

O interior trazia instrumentos
mais agrupados; na linha 1975 a Lincoln lançava quatro séries especiais
em parceria com conhecidos estilistas




Lançado para 1977, o Mark V
estava mais atual sem perder os traços básicos do modelo; embora mais
leve, seu desempenho não melhorava |
O visual até era
curioso, mas também mais pesado — embora bastante recorrente na Detroit
do início dos anos 70. Outra atração eram as escotilhas ovais nas
colunas traseiras, opcionais, as chamadas "janelas ópera". Os
instrumentos do painel vinham mais agrupados de frente para o motorista,
o volante contava com três raios em "Y" e o relógio Cartier apresentava
novo desenho. O V8 de 460 pol³ agora tinha a potência divulgada em
valores líquidos — 212 cv, ou 12 cv a menos que o Continental.
Considerando-se os 2.295 kg, eram um valor até modesto, mas o Mark IV
nunca foi pensado como carro esporte. Ao atrair 48.591 compradores, a
nova geração correspondeu a mais de metade das vendas da Lincoln naquele
ano.
Para 1973, o modelo exibia para-choque dianteiro bem mais ressaltado
para atender a novas exigências da legislação. Isso encerrou o desnível
que a grade criava no para-choque. Tamanha foi a aceitação que as
"janelas ópera" passaram a ser itens de série do modelo — e fator
significante da popularidade do Mark IV. Um novo pacote de equipamentos
era oferecido: o Silver Luxury Group, que incluía pintura prata, teto de
vinil na mesma cor e bancos revestidos de tecido aveludado. Podia-se
encomendar couro cinza ou cor de vinho para os assentos. Havia um novo
sistema de áudio e o teto solar de vidro fumê podia deixar a claridade
entrar, mas não o vento.
Com o para-choque traseiro também maior, para atender à expansão das
normas, o Mark IV já media 5,80 metros em 1974. O peso chegava a
2.413 kg, mas ele ao menos ganhava 8 cv por conta de um novo sistema de
ignição. As lanternas saíam do para-choque, levando junto as
luzes de ré que ladeavam a placa. Além de reforços estruturais, o
Lincoln recebia um sistema que exigia cintos afivelados para a partida.
Tudo aumentando, enquanto o mundo enfrentava a primeira crise do
petróleo, só poderia resultar numa queda de vendas — de 69.437 para
57.316 unidades. Entretanto, era mais que os 40.412 Eldorados vendidos
no mesmo período, façanha inédita.
Freios com assistência hidráulica e discos nas quatro rodas vinham em
1975, dispensando a assistência do vácuo do motor. Controlador de
velocidade, trava elétrica das portas e volante regulável entravam para
a lista de itens de série, e pneus com faixa branca larga e novas rodas
de alumínio, para a de opcionais. Para o último ano dessa geração,
quatro séries especiais de acabamento — chamadas de Designer Series —
tiravam proveito dos estilistas do universo da moda que as
identificavam: Bill Blass, Cartier, Givenchy e Pucci. Ao limar
equipamentos para reduzir o preço, a Lincoln conseguiu fazer as vendas
crescerem em 8.965 exemplares.
Caminho
próprio
Enquanto o Thunderbird
passou a ser uma versão mais elaborada do cupê intermediário LTD II em
1977, o novo Continental Mark V era uma atualização estética do IV e
repetia o sobrenome do Continental 1960. Ele parecia bem maior, mas era
só 5 cm mais longo. Em contrapartida, 180 kg foram eliminados com a
passagem de geração. Moderação invisível, já que o motor V8 agora
produzia só 179 cv com carburador de corpo duplo e 208 cv com quádruplo
(o básico do Mark IV), regredindo ao que estava disponível até 1976. A
publicidade nem mencionava esse dado.
O desenho mais retilíneo conferiu modernidade ao cupê. O jeito mais
rápido de identificar o Mark V era pela linha de cintura reta, demarcada
por um desnível de ponta a ponta do carro, logo acima das maçanetas, e
as "guelras" nos para-lamas dianteiros. Todos os demais traços físicos
da geração anterior prosseguiam, como o estilo da grade, os faróis
escamoteáveis, as luzes de direção dianteiras ressaltadas, a tampa do
porta-malas sugerindo esconder o estepe, o relógio Cartier e as
populares "janelas ópera" ovais. Ele continuava muito mais atraente e
elegante que o cupê Continental.
Ao conquistar 80.321 compradores, teve alta de 143% nas vendas. Era bem
mais que os 47.344 Eldorados. Em pesquisa com proprietários, em 1977, a
Popular Mechanics apontou como pontos mais elogiados o estilo, o
conforto interno e de rodagem e o comportamento dinâmico, nessa ordem,
enquanto o consumo foi a crítica mais frequente. Para comemorar os 75
anos da Ford, em 1978, o Mark V ofereceu a série Diamond Jubilee
Edition. Era o carro mais luxuoso já produzido pela corporação até ali.
Disponível só nas cores metálicas azul claro e dourado, mantinha o mesmo
tom até no interior. Alem de luzes nas colunas traseiras, o falso
ressalto do estepe vinha acolchoado, assim como o console interno, que
escondia um guarda-chuva.
O ano-modelo 1979 seria o último do Lincoln no tamanho grande
tradicional norte-americano (full-size). A Cadillac já havia reduzido
drasticamente o tamanho do Eldorado. Uma variação do Diamond foi
oferecida como Collector's Series, já prenunciando o que vinha a seguir.
Ela era pintada num azul bem escuro, branco ou, mais adiante, prata e um
azul mais claro. Pintura em dois tons identificava a série Bill Blass
naquele ano. Já o motor de 460 pol³ saía de cena, deixando para um de
400 pol³ (6,5 litros) e 159 cv o trabalho de levar o pesado cupê.
Continua
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