A traseira curta não se harmonizava muito com a frente longa, mas o mercado pediu e a Renault atendeu com o R21 de cinco portas, lançado em 1989

A tração integral apareceu no mesmo ano e passou por evolução já em 1990, quando a linha recebia alterações na frente e nos para-choques

O Turbo tornou-se o carro preferido da polícia francesa para a interceptação dos mais velozes nas auto-estradas. Quando se via pelo retrovisor o carro azul com uma larga faixa vermelha e branca sobre o capô, era melhor encostar... A mesma L'Automobile o colocou frente a frente ao Sierra Cosworth com turbo e 16 válvulas, que era mais potente (204 cv) e 30% mais caro. O Renault foi considerado melhor em retomadas, espaço, equipamentos de série, instrumentos, consumo e estabilidade, perdendo para o Ford em aceleração, direção, freios e conforto. A aerodinâmica destacava-se na categoria e contribuía para a velocidade máxima muito próxima da obtida pelo Sierra. A revista concluiu por um empate, o que tornava louvável o trabalho dos franceses diante da diferença de preço.

Em 1988 o médio da Renault já ocupava o terceiro lugar nas vendas da França. As versões a diesel também faziam sucesso. A mais acessível vinha com 1.870 cm³, injeção mecânica, 65 cv e 12,5 m.kgf. Nas versões SD e GSD, fazia de 0 a 100 km/h em 16 segundos e sua velocidade final era de comportados 160 km/h. A mais apreciada era a Turbodiesel DX. O motor de 2.068 cm³ recebia turbo Garrett T2 com resfriador de ar para obter 88 cv e 18,5 m.kgf. O consumo de 17,5 km/l a 100 km/h agradava a pessoas que usavam muito o carro em viagens e queriam combinar desempenho e economia. Ele fazia de 0 a 100 km/h em 13,8 segundos e tinha final de 175 km/h. Por fora tinha grade diferenciada.

Um motor com concepção inédita também chegava. Tratava-se da versão TXI, com a mesma cilindrada de 2,0 litros e cabeçote com três válvulas por cilindro, sendo duas de admissão e uma de escapamento. Essa configuração mista foi usada por várias marcas nos anos 80 e 90, com o intuito de obter mais potência que com duas válvulas sem o custo dos motores de quatro. Com 140 cv e 17,9 m.kgf, fazia de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e tinha final de 210 km/h. Mostrava muito fôlego e era robusto.

Cinco portas, tração integral   Em 1989 aparecia no Salão de Frankfurt a versão de cinco portas do R21. Se esteticamente não era primorosa, pela traseira algo curta para o comprimento da frente, atendia à preferência de alguns mercados por esse tipo de carro. Os críticos diziam que o R16 estava de volta... Boa novidade era a versão 4x4, com tração nas quatro rodas e diferencial central Torsen, o que melhorou ainda mais o comportamento dinâmico do carro. O torque era transferido 65% para frente e 35% para trás. Usava o mesmo motor do Turbo e estava disponível também para a perua Nevada. Era a resposta da Renault ao Peugeot 405 e ao BX de tração integral, além dos Audis. Continua

No Mercosul
A Renault tem longa tradição na Argentina, onde firmou em 1959 um acordo com a Industrias Kaiser Argentina (IKA) para produção sob licença de modelos franceses na fábrica de Santa Isabel, na província de Córdoba. Em 1975 surgia a Renault Argentina S.A., nome que mudaria em 1992 para Ciadea (Compañía Interamericana de Automóviles).

A empresa começou a fabricar ali o R21 no fim de 1988. Ofereceu os modelos sedã, hatch e perua Nevada com motores a gasolina de 2,0 e 2,2 litros e duas válvulas por cilindro (de início só com carburador, depois com opção de injeção eletrônica e 110 cv) e a unidade 2,1 a diesel. Foi desenvolvida também uma versão de 1,6 litro e 73 cv, inexistente na Europa. A produção da linha foi até 1996.
No Brasil, a Renault estreou como importadora em 1992 e aproveitou o benefício fiscal do Mercosul para trazer sem imposto de importação a linha R21. Vieram o sedã em acabamento GTX com motor 2,0, o TXE 2,2 e as Nevadas GTX e TXE, estas sempre de 2,2 litros. Havia opção de banco suplementar no compartimento de bagagem da perua.

Como a marca não desfrutava aqui a sólida tradição que tinha na Argentina, sua aceitação foi modesta. Mas não faltavam atributos, pois a concorrência nacional estava um tanto defasada, com opções como Monza, Santana, Versailles e Tempra, e os importados de outras origens eram caros. No caso da Nevada, VW Quantum e Ford Royale eram as adversárias diretas. A importação cessou em 1995.
Nas telas
Ronin Táxi Nikita Socorro, Chamem a Polícia
Um dos filmes com perseguições mais memoráveis é Ronin, de 1998, dirigido pelo grande John Frankenheimer, que fez Grand Prix em 1966. O elenco é de primeira, com Robert de Niro no papel de Sam, Jean Reno que faz Vincent, a bela Natascha McElhone como Dierdre, Jonathan Pryce que faz o vilão Seamus e Stellan Skarsgard como o também vilão Gregor. Em Paris, Sam e Vincent em um Peugeot 406 perseguem os outros três em um BMW M5. Entre ruelas, praças, avenidas, pontes e túneis, destroem vários carros em alta velocidade, desrespeitando tudo pela frente. Num dos túneis, entram na contramão. Seamus, no banco de trás do BMW, dispara contra o Peugeot. Na segunda tentativa acerta o motorista de um Renault 21 azul, que rodopia e bate num poste. Outro R21 é batido logo no início da perseguição. Um filme para ser visto e revisto e ficar na fitoteca de qualquer aficionado.

O francês Táxi, de 1995, teve três sequências. A edição de 1998 continua em Marselha, no sul da França. Daniel Morales interpreta o motorista de táxi Samy Naceri. Ainda conta com Frédéric Diefenthal, Marion Cotillard, Manuela Gourary, Emma Sjöberg e Bernard Farcy. Um dos produtores é Luc Besson. Um R21 Turbo azul de 1987 aparece em várias cenas.
Também de Besson é o drama policial Nikita, de 1990. Os atores são Anne Parillaud (como Nikita), Marc Duret, Patrick Fontana e Alain Lathière. Nikita é uma transgressora de leis, viciada em drogas pesadas, e é condenada por assassinar um policial. Aparecem em várias cenas uma R21 Nevada e um sedã da polícia francesa. Tão bom filme que ganhou até uma série de TV.

Ripoux Contre Ripoux (1989) é um policial francês muito engraçado que se chamou aqui Socorro, Chamem a Polícia. Com o grande Philippe Noiret no papel do policial corrupto René Boisrond, seu companheiro é François Lesbuche (Thierry Lhermitte). Envolve atores famosos franceses, belas ruelas parisienses e muita ação. Uma Nevada é o veículo principal da dupla.

A série Julie Lescaut conta o cotidiano de uma policial francesa. O início foi em 1992 e já conta com 82 episódios, de grande sucesso na Europa. Passou por aqui um bom tempo em um canal a cabo. As investigações são interessantes e a equipe de atores que fazem os policiais franceses são de primeira qualidade. Durante muito tempo um R21 cinza foi seu fiel companheiro.

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