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O padrão de estilo stremline, com linhas fluidas e arredondadas, revigorava a LaSalle em 1934 depois de a GM colocar em dúvida sua continuidade

No cupê de dois lugares e no grande sedã, portas "suicidas", motor de oito cilindros em linha Oldsmobile e suspensão dianteira independente

"Moça de sorte": o anúncio com o elegante LaSalle conversível de 1934 destaca o preço, reduzido em quase 30% em relação ao do ano anterior

O LaSalle 1932 continuava quase igual ao Cadillac desse ano, a não ser por detalhes de estilo como os faróis. A linha da época é considerada por muitos a mais elegante já feita pela marca. A distância entre eixos voltava a diminuir para 3,30 m nas versões mais simples, como sedã, cupês de dois e quatro lugares (incluindo o inédito Town Coupe) e cupê conversível. Os carros mais sofisticados — sedã para sete pessoas, Town Sedan e Imperial —, por outro lado, agora mediam 3,45 m entre os eixos. Um novo carburador elevava a potência em 20 cv, para 115, e as rodas diminuíam para 17 pol. Por dentro havia novo painel e regulagem do banco dianteiro. No ano-modelo seguinte apareciam leves renovações de estilo, como pára-lamas e radiador.

Novos rumos   O departamento financeiro da corporação aconselhava que a LaSalle seguisse o caminho de outras divisões e fosse encerrada, mas isso desagradava Harley Earl. Foi quando Jules Agramonte, responsável pela marca, decidiu buscar uma alteração de rumo, com desenho inspirado em carros esporte ingleses que ele vira no Salão de Paris de 1932. Fez um esboço e o mostrou ao coordenador geral Harry Shaw, mas este não o aprovou. Não satisfeito, Agramonte deixou os desenhos à vista de Earl enquanto Shaw saía de férias. Harley gostou tanto deles que boa parte da proposta chegaria ao mercado na linha LaSalle série 350 para 1934.

Agora com todas as carrocerias (dois sedãs, um cupê e um conversível) a cargo da Fleetwood, o modelo mostrava elegância na grade dianteira, os faróis com carenagem alongada, as saídas de ar laterais dos capôs e os pára-lamas arredondados ao estilo pontoon. Era mais um a adotar o padrão streamline, caracterizado pela fluidez de linhas. As portas abriam-se para trás ("suicidas") e o porta-malas vinha integrado à carroceria, com o estepe dentro dele. O conjunto é considerado por especialistas tão bem desenhado quanto o modelo original de 1927. O LaSalle estava também mais próximo dos Oldsmobiles que dos Cadillacs, para garantir a distinção em relação à marca de topo da GM e não prejudicar suas vendas.

Símbolo da mudança era o motor de oito cilindros em linha, cabeçote em "L" (válvulas no bloco) e 240 pol³ (4,0 litros) da Olds, embora pistões de alumínio, em vez de ferro fundido, e outras melhorias o levassem a 90 cv — e permitissem anunciar que era fabricado "conforme os padrões Cadillac". O entreeixos estava bem menor, 3,02 m, mas havia evoluções técnicas como suspensão dianteira independente, nova embreagem, pneus 7,00-16 e freios com acionamento hidráulico — os primeiros na GM, em simultâneo à Oldsmobile. Com as alterações e preço reduzido em quase 30% na versão de entrada (embora ainda fosse 67% mais alto que o do Oldsmobile de mecânica similar), as vendas reagiram bem e o LaSalle foi escolhido carro-madrinha da 500 Milhas de Indianápolis daquele ano. Continua

Quase um renascimento

Tempos depois da extinção da marca, o nome LaSalle reapareceu em dois "carros de sonho" — como se chamavam os carros-conceito — da General Motors, desenhados por Harley Earl e apresentados em 1955 no Motorama, evento da empresa para exibição de modelos em produção e estudos. O roadster Cadillac LaSalle II (acima) lembrava um pouco o Chevrolet Corvette da época. Tinha dois lugares, pára-brisa baixo e envolvente, seções côncavas atrás das rodas dianteiras (que se veriam no Corvette 1956) e grade com elementos verticais que apareceriam no Cadillac 1957.

Com o mesmo nome, o evento mostrava também um sedã hardtop de quatro portas (abaixo à esquerda) e linhas um tanto pesadas. O pára-brisa curvo nas laterais e no topo (que de certo modo seria visto no Cadillac Eldorado Brougham 1959), as formas das janelas laterais, as portas traseiras "suicidas" (abriam-se para trás, como as do mesmo Eldorado em 1957 e 1958) e as seções rebaixadas atrás das rodas dianteiras eram detalhes interessantes de estilo.

A GM previa em ambos o uso de um motor moderno para a época, um V6 todo de alumínio com injeção de combustível, associado a suspensão traseira independente. O sedã tinha ainda tambores de freio de alumínio integrados às rodas, que eram bem pequenas para um carro americano, com aro de 13 pol. A intenção da GM era de destruir os dois conceitos, mas por alguma razão eles ficaram escondidos em um pátio por muitos anos. Por volta de 1990 foram comprados por Joe Bortz, proprietário de casa noturna da região de Chicago.

No início da década de 1960, a denominação LaSalle foi mais uma vez cogitada para um cupê luxuoso (acima um estudo), que acabou por se tornar o Buick Riviera. Nos anos 70 a Cadillac pensaria novamente na antiga marca para denominar um sedã de menor porte que o habitual, mas o nome vencedor foi Seville.

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