A filosofia do "maior é melhor" perdia sua validade e o Mark acompanhava a mudança: a quinta geração, em 1980, perdia 36 cm e meia tonelada

De cima para baixo, as séries Cartier, Bill Blass, Givenchy e Pucci com as quais a Lincoln buscava se associar a uma imagem mais requintada

Motores de 4,95 e 5,8 litros estavam disponíveis no Mark V; apesar do aspecto moderno do painel digital, faltava criatividade a suas linhas

Com restrições ao consumo por meio do programa Cafe e as vantagens alardeadas pela Cadillac a respeito de carros menores e mais eficientes, mesmo os de luxo como o Eldorado, chegava a hora de abandonar a opulência dos Lincolns. Uma nova crise do petróleo tornava os carros grandes ainda menos atraentes. A crescente presença de importados de luxo também fazia pressão pela mudança da filosofia do conceito "maior é melhor". O Mark V encerrou um longo e importante capítulo no estilo de fazer carros de luxo de Detroit.
 
A dieta do sedã    Não era a primeira vez em que a Ford lançava mão desse recurso para tentar reavivar o interesse por um produto projetado, originalmente, para o melhor proveito de duas pessoas: criar uma versão sedã. Em 1967 ela havia feito o mesmo pelo Thunderbird, com um resultado que os admiradores chamariam de questionável e os detratores de desastroso. O roadster nascido para a esportividade ao sol acumulava banco traseiro, medidas, peso e, então, duas portas a mais num desenho bastante estranho.
 
Com o Continental Mark VI 1980 — a primeira geração a superar a numeração usada pela linha Continental na virada dos anos 50 para os 60 —, a ideia se desvirtuou quando o projeto fez da redução de medidas uma meta. Não era uma distorção tão drástica nem tão lenta da proposta original como foi no caso do T-Bird, mas, mesmo com dois bancos inteiriços, o "luxo pessoal" proposto pelo Continental Mark III em 1968 visava mesmo a agradar ao motorista e ao passageiro da frente. Com duas portas atrás, o convite para pelo menos mais duas pessoas ficava explícito.
 
Se o desenho do Mark VI não podia ser considerado ruim, ele se encontrava em um momento de transição. A Lincoln tentou de todas as maneiras manter a identidade dos Marks anteriores. Linhas bem retas, grade com jeito de Rolls-Royce, faróis escamoteáveis, as saídas de ar dos para-lamas dianteiros, as janelas ópera e o esboço de estepe traseiro estavam lá. Contudo, as dimensões menores poderiam ter servido de pretexto para uma modernização que não veio. Em especial se observado pela altura do teto em relação ao conjunto, o Mark VI de certa forma parecia uma caricatura de seus antepassados.
 
Para piorar, em termos de estilo o Continental era exatamente o mesmo carro, exceto pelos faróis, as "guelras" e as janelas ópera, entre outros detalhes. O mais luxuoso carro da companhia se tornara uma mera versão. Elaborado sobre a plataforma Panther, a mesma do LTD e do Mercury Marquis, o novo Mark tinha 36 cm a menos de comprimento. Havia dois entre-eixos, um para cada tipo de carroceria: de 2,89 m (15 cm mais curto que a geração anterior) e de 2,98 m para o sedã. A prova dos excessos dos Marks anteriores é que o espaço interno e no porta-malas estava maior. Comparado ao modelo 1979, o cupê estava meia tonelada mais leve, graças ao emprego de alumínio em itens mecânicos e da carroceria.
 
Entre as novidades de tecnologia e conforto estavam o painel de instrumentos digital com mostradores fluorescentes, sistema de abertura de portas sem chave e câmbio automático com quarta marcha longa, sobremarcha. O pacote Bill Blass continuava a se destacar pela pintura em duas cores e, agora, pela ausência das janelas ópera. De série, o Mark VI vinha com um V8 de 302 pol³ (4,95 litros) e 129 cv com injeção eletrônica. Podia-se optar por outro V8, de 351 pol³ (5,8 litros) e 140 cv. Continua

Em escala
Se sobram opções de Continental em miniatura, faltam de Mark. Como consolo, a Johnny Lightning oferece esse Mark III, mas só na escala 1:64, inadequada para apreciar os vários detalhes do carro. Melhor e mais caprichado é o Mark V Diamond Edition em 1:43 da Premium X, acima. Com 13 cm de comprimento, a edição é limitada a 500 unidades. São as mesmas geração e escala de um modelo da Neo. Também 1:43 é a escala do Mark VI 1980 da Neo, na única versão sedã de toda a história do Mark. Trata-se do mesmo projeto do Town Car com algumas distinções de estilo e acabamento, como as janelas ópera.
Para ler
Lincoln Cars: Lincoln Continental 1969-76 - por R. M. Clarke, editora Brookland Books. Em uma fase de grande crescimento de vendas, os Marks III e IV fazem parte da cobertura desse título, já que, em tese, ainda eram parte da história do Continental por conta do nome. Com 100 páginas em inglês.

Lincoln & Continental 1946-1980: The Classic Postwar Years - por Paul R. Woudenberg, editora Motorbooks. Nas 200 páginas, a abrangência é bem maior que no livro de Clarke, saindo do pós-guerra e chegando ao fim dos anos 70. Ou seja, cobrindo todo a fase áurea do Mark.

The Hemmings Book of Lincolns - por Terry Ehrich e Richard A. Lentinello, editora Watering.
O livro de 120 páginas serve mais para se conhecer o que a Lincoln produziu até a chegada do Mark III, que merece um capítulo só seu intitulado “Um marco de distinção”.

Lincoln, 1958-1969 - por James W. Howell, Motorbooks. Dedicado a uma época de poucas inovações técnicas, o livro de 160 páginas serve para quem tenta perceber a alegada superioridade estética de dois dos maiores clássicos da marca, o Continental 1961 e o Continental Mark III 1968.

Lincoln, 1945-1995 - por Gregory Von Dare, editora MBI Publishing. Do ponto de vista da história do Mark, esse é talvez o livro mais completo. Com 160 páginas, quase acompanha o encerramento da produção do modelo em 1998 e ainda conta com muita informação sobre a evolução da marca.

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