Todo novo, o Crown Victoria 1992 adotava um motor de 4,6 litros e comando no cabeçote, mas mantinha a tradição da tração traseira com eixo rígido

No interior amplo do modelo 1995, o contraste do conservador banco inteiriço e do câmbio na coluna com a modernidade do painel digital

A versão Interceptor, de uso policial: mecânica revista para uso severo

Para 1986 algumas mudanças incrementavam o carro. A versão de topo ganhava o sufixo LX e a injeção eletrônica seqüencial aumentava a potência do 302 V8, que passava a 152 cv. No ano seguinte o interior recebia relógio digital. Mas no mercado americano, acostumado a mudanças mesmo que sutis todos os anos, o tempo era o pior inimigo do carro grande da Ford. Era muito apreciado por taxistas e policiais, é verdade. Mas, se isso era bom por um lado, por outro desgastava a imagem do modelo e acabava inibindo a compra por particulares. O bom senso pedia mudanças radicais.

Novo carro, novo nome   Outra geração entrava em cena em 1992. Desta vez apenas Crown Victoria — ou Crown Vic, como é chamado carinhosamente pelos fãs —, o sedã exibia linhas curvas e elegantes, talvez as mais belas em sua história. Apesar da crítica de que a frente lembrava muito a do Taurus, o fato é que o desenho do Crown Vic ficou muito bem resolvido. Faróis afilados e longos, grade pequena, laterais limpas que abrigavam quatro janelas em cada lado, capô e porta-malas que não negavam o DNA americano no quesito espaço e lanternas traseiras afiladas e longas, um conjunto que dava requinte ao carro. Essa geração não teve uma versão perua.

As medidas eram praticamente as mesmas do antecessor, com 5,39 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,44 m de altura e 2,90 m entre os eixos, mas estava mais pesado: 1.700 kg. Trazia novos equipamentos como freios a disco nas quatro rodas e, como opcional, sistema antitravamento (ABS). Bolsas infláveis para motorista e passageiro também eram oferecidas, assim como suspensão mais firme — a mesma dos veículos policiais — para a versão Touring Sedan, que durou somente um ano.

Aparecia também um carro especial até hoje para os fãs: a versão de polícia do Crown Victoria, a Police Interceptor. Foi um dos carros mais usados pelas forças policiais dos Estados Unidos e Canadá, atuação que se somou ao uso do Crown básico pelas companhias de táxi, sobretudo depois que a Chevrolet deixou de oferecer o Caprice. Os pontos positivos eram a facilidade de manutenção e a associação de motor V8 a tração traseira, tão apreciada naquele mercado. Para muitos desses usuários, não havia como substituí-lo por um carro de tração dianteira como o Impala, com o qual a GM tentou suprir a ausência do Caprice.

Apesar de ter a venda proibida para o consumidor comum, no mercado de usados os Interceptors são tratados como relíquias. Claro que perdem decalques e equipamentos policiais, como rádios, antes de serem postos à venda. Havia poucas, mas importantes diferenças entre a versão civil e a policial. Os dois eram equipados com o novo V8 de 4,6 litros, o primeiro na história do modelo com comando de válvulas no cabeçote, mas o Crown Vic "comum" desenvolvia 193 cv e 35,9 m.kgf com sistema simples de escapamento. As versões policiais contavam com sistema duplo e por isso entregavam 213 cv e 37,3 m.kgf. O câmbio era o mesmo automático de quatro marchas nos dois, mas o Interceptor possuía radiador de óleo. Continua

Insegurança
Muito usado por forças policiais dos EUA, o Crown Victoria passou por uma fase de desconfiança quando acidentes com explosões começaram a ocorrer com os modelos pós-1992. Veículos policiais, atingidos fortemente em colisões traseiras, tinham o tanque de gasolina rompido e a união da batida com peças em atrito criava fagulhas, causando incêndios. Investigações de órgãos federais e da polícia mostraram que havia fatores cruciais para os acidentes.

Um era o hábito dos policiais de estacionar muito próximo à faixa de rolamento das rodovias, facilitando um impacto quando abordavam motoristas. Outro, o próprio projeto do modelo, onde o tanque de combustível era colocado atrás do eixo traseiro, em posição vulnerável a colisões. Foi relatado também que alguns equipamentos policiais eram instalados no porta-malas.
Eram feitos furos, que recebiam parafusos, e muitas vezes esses parafusos rompiam o tanque, se não na instalação, no momento da batida. Com isso a Ford, por uma convocação, demarcou no porta-malas áreas vulneráveis que não deveriam ser perfuradas. Foi instalada também uma manta balística capaz de proteger o tanque em caso de objetos cortantes. Os modelos Interceptor da polícia receberam dispositivos corta-fogo atuantes em caso de acidente.

A empresa nunca foi acusada legalmente nos tribunais, embora tenha feito acordos sigilosos. Mas em 2005 foi obrigada a indenizar a vítima de um Lincoln Town Car, com o mesmo esquema de combustível, em mais de 80 milhões de dólares. Após uma colisão traseira o veículo incendiou-se, matando o condutor e ferindo gravemente a esposa.
Para ler
Ford Galaxie & LTD, 1960-1976 - Gold Portfolio - compilação por R. M. Clarke, editora Brooklands Books. Com 176 páginas, o livro conta a história das linhas Galaxie e LTD entre 1960 e 1976 por meio de testes, comparativos, dados técnicos e reportagens. Aborda os grandes Fords Starliner, Town Sedan, 500, 500 XL, LTD, LTD, Brougham, Landau e LTD Town Car.

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