
As portas agora se abriam para
frente: as "suicidas" caíam em desuso


No modelo 1965 (em vermelho),
capô e grade maiores; dois anos depois vinha o motor V4 e, em 1969, nova
remodelação da frente (carro verde)


O interior de 1969 ainda
guardava muito em comum com os de 20 anos passados; o modelo 1978
(acima) é um dos últimos da longeva série |
O GT
750 dava lugar em 1962 ao GT 850, com o motor de maior cilindrada e
freios dianteiros a disco. O mercado britânico recebeu esse modelo com o
nome Saab Sport, mas em 1966 ele foi renomeado Saab Monte Carlo para
todos os países, em alusão ao rali em que o 96 vinha se destacando (leia
boxe sobre competições).
No 96 convencional a potência subia 2 cv em 1965, graças aos três
carburadores, e o capô ficava pouco mais longo com a montagem do
radiador à frente do motor (antes atrás e mais elevado, por causa do uso
de termossifão). A grade era ampliada e passava a alojar os faróis,
ainda circulares. Mas modificações bem mais abrangentes estavam a
caminho: em um projeto conduzido em grande segredo, a Saab estava para
adotar um motor a quatro tempos.
O 96 — assim como a perua 95 e o Monte Carlo — recebia em 1967 a unidade
de quatro cilindros em "V" e 1,5 litro do
Ford Taunus 15M (curiosamente,
os dois-tempos da DKW também haviam sido abandonados quando a marca
passou ao controle da Volkswagen). O V4, que usava
árvore de balanceamento para uma
operação suave, oferecia 55 cv (65 no Monte Carlo) e vantagens como
menor emissão de fumaça e marcha-lenta mais suave. A roda-livre era
mantida, fato único em um carro quatro-tempos na história.
O V4 foi testado em 1967 pela Road & Track. A aceleração de
0 a 96 km/h passou a ser feita em 17,5 segundos, apenas razoável, mas o
motor foi elogiado pela maciez de funcionamento. "Você terá de apreciar
a construção sólida e o cuidado óbvio com que ele foi montado. Qualquer
um que pense que um carro tem de pesar uma tonelada e meia para passar
uma boa sensação deveria ser apresentado ao Saab. Embora o peso do V4
seja de apenas 865 kg, ele dá a impressão de grande rigidez e
resistência", acrescentou a revista.
O motor a dois tempos ficava disponível só por mais dois anos e, nos
EUA, vinha reduzido para 819 cm³ — forma de contornar as normas de
controle de emissões poluentes, que valiam apenas para motores de 50
pol³ ou mais. O para-brisa e o vidro traseiro voltavam a crescer em
1968, quando o Monte Carlo deixava de existir. Dois anos mais tarde o 96
ganhava produção em Uusikaupunki, na Finlândia, em associação entre Saab
e Valmet.
Poucas alterações se seguiram, como a frente com faróis retangulares, em
1969, e o aumento de potência do V4 para 65 cv em 1977. Nos EUA ele
usava uma versão de 1,7 litro do motor Ford, de modo a compensar as
perdas de desempenho pelos equipamentos de controle de poluentes, pois
as normas norte-americanas a respeito eram então bem mais severas que as
vigentes na Europa. Curiosamente nunca abandonou a disposição da
alavanca de câmbio na coluna de direção, que já era um tanto rara em
automóveis de seu porte nos anos 70.
Apesar do lançamento do modelo 99 — de
projeto bem mais moderno — em 1969, o tradicional 96 teve surpreendente
sobrevida: foi produzido até 1980, em total de 547 mil unidades (o Saab
mais vendido até então, sendo pouco mais tarde superado pelo 99). Depois
da série 92/96 a marca sueca abandonou para sempre as formas
arredondadas, aderindo a um estilo robusto e sisudo, como o de sua
conterrânea Volvo.

|