

A traseira não tinha tampa para
acesso à bagagem na versão inicial
do 92; o motor fornecia 25 cv e a transmissão contava com roda-livre |
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Amplo volante, instrumentos em
linha horizontal, retrovisor no painel |
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Outro item peculiar
— e comum ao
DKW
— era
a roda-livre: quando acionada,
bastava deixar de acelerar para que o carro rodasse solto, como se
estivesse em ponto-morto, sem o efeito de freio-motor. Além da economia
de combustível, havia ali uma medida de segurança, pois motores a dois
tempos são mais propensos ao travamento de pistões quando submetidos a
longos períodos de esforço. Caso isso acontecesse, a roda-livre manteria
as rodas girando enquanto o motorista buscasse com a inércia um local
para parar, evitando seu perigoso travamento.
As primeiras unidades do Saab atraíram atenção ao chegar às
concessionárias, em janeiro de 1950, com um expressivo conteúdo
nacionalizado de 83%. Naquele ano foram vendidos 1.246 carros
—
todos no mesmo tom de verde! Ao que se conta, tratava-se de
aproveitamento de toda a tinta em cor militar adquirida pela empresa nos
tempos de conflito para pintar aviões.
A inglesa Autocar, mais antiga revista de automóveis do
mundo, testou já em 1949 o modelo 92. "Ele tem muito em comum com o DKW
alemão que, até a guerra, era um dos carros mais populares na
Escandinávia", observava a publicação. Ao volante, boas impressões: "A
direção é leve e rápida. O 'arrasto' da tração dianteira está ausente. A
posição do motor, não ortodoxa, permite uma distribuição de peso
favorável e conforto adicional aos passageiros. O fato de que o Saab
leva 50% de seu peso sobre as rodas dianteiras, quando todo carregado,
sugere que ele tenha ampla tração em condições de gelo".
E o comportamento do 92 convenceu mesmo a revista: "Como meio para obter
médias de velocidade fantásticas em estradas ruins e sinuosas, ele tem
poucos rivais em sua classe. O motor é silencioso até cerca de 90 km/h e
os freios provaram-se muito eficientes. Damos ótima nota para a
suspensão: não apenas as piores ondulações foram amortecidas com
eficiência, como ele pode fazer curvas a velocidades que colocariam um
carro mais convencional para fora da pista.
Elogiado também pelo interior espaçoso, o baixo consumo e os
equipamentos de série, o Saab levou a Autocar a concluir
que seria difícil "reclamar seriamente de um sedã familiar de dois
cilindros que pode atingir 85 km/h sem esforço e tem a estabilidade de
um verdadeiro esportivo".
As evoluções
Em 1951 e 1952 apenas
detalhes foram modificados até que, em 1953, seu nome passasse a 92B. A
novidade estava no porta-malas, agora acessível pela traseira (antes,
apenas ao rebater o banco) e 32% mais espaçoso; também o vidro posterior
ficava bem mais amplo. Para se tornar ainda mais versátil, era possível
retirar o banco traseiro, aplicando uma caixa ideal para transporte de
carga, ou reclinar os bancos para fazer da cabine um dormitório para
duas pessoas.
No ano seguinte vinham um novo carburador que elevava a potência a 28
cv, melhor aquecimento interno e a opção de um amplo teto solar de
material têxtil, para aproveitar o escasso sol da Suécia. A produção do
92B durou até 1956. Em dezembro de 1955 era introduzido o Saab 93, com
novo motor de três cilindros, ainda a dois tempos, e 33 cv. O estilo
básico era mantido (incluindo o para-brisa bipartido por mais dois
anos), mas havia molas helicoidais na suspensão, em vez de barras de
torção, e sistema elétrico de 12 volts.

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