Na frente a suspensão era independente e atrás usava eixo rígido, sempre com molas helicoidais. Com distância do solo de 235 mm, o Niva estava apto a enfrentar até 510 mm de profundidade na água. Os freios eram a disco na dianteira e a tambor na traseira com servoassistência. O estepe vinha guardado no cofre do motor junto a um completo kit de 21 ferramentas. Dos 3,72 metros de comprimento, 2,20 m ficavam entre os eixos; na largura o Niva media 1,68 m e na altura 1,64 m. As rodas de aro 16 vestiam pneus lameiros. Pesava 1.190 kg, admitia 360 kg de carga útil e 42 litros de gasolina no tanque.

O desempenho do Niva era modesto (máxima de 130 km/h), mas compensado por atributos como a boa suspensão, o vão livre do solo de 235 mm e a robustez da mecânica

Talvez o que mais chamava atenção num primeiro contato fosse mesmo seu estilo, equilibrado e bem peculiar. Semushkine conferiu um caráter forte e próprio ao modelo como nenhum outro carro desenvolvido pelos russos conseguiu até hoje — e o fez com soluções simples. A principal delas são as luzes de direção dianteiras acima dos faróis, que formavam um conjunto com a grade. Essas luzes criam um desnível no recorte do capô, que se prolongava pelas laterais dianteiras. Outros piscas, instalados nas laterais tanto na frente quanto na traseira, eram unidos por um vinco logo abaixo das maçanetas.

Pára-choques bojudos e com guarnição de borracha e cantos em plástico preto não só acentuavam o caráter fora-de-estrada, como estavam em dia com o desenho mundial de automóveis. As colunas relativamente grossas e com ângulos suavizados por curvas eram um contraponto às linhas rigorosamente retas do Range Rover, tão dentro da cartilha de estilo daquela década. As traseiras tinham três saídas de ar nas laterais. Retrovisores externos e maçanetas eram cromados e as portas incluíam quebra-ventos. Lanternas horizontais atenuavam o aspecto de utilitário do Niva.

Importadores da Lada em vários países e fabricantes de acessórios deixavam o jipe mais atraente, com acessórios de aparência ou que ampliavam sua capacidade fora do asfalto

Um novo tempo   Os anos 80 ajudariam a estabelecer mundialmente o nome Lada Niva, graças a suas marcantes passagens pelo automobilismo (leia boxe abaixo). Além de uma caixa de cinco marchas em 1985, e bem ao ritmo do mercado russo, a evolução do modelo não demonstraria qualquer sinal relevante de melhorias até 1993 — pós-perestroika, pós-glasnost, pós-queda do muro de Berlim, enfim, todas as mais importantes reformas políticas e econômicas do leste europeu iniciadas nos anos 80. Continua

Nas pistas
Nos anos 80, a reputação mundial do Niva se firmou através do esporte. Além de ajudar a popularizar o automobilismo fora-de-estrada na Europa, como faria no Brasil nos anos 90, ele também se destacou em competições de renome. O importador francês Lada-Poch foi um dos mais responsáveis por isso, com seu protótipo Niva preparado para o célebre rali Paris-Dacar. E bota preparo nisso! O utilitário simplesmente foi equipado com um motor Porsche de seis cilindros, instalado na traseira.

Embora nunca tenha vencido um desses grandes eventos, o Niva levou seus pilotos ao pódio. Por causa de um radiador quebrado, a equipe Briavoine/Deliaire chegou com ele em terceiro em 1981. No ano seguinte o Niva foi o vice, assim como em 1983. Já a equipe Lartigue/Giroux terminou a prova em quarto com seu Niva em 1986. O jipe russo também participou de outros ralis, como o da Tunísia, do Atlas, da Argélia, dos Faraós e de numerosos Bajas. Isso para ficar em alguns poucos exemplos de uma longa carreira construída na lama — no melhor dos sentidos.
Nas telas
Missão Córsega – O filme

Entre as produções que chegam até nós, a presença do Niva nas telas é bastante escassa. Há alguns raros exemplos de filme em que se pode ver bem o modelo russo. Nesse seleto grupo estão Expresso para Pequim (Bullet to Beijing, 1995), policial com Michael Caine, e Missão Córsega – O filme (L'enquête corse, 2004), comédia francesa com Jean Reno.

Outro exemplo é o desconhecido filme de guerra polonês Operacja Samum (1999), de Wladyslaw Pasikowski. Há também passagens-relâmpago do Niva em filmes.

Paris-Dakar: Vingt ans de galères et de bonheurs

Isso ocorre em Detroit Rock City (1999), comédia com Edward Furlong; Anjos da Noite - A Evolução (Underworld: Evolution, 2006), ação com Kate Beckinsale; Prova de Vida (Proof of Life, 2000), ação com Meg Ryan e Russell Crowe; e Icon – Cães da violência (Icon, 2005), telefilme de ação com Patrick Swayze. Mas é o documentário Paris-Dakar: Vingt ans de galères et de bonheurs (1999) que mostra o jipe da Lada num tipo de ação em que ele se destacou.

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