Com menos 45 cm em comprimento, o enorme capô ficava ainda mais evidente no SSK, que usava o motor do SS na versão mais potente de 250 cv

Como no SS, havia opções de carrocerias, com estepes na traseira ou laterais; o interior do SSK mostra o requinte esperado da marca alemã

Como o número 710 indicava, sua cilindrada passava a 7,1 litros. Os pistões eram de liga leve, o diâmetro das válvulas estava maior e a taxa de compressão fora elevada de 4,7:1 para 5,2:1. O motor ainda ganhou ignição dupla, com magneto e bateria. Com tudo isso, a potência chegava a 200, 225 ou 250 cv, dependendo da preparação que o cliente encomendasse para o titânico seis-cilindros sob o capô. Mas nem por isso a Mercedes-Benz e alguns aficionados pelos esportivos S se satisfaziam.

Curto e leve   O próximo passo dessa ascensão foi manter o motor, mas reduzir a massa por ele movida. A primeira medida foi criar uma carroceria menor. Foram eliminados 45 cm do comprimento do chassi do SS, que com essa nova configuração vinha apenas na versão de 250 cv. Com essa solução nascia a terceira nomenclatura da série: o 720 SSK, de Super Sport Kurz (super esporte curto). Mesmo mantendo nas formas o vigor e a atração, ele deixava ainda mais evidente a colossal dianteira dos irmãos mais longos.

A coroação de toda essa glória veio com a celebração técnica representada pelo 720 SSKL (código W 06 RS) de 1931, sigla para Super Sport Kurz Leicht (super esporte curto leve). O nome se justificava por uma série de medidas para redução de peso em 200 kg, baixando-o a 1,5 tonelada no total. Dessa vez, no entanto, a Mercedes não se limitou a alterar a forma. O conteúdo era mais uma vez incrementado, com a potência alcançando 300 cv, assombroso na época. O carro chegava a 235 km/h. Claro que todo esse potencial não passaria em branco pelas competições: foram várias vitórias na Mille Miglia italiana, como a de Rudolf Caracciola já em 1931, e várias outras corridas de expressão nos anos 30. Continua

Pebble Beach
Realizado anualmente na Califórnia, o Pebble Beach Concours d’Elegance é o mais respeitado e badalado concurso de elegância do mundo. Os carros que lá se sagram com o prêmio de melhor do evento são exemplares raros que possuem rica história e minucioso trabalho de restauração — e, claro, valem verdadeiras fortunas. Portanto, não é de se espantar que haja alguns Mercedes-Benz S e derivados na lista de melhores das mais variadas categorias, inclusive a de melhor do show.
 
Em 1971, um S 1927 Tourer de três portas foi eleito com a mais alta honraria do evento. Em 1993 foi a vez do SSK Count Trossi Sports de dois lugares que pertence ao estilista Ralph Lauren (foto). Na edição de 2001 o título foi para outro exemplar de carroceria feita sob medida, um SS Erdmann & Rossi de 1930. Isso faz a Mercedes-Benz detentora de seis títulos de melhor do show de Pebble Beach — os outros três foram com dois 500 K e um 540 K.

Nesse ranking, a marca alemã está empatada com a americana Duesenberg e ambas só perdem para a francesa Bugatti, que detém nove títulos. Na elite do antigomobilismo, não existe maior reconhecimento para um clássico.
Estrelas guiadas por estrelas
Eles foram alguns dos mais desejados símbolos de status de sua época. Não é de se admirar, portanto, que por trás do volante de um S, SS, SSK ou SSKL houvesse uma celebridade dos anos 20 ou 30, fosse ela um aristocrata, empresário, ator, atriz, cantor ou estadista.
 
Wilhelm Merck, então dono de indústria farmacêutica, chegou a competir com seu SSK. Sua esposa Ernes desfrutou o mesmo hobby a bordo de seu S 1927, como a subida de montanha Klausen Pass daquele ano. Alfred Dinkelacker, dono de uma cervejaria de Stuttgart, mandou transformar seu S em SS. Lilian Harvey (foto), atriz britânica que estrelou o musical alemão Die Drei von der Tankstelle — raro filme em que um S 1927 aparece —, era vista satisfeita em seu SS. Escritor escocês de ficção policial, Sir Arthur Conan Doyle decidiu investir parte dos royalties pelos livros de Sherlock Holmes em um SSK.
 
Mas sorte mesmo tinha o piloto número 1 da própria Mercedes-Benz, o campeão Rudolf Caracciola. Ele sempre tinha à disposição o que houvesse de mais recente em termos de modelos com compressor, do S, passando pelos SS, SSK e SSKL até o 540 K. Na virada dos anos 30, não havia "carro da companhia" mais invejado que os do piloto alemão.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade