Fabricado com um esmero raramente visto, o Continental Mark II conquistou celebridades como Frank Sinatra, Elvis Presley e Nelson Rockfeller

Não houve Mark II conversível para o público, mas a empresa Derham fez este para a esposa de William Clay Ford, o filho mais novo de Edsel


Harmonia de linhas não era o destaque do Mark III, que abusava da criatividade norte-americana da época e exagerava também no tamanho

O motor era um V8, pela primeira vez em um Continental. Com 368 pol³ (6,0 litros), ele produzia 285 cv. O câmbio era o Turbo-Drive automático de três marchas e os freios tinham assistência. Todo o conjunto motriz era montado de modo a oferecer grande resistência. Peças fora do alcance da visão eram cromadas pela resistência que esse processo oferecia. Mas onde realmente contava era o que aparecia: só no acabamento das partes metálicas de um exemplar eram gastas 60 horas, o quíntuplo do habitual num automóvel. A cada duas camadas de tinta aplicadas, de um total de oito, o carro era polido à mão. Os chassis eram testados antes de receberem as carrocerias. Depois de um longo processo de testes e inspeções, o Continental era embarcado numa capa de lã de carneiro e ainda embalado em outra de plástico. Por esse e outros motivos, o modelo era o que de mais caro havia na indústria automobilística norte-americana. Equivalia a um Rolls-Royce ou a dois Cadillacs. Não bastasse esse chamariz — talvez até por causa dele —, celebridades como Frank Sinatra, Elvis Presley e Nelson Rockfeller tinham um em suas garagens.

O luxo e o esmero do Continental Mark II eram singulares, sem dúvida, mas isso não evitou que, mesmo com o entusiasmo pelo modelo e a demanda aquecida no início, a nova divisão fosse precocemente assimilada pela Lincoln com menos de um ano de mercado, em julho de 1956. Para o ano seguinte, a taxa de compressão foi elevada de 9:1 para 10:1, o que fez a potência crescer até 300 cv. O carburador Holley foi trocado por um Carter e ajustes foram feitos na transmissão e no ar-condicionado. Como o teto rígido retrátil cogitado para o modelo não teria o investimento retornado por sua baixa produção, a idéia foi parar no Ford Skyliner daquele ano — que, ainda assim, duraria apenas três anos. Já o mais caro modelo da América tinha sua fabricação cancelada em maio de 1957. Ainda que o luxuoso Continental tenha sido criado como um “carro de imagem”, para alavancar a reputação da marca, a Ford esperava lucrar com ele.

Em paralelo a isso, a Cadillac começava a explorar o segmento de alto luxo com o Eldorado Brougham. De qualquer forma, mesmo com a exorbitância do preço do Mark II, a Ford tinha prejuízo de 10% do valor de cada exemplar vendido. Há quem diga que a discrição do estilo não manteve o entusiasmo de seu público-alvo. Outro fator é que a rede autorizada, parte das concessionárias Lincoln-Mercury, não teria conseguido oferecer um serviço à altura do que o preço do carro fazia supor. Por mais que sua reduzida produção e o esmero de sua construção tenham feito dele um disputado item de colecionador, o Continental Mark II representou um dos erros de estratégia da Ford nos anos 50.

E a brisa levou...   Encerrada a geração Mark II, a Lincoln aproveitou a imagem de elegância, exclusividade e prestígio associada ao nome do modelo para batizar a série mais luxuosa de seu produto tradicional, de tamanho grande, que incluía as séries Premiere e Capri, a de entrada. O Continental Mark III vinha nas versões sedã, sedã hardtop, cupê hardtop e conversível. Ainda que sem teto rígido, este também tinha capota de acionamento elétrico, a exemplo da lendária primeira geração. O desenho, entretanto, estava mesmo em dia com os exageros de Detroit. Curioso, o novo Continental sem dúvida era. Achá-lo belo já era uma questão de gosto, ou melhor, de apreço pela criatividade formal dos projetistas norte-americanos da época. Continua

Em escala
Os fabricantes de modelos em escala pensam em tudo mesmo... Até o Zephyr personalizado de Edsel Ford mereceu uma miniatura em escala 1:24 da Franklin Mint.
A mesma empresa, famosa pela alta qualidade, escolheu um belo tom de azul para pintar seu Continental 1941 conversível, em escala 1:24.
O tamanho 1:18 é ideal para se apreciar as beleza do Continental Mark II 1956 em vinho, branco, preto ou azul da Yat Ming. Do mesmo ano, mas em 1:24, é o azul da Franklin Mint.
A Sun Star demonstra o peculiar Continental Mark III 1958 conversível. Pode vir com o teto rebatido ou não e em azul claro, bege, branco, salmão e vermelho. Há também a versão cupê.
Também é da Yat Ming a réplica em escala 1:18 do conversível 1961. As quatro portinhas se abrem como no original. Há este azul e um cinza esverdeado.
A Ricko criou um belo conversível 1963 em escala 1:18. Abre portas, capô, porta-malas, tem direção que gira e rodas com suspensão.
Em escala 1:24, a limusine oficial em que Kennedy estava ao ser baleado atrai atenção. Esta é da Yat Ming e traz boa riqueza de detalhes.
Outra limusine oficial em 1:24, da mesma Yat Ming, é a de 1972. Foi usada pelos presidentes Richard Nixon, Gerald Ford, Jimmy Carter e Ronald Reagan.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade