

Carros policiais de Nova Jersey
(em cima) e da Filadélfia: corporações são fiéis à robustez e ao motor
V8 com tração traseira do "Crown Vic"


O modelo 2007 foi o último
vendido ao público: em seus últimos meses de produção, o grande Ford tem
oferta restrita a taxistas e polícias |
A
limitação eletrônica de velocidade também era diferente: enquanto o sedã
civil estacionava em 193 km/h, o policial chegava a 210 km/h. Os
Interceptors tinham outras particularidades: pára-choques que resistem
mais a impactos, rodas de aço pretas, bancos dianteiros com um recheio
metálico (impede o criminoso de atingir os policiais com algo
perfurante) e painel dotado de equipamentos usados pelos homens da lei,
como radiocomunicadores, e entrada para computadores portáteis que
acessam um terminal de dados.
Em 1993 discretas modificações eram feitas na grade; as bolsas infláveis
tornavam-se itens de série para o ano seguinte. O modelo 1995 recebia
retoques na frente, que agora tinha faróis maiores e pára-choque
remodelado, e no porta-malas. O painel também era modificado. Mas foi em
1998 que a Ford alterou com mais profundidade o Crown Vic: os faróis
cresciam em altura, assim como a grade, que ganhava destaque na
dianteira. O teto era o mesmo do Mercury Grand Marquis, a terceira
janela na coluna posterior desaparecia e as lanternas traseiras davam
lugar a unidades mais altas em forma de pirâmide. O porta-malas também
crescia em altura e o vidro traseiro era levemente curvo na parte
superior. O carro, no geral, perdia o ar comportado.
A suspensão traseira ganhava paralelogramos
de Watt para melhor localização do eixo rígido. O motor de 4,6
litros agora desenvolvia 218 cv e 37,6 m.kgf. A unidade V8 de 3,4 litros
do Taurus SHO, desenvolvida pela Yamaha, também podia equipar o modelo.
Com 32 válvulas, fornecia 235 cv e 31,8 m.kgf. O novo Ford ganhava
também mais 70 kg. Fez muito sucesso no Oriente Médio, onde preço da
gasolina não é um problema. Nos EUA, depois que o Caprice foi
descontinuado pela GM, o Crown Vic e o Grand Marquis encontraram terreno
fértil para enterrar suas raízes.
Em 2001 o Crown Victoria estava disponível com pedais ajustáveis e o
motor 4,6 passava a 238 cv e 38 m.kgf na versão LX. No ano seguinte, uma
novidade que não chegou ao público comum de início era o aumento de 15
cm no entreeixos, configuração voltada para taxistas e frotistas. No
modelo 2003 a Ford implementou mudanças técnicas: o chassi recebia novo
tipo de aço, as suspensões eram redesenhadas e a caixa de direção enfim
passava ao sistema de pinhão e cremalheira, abandonando as esferas
recirculantes. Nos modelos policiais os amortecedores traseiros foram
movidos para a parte externa do chassi, em busca de melhor controle
direcional e facilidade de manutenção. Os motores recebiam
sensor de detonação.
Essas foram as últimas modificações substanciais do carro grande da
Ford. Com vendas caindo ano a ano, o Crown Vic, que outrora serviu às
famílias americanas que buscavam um sedã com espaço de sobra, agora só
interessava a taxistas e policiais. Em meados de 2007 o modelo deixou de
ser vendido a consumidores comuns. Não restava mais nada à Ford do que
divulgar que 2008 será o último ano-modelo de seu clássico de grande
porte — e provavelmente também dos irmãos Mercury Grand Marquis e
Lincoln Town Car. Para os fãs, ficará a saudade de um dos veículos que
mais serviram aos americanos em todos os tempos.
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