Do para-choque cheio de detalhes ao formato do teto, passando pelos para-lamas, o rebuscado desenho do Continental de 1958 não fez muitos adeptos

Faróis e lanternas mudavam em 1959, ano em que a Hess & Eisenhardt ofereceu duas opções especiais: uma limusine e este sedã Town Car

Discreto e de bom gosto, o estilo do Continental 1961 fez dessa geração uma das mais marcantes não só do modelo, mas da história da Lincoln

Tanto admiradores quanto detratores podiam usar como argumento os superlativos alardeados pela Lincoln: aquele era o mais longo, baixo e espaçoso sedã para seis passageiros de todos os tempos. Eram 5,82 metros de comprimento, 3,33 m entre os eixos, 2,03 m de largura e 1,43 m de altura. O peso ia de 2.213 a 2.372 kg. Os faróis duplos eram aprofundados e dispostos na diagonal. Os para-lamas dianteiros tinham um ressalto retangular que sugeria um aprofundamento gradual da carroceria até a abertura das rodas. Atrás, uma pequena barbatana acompanhava as extremidades pontiagudas dos para-choques e as lanternas triplas eram circulares. Além da ausência do friso lateral cromado do Premiere e do Capri, o teto tinha um tratamento diferenciado. Embora as largas colunas em “V” fossem as mesmas, o vidro traseiro panorâmico era abolido na série topo de linha. Em vez disso, a janela acompanhava a inclinação paralela ao para-brisa das colunas. A parte central podia ser rebaixada, no mesmo sistema Breezeway do Mercury Turnpike Cruiser.
 
O conversível também tinha seu diferencial de estilo. A janela traseira era de vidro e deslizava para trás do banco traseiro, a exemplo das demais versões. Havia outros luxos, como ajuste elétrico do banco do motorista, cinco cinzeiros com acendedor de cigarros e, como opções, ar-condicionado e travas elétricas das portas. Os sistemas de direção e suspensão podiam ser lubrificados ao toque de um botão. Mas, com o sobrepeso, a Lincoln foi obrigada a reforçar a motivação sob o capô. Com 430 pol³ (7,0 litros), seu V8 da série MEL era novo, o maior da América e produzia 375 cv com torque de 67,6 m.kgf. Com carburador de corpo quádruplo, usava alta taxa de compressão (10,5:1) para tirar melhor proveito do combustível. Tracionando as rodas traseiras, a nova caixa automática Turbo-Drive aprimorava a suavidade nas trocas. Para 1959, os faróis foram acoplados à grade e ganharam lentes auxiliares nas extremidades do para-choque. As lanternas triplas, diferentes do restante da linha, e os ressaltos dos para-lamas dianteiros foram redesenhados e, indo contra a corrente, a potência baixou para 350 cv. Isso foi suficiente para a Lincoln rebatizar o modelo de Continental Mark IV, decisão que se provaria um tanto confusa anos adiante.

Outra novidade da linha Mark IV eram duas novas opções de carroceria, produzidas de maneira terceirizada. A Hess & Eisenhardt, de Ohio, criou até uma limusine baseada no sedã, com largas colunas traseiras e divisória de vidro interna. A versão Town Car tinha pequenas “janelas de privacidade” traseiras. A única cor disponível para ambas era preto. Renderam 48 e 79 exemplares, na ordem. Com o nome Continental Mark V, o modelo 1960 perdia mais 35 cv com a eliminação do carburador de corpo quádruplo de seu sedento V8. Novos para-choques e lanternas marcavam o estilo daquele ano, assim como quatro frisos paralelos nos para-lamas dianteiros. Das séries da Lincoln, a Continental foi a única a manter as colunas traseiras em "V" — as demais ganharam um desenho mais formal. Foi o último ano dessa geração. Para 1961 a Lincoln apresentou aquele que seria seu mais memorável projeto do período pós-guerra.
 
Nascido clássico   Havia duas versões, sedã e conversível, ambas de quatro portas, com as traseiras articuladas para trás. Embora ainda generosas, as dimensões estavam menores: menos 38 cm no comprimento, 21 cm entre os eixos e 12 cm na altura. Predominava a discrição e o bom gosto, a mesma filosofia de estilo adotada com êxito no Continental Mark II de 1956. Linhas retas e simples proporcionavam limpeza visual, elegância clássica, equilibradas com o que havia de mais avançado em desenho. Desde o Zephyr a Lincoln não ousava tanto no estilo. Nascia um marco de Detroit, o Continental 1961. Continua

Os conceitos
Só mais recentemente os carros-conceito passaram a surgir com frequência nos estandes da Lincoln nos salões norte-americanos. Antes disso, das poucas incursões da marca por esse universo, a referência do Continental foi percebida em boa parte delas. Das viagens interplanetárias pela imaginação dos projetistas de Detroit, nos anos 50, às tentativas recentes de recuperar o prestígio perdido pela Lincoln, esses carros conceituais refletiram a importância do nome e do estilo do Continental para a marca.

Em 1953, portanto antes do Mark II, foi apresentado o Continental Fifty-X (acima). A parte dianteira do teto era automaticamente retraída em direção à traseira. Entre os mecanismos propostos estavam macaco automático, aquecedores de bancos e telefone. Com duas portas e teto transparente, podia ser entendido como uma leitura futurista de um novo Continental a ser lançado algum dia.

Depois de poucos modelos equivalentes na ousadia, mas sem vínculo com o Continental, a Lincoln decidiu criar só versões personalizadas do modelo, como o Town Brougham de 1963. Este tinha janela separando o banco da frente do traseiro e o compartimento dianteiro era aberto. O Coronation Coupe de 1966 tinha colunas traseiras bem largas, que começavam no que seriam as colunas centrais. Na base das laterais, uma faixa com material que imitava madeira. Eram customizações, não conceitos propriamente ditos.

Em 1996, com o estudo Sentinel (acima à direita), a Lincoln bebia na própria fonte de ideias. Esse sedã negro trazia três elementos marcantes do Continental: a frente era inspirada no modelo de 1940, a linha da cintura reta e elevada era clara referência ao 1961 e, para completar, o motor era um V12 de 6,0 litros (do conceito Ford IndiGo).

Já no Continental Concept de 2002 (abaixo) a influência do modelo dos anos 60 era evidente, com linhas retas e de geometria simples. Sem colunas centrais, as portas traseiras também vinham articuladas para trás. A tampa do porta-malas se elevava reta em direção ao teto e o para-choque traseiro deslizava como uma gaveta. Havia bar para os passageiros de trás. Dessa vez o V12 (de 414 cv) era cortesia da Aston Martin, então parte do grupo Ford.

Até agora, esse que deveria mostrar o futuro do desenho da Lincoln não inspirou nada de concreto. Dois conceitos recentes da marca, o MKR de 2007 e o C, trazem a frente ao estilo do Continental 1940 que boa parte da linha já adota hoje.

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