Prefácio de sucesso

Com o Prelude a Honda mostrou que podia fazer carros
que empolgam — e foi muito bem nessa empreitada

Texto: Thiago Mariz - Fotos: divulgação

Anunciado como "cupê pessoal", o primeiro Prelude reunia motor de 1,75 litro e suspensão independente, mas o desenho não entusiasmava

Qual era a imagem que a japonesa Honda passava aos consumidores, em especial aos dos Estados Unidos, na década de 1970? Essa visão, que em parte vem até os dias atuais, era a de fabricante de automóveis seguros, econômicos e de boa técnica construtiva, algo bastante oposto aos grandes modelos com suspensões superadas e potentes, mas beberrões, motores V8 das marcas americanas. Por essas qualidades os japoneses faziam sucesso com o Civic e o Accord, que serviam ao propósito de carros racionais.

Mas de carros racionais o mundo está cheio. E não é com eles que as fábricas despertam o desejo e a emoção dos compradores. Por isso a Honda precisava de um "show car", um modelo excitante, que trouxesse um "algo mais" que seus bons Civic e Accord não podiam fazer. A resposta a esse anseio coletivo surgiu em 1979 com um nome sugestivo: Prelude.

Em português o termo significa prelúdio, o sinal de que algo vai acontecer, um ato introdutório. E essa era a intenção da Honda com o novo carro, já que ele representava a aposta de tudo o que a marca podia oferecer em termos de tecnologia. Visualmente não era muito diferente do sedã Accord, só que perdia duas portas e ganhava um estilo mais esportivo. Os que sofriam com a mudança eram os ocupantes do banco traseiro, algo minimalista demais, mas dentro da proposta de um tradicional cupê.

A estética do novo modelo deixava claro o modo japonês de fabricar automóveis. Assim como o Accord, o Prelude tinha linhas de perfil baixo, frente longa, pára-brisa bem inclinado e os três volumes bem definidos. A frente trazia uma moldura cromada que circulava toda a dianteira, pára-choques reforçados e discretas saias frontais. As portas eram grandes, lembrando nossa linha Corcel, e o vidro lateral tinha uma discreta elevação na linha de cintura. A traseira era conservadora, com lanternas retilíneas e de bom gosto. Com enxutos 920 kg, media 4,10 metros de comprimento, 1,63 m de largura e 1,29 m de altura. Seu entreeixos era de 2,32 m.

O propulsor usado no cupê era o mesmo que vinha no sedã Accord. Tratava-se de uma unidade de 1.751 cm³ de cilindrada, com comando de válvulas no cabeçote, que produzia potência de 73 cv e torque de 13 m.kgf. Essa discreta força chegava às rodas através de uma caixa manual de cinco marchas ou a automática Hondamatic de apenas duas. Na Austrália e no Canadá uma versão mais mansa, com 68 cv e 12,8 m.kgf extraídos de um motor de 1,6 litro, era a mais vendida.

Se o desempenho não entusiasmava (velocidade máxima de 160 km/h), com pneus 175/70-13 e suspensão independente McPherson nas quatro rodas o Prelude era um dos mais estáveis no segmento. Brock Yates foi enfático em seu texto para a revista Motor Trend dos EUA: "O carro, como todo Honda, na minha opinião, encarna uma qualidade de fabricação só superada pela Mercedes-Benz". Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 12/7/08

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade