. No mês seguinte começavam as
operações da Shelby American na Princeton Drive em Venice, Califórnia.
Em julho o CSX chegava a uma concessionária no estado da Pensilvânia, no
norte do país, onde havia outro amigo que o apoiava desde o princípio do
projeto. Logo depois, outros também recebiam fotos e especificações. Os
representantes estavam satisfeitos, pois tinham um carro para competir
em pé de igualdade com o Corvette, apesar de mais rústico no acabamento.
Como os chassis da AC demandavam grandes alterações e a produção
demorava a decolar, o texano se deslocava pelos EUA apresentando o mesmo
carro, que mudava de cor de tempos em tempos — ou após cada teste de
revista — para que a imprensa não soubesse que se tratava de exemplar
único.
Na publicidade, posava ao lado do belo roadster de cor clara uma bonita
mulher — a secretária de Carroll. O anúncio trazia inscrito Shelby AC
Cobra - Powered by Ford, ou motorizado pela Ford, na parte inferior
e na superior a expressão "Buy it... Or watch it go by!" ou, numa
tradução livre, compre ou veja ir embora. O nome Cobra, segundo Carroll,
lhe apareceu como em um sonho e foi anotado em um papel ao lado da cama.
Quando acordou no dia seguinte, o texano não teve dúvidas de que era a
denominação perfeita para o carro (vale notar que a palavra cobra em
inglês identifica a espécie naja e não as cobras em geral, que são
snakes).
O pequeno bólido tinha 3,87 metros de comprimento, 1,5 m de largura e
1,27 m de altura. Seu entre-eixos era de 2,28 m e pesava 950 kg, muito
leve para um V8, graças à carroceria em alumínio. Chassi e carroceria
eram feitos na Inglaterra e enviados aos EUA para a montagem do
restante. O motor V8 tinha bloco e cabeçote em ferro fundido e
comando de válvulas no bloco, era
alimentado por um carburador de corpo quádruplo da marca Holley e
fornecia potência de 260 cv e torque de 37,2 m.kgf (valores
brutos, padrão neste artigo até 1971). A caixa de quatro marchas Borg-Warner tinha todas elas
sincronizadas e a tração era traseira.
Os freios Girling eram a disco nas quatro rodas. A suspensão
independente nas quatro rodas, por braços sobrepostos, usava molas
semi-elípticas transversais na frente e atrás e era bastante firme. A
direção, do tipo setor com rosca sem-fim, foi muito problemática nas
primeiras provas em circuitos — dura e às vezes imprecisa, não ajudava a
controlar o carro arisco em situações de limite.
Continua
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