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Mesmo nas versões de rua, com pára-choques, o Fulvia HF mostrava um tempero especial, como nas rodas largas e bancos esportivos

O conceito Stratòs de Bertone: mecânica do Fulvia de 1,6 litro e linhas bastante futuristas, como a porta frontal que dava acesso à cabine

O interior não mostrava luxo — e nem era essa a proposta do carro —, mas tinha acabamento honesto e cuidadoso. Painel com aplique de madeira, volante esportivo de dois raios e conta-giros faziam parte do pacote. Havia um apoio para as mãos no painel em frente ao passageiro, como nos Fuscas, e a alavanca de câmbio vinha espetada no assoalho, quase na horizontal. O cupê acomodava bem motorista e passageiro da frente, mas o espaço atrás era mínimo. Com o motor 1,2, mas que desenvolvia 8 cv a mais, alcançava 160 km/h. Já com o de 1,3 litro, o Coupé Rallye batia em 173 km/h e arrancava de 0 a 100 km/h em bons 14 segundos. O propulsor também equipou o sedã GTE.
 
O desenho e a técnica refinada do Fulvia, por si sós, já o classificariam como um carro mais exclusivo. Ainda assim, construtores independentes ousaram criar novas idéias sobre a mecânica desse Lancia. Vale ressaltar o trabalho de Nuccio Bertone no Salão de Turim de 1970. O Stratòs era o que se podia chamar de carro de ficção científica, com desenho futurista, começando pela ausência de portas, substituídas por uma única abertura frontal. O "piloto" se acomodava quase deitado, como em um carro de Fórmula 1, e o motor de 1,6 litro vinha em posição central-traseira. Outros modelos menos exóticos (leia boxe)ganharam as ruas.
 
Para correr   Com base no cupê a Lancia desenvolveu, em janeiro de 1966, o esportivo 1200 HF, cuja sigla era alusiva à Squadra Corse, equipe de competição da Lancia que já existia desde o lançamento do Berlina. A estréia se deu com o motor de 1,2 litro, mas o carro perdia peso com portas e capô em alumínio, janelas em plástico e ausência de pára-choques. Poucos veículos foram construídos nestas especificações. As mudanças o levaram à velocidade máxima de 160 km/h e trouxeram a vitória ao piloto Leo Cella e à Lancia no Rally dei Fiori daquele ano. Continua

Nas pistas
A carreira do Fulvia nas pistas é memorável. O próprio sedã abriu caminho para o sucesso obtido pelo cupê em diversas provas de várias categorias. O comportamento dinâmico do carro colaborou muito para isso. A primeira participação da linha foi em 1964 no Rali de Monte Carlo. O sedã foi chamado para "ajudar" o Flavia cupê na pista. O esforço dos pilotos Facetti e Von Baum fez os carros terminarem a difícil corrida. A glória da vitória no Rally dei Fiori, em San Remo, no ano seguinte, mostrou a superioridade do conjunto mecânico do Fulvia. Mas foi a versão HF a grande estrela das provas.

Um de seus desempenhos mais importantes foi nos ralis de regularidade. O HF surgiu em 1967 com motor de 1,3 litro, mas o grande salto ocorreria com o 1,4, que desenvolvia 142 cv a 7.000 rpm. Em 1968 o HF 1600 era homologado na categoria de turismo especial. Mesmo com adversários mais poderosos, o Fulvia obteve muitas vitórias.

Um ano depois a equipe participava com sucesso da 84 Horas de Nürburgring, na Alemanha. Em 1972 era a vez de levar para casa o Campeonato Internacional de Construtores da Federação Internacional do Automóvel (FIA). Na foto à esquerda, Sandro Munari no Rali de Monte Carlo desse ano.

Outro que fez sucesso foi a interpretação de Zagato para o Fulvia. Foram 22 carros encomendados pelo diretor da Squadra Corse para participar de competições. Tinham redução de peso através do uso de materiais leves na carroceria — e extremamente onerosos.

Em 1968 e 1969 a Lancia participou da 24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos. A equipe liderada por Magliolo e Pinto terminou a prova em 11º lugar na categoria. Ainda em 1968 era utilizado um motor 1,4 de 146 cv, mas problemas de superaquecimento impediram que os carros terminassem a prova. Em seguida foi a vez de usarem um motor 1,6 de 156 cv. Acima, um Sport na prova italiana Targa Florio de 1970.

Nas telas
Filmes rodados na Europa permitem ver algumas versões do Lancia Fulvia. Em Munique (Munich, 2005), o diretor Steven Spielberg conta o desenrolar de um dos fatos mais dolorosos das olimpíadas mundiais, o assassinato de 11 atletas israelenses em 1972 nas Olimpíadas de Munique. É possível ver um Berlina e um cupê (foto).
Em Prelúdio para Matar (Profondo Rosso, 1975), do diretor Dario Argento, o pianista Marcus Daly (David Hemmings) testemunha o assassinato de uma médium e une forças com a repórter Gianna Brezzi (Daria Nicolodi) para investigar o caso. Vê-se nele um Fulvia Coupé. Outro filme do diretor é O Gato de Nove Caudas (Il Gatto a Nove Code, 1971; foto). Um cego, Franco Arno, escuta por acaso uma conversa sobre experiências genéticas e banca o investigador. Aparece este Fulvia "Fanalone".
Um Sport Zagato aparece rapidamente em As Aventuras de M. Hulot no Tráfego Louco (Trafic, 1971). Nesta comédia sem roteiro definido do diretor Jacques Tati, o motorista Mr. Hulot, vivido pelo próprio Tati, enfrenta grandes confusões no trânsito de Paris ao levar um carro de desenho exclusivo para uma feira de automóveis na Holanda. É o penúltimo filme de Tati, uma comédia sutil.

Outro Zagato, vermelho e de competição, é um dos adversários do simpático Herbie em O Fusca Enamorado (Herbie Goes to Monte Carlo, 1977). Como o nome em inglês sugere, Herbie e seu dono participam da famosa corrida de Paris a Monte Carlo, mas não contam com a audácia de bandidos que colocaram seis milhões de dólares em diamantes no tanque do pequeno VW. Para criar mais confusão, Herbie se apaixona por uma "garota". Direção de Vincent McEveety.

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