As formas curvas e suaves do XK 120 causaram sensação; as primeiras 240 unidades usavam carroceria de alumínio, diante da escassez de aço no pós-guerra

O interior do XK era bem-acabado, mas pouco espaçoso e sem muito conforto para os dois ocupantes; o estepe ficava abaixo do porta-malas

A primeira que pôde ser testada foi a XF4, com cabeçote em liga leve e 1.360 cm³. O segundo tinha a inovação de câmaras de combustão hemisféricas com a vela de ignição no centro. Os motores iam sendo testados, aperfeiçoados até chegar ao XJ, com 1.996 cm³ e dois carburadores da inglesa SU (Skinners Union) tipo H3. Atingia 6.500 rpm. A equipe ficou satisfeita, mas queria mais. Após vários testes chegaram ao XK6, com seis cilindros em linha e 3.442 cm³. Encerrado o conflito, a fábrica tornava a mudar de nome. A sigla SS não trazia boas lembranças, pois era a mesma da Schutzstaffel, a polícia de Hitler. Passou a se chamar Jaguar Cars Ltd. Era a trajetória de um pássaro para um felino.

Concluído o motor, um problema: o sedã de luxo não estava pronto, o que implicaria perder a oportunidade de atrair atenções em um momento em que todas as marcas trabalhavam em novos carros. O Mk VII seria lançado apenas em 1950, mas a Jaguar precisava exibir o propulsor em um automóvel tão atraente quanto ele. Foi quando Willian Lyons determinou que se construísse um carro esporte, que mais tarde fosse produzido em pequena série.

Carroceria de alumínio   Em junho de 1948 era feita a maquete em escala real de um roadster, um conversível esporte para duas pessoas. Tinha carroceria muito baixa, linhas curvas, faróis circulares e grade em forma de coração, estreita e esguia. Acima dela ficava o emblema do felino que passava a representar a marca. Os trabalhos estavam adiantados e no primeiro Salão do Automóvel do pós-guerra na Inglaterra, também em Earls Court, estava no estande da Jaguar o Super Sports, que depois se tornaria o XK 120. Ainda não tinha pára-choques nem lanternas traseiras.

Era um esportivo com linhas muito bonitas, atraentes e aerodinâmicas. Entre os pára-lamas curvos e o capô ficavam os faróis circulares, de bom diâmetro e de formas salientes. O pára-brisa era dividido ao meio. Ao entrar em produção, em 1949, recebia pára-choques dianteiros em duas peças cromadas e os traseiros como apenas duas garras verticais. Continua

Além do roadster, um puro carro esporte a céu aberto, a Jaguar oferecia este conversível com capota removível
Nas pistas
Na Europa da década de 1950, circuitos como os de Nurburgring na Alemanha, Le Mans na França, Monza na Itália e Silverstone na Inglaterra eram lugares sagrados do automobilismo mundial. Neles triunfavam e duelavam marcas novas como a Ferrari e antigas como a Aston Martin, a Alfa Romeo e a Mercedes-Benz.

Em 1951, Guy Broad venceu a corrida 24 Horas de Le Mans com um Jaguar XK 120 roadster Tipo C. Usava os mesmos componentes mecânicos do XK, mas tinha a carroceria modificada para melhorar a fluidez aerodinâmica. No ano seguinte foi a vez de Julian Bronson vencer. Em 1956, Daniel Patrick com um XK-D 140 passou em primeiro na prova francesa. Sua base mecânica era a mesma do XK, mas com carroceria evoluída em relação ao Tipo C.

Nos ralis europeus o XK também fez bonito. Com exceção das ranhuras para melhorar a refrigeração do motor, era quase original. Outra prova francesa famosa na época era a 12 Horas de Reims. Um XK com carroceria original foi o vencedor. Em 1951, Jacques Ickx, pai do excelente piloto dos anos 70 Jacky Ickx, junto com Johnny Claes, venceu o rigoroso Rali Liège-Roma-Liége. Uma das provas importantes também vencidas com o carro britânico foi a do Real Automóvel Inglês em 1953. E, no famoso Rali dos Alpes, teve importantes participações entre 1950 e 1960.

Nos recordes foi rei. Um protótipo denominado HKV 500, com linhas bem próximas às do modelo de série, mas com pára-lamas mais altos e melhor aerodinâmica, atingiu em 1954 a impressionante velocidade de 278 km/h na auto-estrada Jabbeke, na Bélgica. Foi pilotado por Norman Dewis, piloto oficial da fábrica. O XK era freqüentador assíduo também da pista de recordes francesa Linas-Montlhéry. Em agosto de 1952 um cupê, pilotado pelo grande Stirling Moss, Hadley, Johnson e Fairman, bateu cinco recordes mundiais. Um equipamento interessante instalado no painel original era um rádio com imenso microfone, para que os pilotos pudessem se comunicar com a torre de controle.

Foram sete dias ininterruptos de prova — o carro só parava para trocar de piloto, abastecer, trocar óleo e fazer pequenas manutenções. O próprio Willian Lyons fez questão de acompanhar a epopéia automobilística.

O primeiro recorde batido foi de 10.000 quilômetros, à média de 172,65 km/h. Depois o de três dias contínuos a 169,72 km/h, outro de 15.000 km a 163,93 km/h, o quarto de quarto dias contínuos a 162,28 km/h e, finalmente, o de 10.000 milhas (16.090 km) a 161,96 km/h. O cupê XK 120 ainda estabeleceu o recorde mundial de 72 horas à média de 168,8 km/h.

Foi mesmo um monstro sagrado do automobilismo mundial.

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