


Para-lamas alargados, tomada de
ar no teto e interior despojado contam que o GT não era um Diablo comum:
foi a primeira versão com 6,0 litros



Donckerwolke deixou mais "limpo"
o estilo do Diablo para 2000, em um retoque provisório até que chegasse
o sucessor desenhado pela Audi
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Ainda em 1999 o mercado dos Estados Unidos recebia a série Alpine
Edition, de 12 exemplares, para celebrar a parceria entre o fabricante
de áudio e a Lamborghini. À versão VT foi aplicado um completo aparato
eletrônico: áudio com disqueteira e alto-falantes de
subgraves, toca-DVDs, câmera traseira
para orientar manobras, navegador integrado e até detector de radar. O
número de série do carro vinha impresso nos encostos de cabeça e havia
detalhes de fibra de carbono por fora e por dentro. Outra série, a Momo
Edition, acrescentava ao VT Roadster cintos de quatro pontos Momo, rodas
de 18 pol da mesma marca e acabamento interno em couro e camurça
sintética, que combinava bege e vermelho.
Para
marcar a chegada ao ano 2000 a Lamborghini fez a edição Milenium de 30
unidades, a partir do VT Roadster, revelada no Salão de Detroit em
janeiro daquele ano. Ela combinava pintura em cor cinza-titânio a um
interior em dois tons, embora em alguns mercados tenha oferecido também
carroceria amarela com acabamento interno nesse tom e em preto. O
diferencial mais curto do SV foi combinado à tração integral do VT, para
acelerações mais rápidas, e o aerofólio traseiro vinha em fibra de
carbono em seu acabamento natural.
Em mãos
alemãs
Depois de passar ao
controle das empresas asiáticas Mycom e VPower, a Lamborghini trocava
novamente de mãos em 1998 com a aquisição pelo Grupo Volkswagen, que a
manteve como uma divisão da Audi. Enquanto desenvolvia o sucessor do
Diablo — que se chamaria Murciélago
e chegaria em 2001 —, a nova dona encarregou o projetista belga Luc
Donckerwolke de retocar o já veterano modelo para lhe dar aspecto mais
contemporâneo. Apresentado no Salão de Detroit em janeiro de 2000, o
resultado veio na forma do Diablo 6.0 VT, que se tornava a única versão
do modelo.
Como o nome indica, sob o capô estava um motor V12 de 6,0 litros,
baseado no que equipou a versão GT, mas "amansado" em parâmetros como
admissão, escapamento, comando de válvulas e mapeamento eletrônico. Não
que a Audi quisesse um supercarro menos potente, mas havia fatores como
durabilidade e controle de emissões poluentes a respeitar — e com
critérios mais rigorosos do que no passado da marca. O resultado foi um
motor com 550 cv a 7.100 rpm e 63,2 m.kgf a 5.500 rpm, suficientes para
0-100 em 3,9 s e máxima entre 335 e 359 km/h, conforme a relação final
escolhida. A tração integral vinha de série, mas a empresa ainda
oferecia tração traseira para os que assim solicitassem — o cliente
sempre tem razão. A suspensão conservava o controle eletrônico usual no
VT.
Na aparência, sem afetar a silhueta já clássica do carro, Donckerwolke
adotou para-choques mais modernos, luzes de posição próximas aos faróis
e rodas de 18 pol em peça única que lembravam as usadas um dia pelo
Countach. As duas saídas de escapamento impressionavam pelo diâmetro. No
interior, evoluções em conforto vinham por meio de bancos reprojetados e
montados mais para o centro da cabine (o que ajustava melhor a posição
de dirigir em relação aos pedais, agora mais separados um do outro),
novo console em fibra de carbono e ar-condicionado mais eficiente, além
de perceptível melhora no padrão de acabamento e na qualidade de
montagem.
A revista norte-americana Road & Track assim o descreveu no
primeiro teste: "Em marcha-lenta, as vibrações do motor viajam pela
parede de fogo [que separa a cabine do compartimento do motor] até suas
costas. Não há tentativa de ser sutil aqui: a potente aspereza do motor
o faz saber que uma enorme quantidade de cavalos está a um toque do pé
direito. (...) Como que recebendo uma instantânea carga de adrenalina,
todos os 12 cilindros explodem com um ronco gutural e entregam o que
parece uma quantidade infinita de torque. De 0 a 96 km/h, ele empata o
tempo do Ferrari F50 [3,6 s] e fica a apenas dois décimos do
McLaren F1". E continuava a
publicação: "Em velocidade, o Diablo mostra aderência tremenda, graças à
tração integral. E, porque só manda potência para as quatro rodas quando
necessário, ele se comporta mais como um carro esporte de tração
traseira. Contudo, ter a tração integral é confortador quando todo o
torque disponível é mal aplicado e as rodas dianteiras motrizes podem
evitar uma rodada iminente".
Continua
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