Desafio aos melhores do mundo

Com essa premissa a Toyota lançou o LS, um sedã de luxo para
combater os alemães e estrear com estilo a divisão Lexus

Texto: Thiago Mariz - Fotos: divulgação

Uma nova marca foi criada para colocar em patamar superior o mais luxuoso Toyota já vendido nos EUA, com linhas sóbrias e elegantes

No interior bem-equipado, o painel eletroluminescente só podia ser visto com a ignição ligada; o motor V8 de 4,0 litros fornecia 253 cv

Concorrer com grandes fabricantes de luxo, como BMW, Audi e Mercedes-Benz, não é tarefa fácil. Mesmo com um produto de qualidade, a questão do status conta muitos pontos neste seleto grupo de consumidores — veja-se o caso do Volkswagen Phaeton, um automóvel de grandes atributos, mas que não foi um sucesso esperado talvez por estar atrelado a uma "marca do povo". Esse foi o motivo para que a Toyota, empresa que goza de boa reputação no quesito qualidade, criasse a divisão de luxo Lexus em 1989. E o responsável por estrear a nova marca foi o sedã LS 400.

A ideia de um carro especial começou há mais tempo, em 1983, quando o principal executivo da Toyota, Eiji Toyota, jogou uma questão crucial sobre sua equipe: "Podemos criar um veículo de luxo para desafiar os melhores do mundo?" Os japoneses toparam o desafio e entraram de cabeça no chamado projeto F1, onde o "F" significava flagship, ou topo-de-linha, e o "1" o primeiro modelo desenvolvido.

Pesquisas são sempre relevantes nesses casos de revolução dentro da marca — e foi o que os japoneses fizeram. Uma equipe foi até os Estados Unidos, foco do novo carro, para conhecer o estilo de vida dos endinheirados, entre eles os de Laguna Beach, na Califórnia. Eles descobriram que seria necessário desvincular o novo modelo da imagem de carros simples, robustos e baratos da Toyota criando uma nova marca, além de uma exclusiva rede de distribuição e assistência técnica no país. Seus compradores deveriam se sentir especiais, pertencentes a um grupo seleto. Nascia a ideia da Lexus.

O segundo passo na criação do projeto F1 era montar uma equipe qualificada. Foram envolvidos 60 projetistas, 1.400 engenheiros e 2.300 técnicos, entre outros profissionais, que criaram cerca de 450 protótipos, tudo a um custo extraordinário de US$ 1 bilhão. Esses protótipos somaram quase três milhões de quilômetros por localidades da Europa, pelo deserto do Arizona, pela Austrália e até a Arábia Saudita. O resultado debutou em 1989 no Salão Internacional de Detroit, a meca automobilística dos EUA.

À primeira vista o LS 400 parecia cumprir bem seu objetivo. Era bonito e muito elegante, embora conservador no desenho, dentro da proposta do segmento. Havia certa semelhança ao Mercedes Classe S. O carro era baixo e largo, com os três volumes bem definidos. A frente era longa e os faróis tinham forma retangular, com luzes de posição avançando pelos paralamas. A grade discreta ostentava o emblema da nova marca, com um "L" estilizado dentro de uma elipse, assim como a Toyota usava um "T". Nos parachoques estavam luzes de direção. A lateral era discreta, sem vincos marcados, contando apenas com um friso que marcava a pintura em dois tons em alguns modelos. A coluna traseira não possuía janela e a porta posterior tinha vidro único, para limpeza de linhas.

O teto mostrava caimento suave. As lanternas elegantes, horizontais, vinham somadas a refletores. No interior luxuoso e muito bem-acabado, volante de quatro raios e bancos revestidos em couro, um painel que já mostrava formas curvas, muitos botões e cores claras marcavam o ambiente. Com entre-eixos de 2,81 metros, o LS tratava bem seus ocupantes. Media 4,99 m de comprimento, 1,82 m de largura e 1,40 m de altura. O peso era alto, 1.708 kg, e o tanque comportava 85 litros. Continua

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Data de publicação: 25/4/09

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